Petrobras: compra de refinaria deu prejuízo de US$ 1 bi à estatal (Ricardo Moraes/Reuters)
Tucanos defendem que o caso "cabe em qualquer investigação"; PPS acusa governo de esconder informação
A oposição na Câmara dos Deputados vai pedir acesso ao parecer que embasou o voto favorável da presidente Dilma Rousseff à compra de 50% da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras. Com discursos inflamados da tribuna da Casa, os deputados defenderam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o negócio que acabou custando 1,18 bilhão de dólares à estatal e está sob investigação. "Mais do que nunca precisamos de uma CPI", defendeu o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). O caso da compra da refinaria foi revelado por VEJA em 2012.
Conforme reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, em 2006, como ministra-chefe da Casa Civil e presidente do conselho de administração da Petrobras, Dilma apoiou a medida porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho". A aquisição da refinaria já é investigada pela Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público e o Congresso por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. "Está cheirando mal, muito mal esse negócio", declarou Bueno, acusando o governo de "esconder" a informação.
Os tucanos defendem que a Comissão Externa criada para acompanhar as investigações sobre suposto pagamento de propina a funcionários da Petrobras pela empresa holandesa SBM Offshore apure também a compra da refinaria de Pasadena. "Um escândalo desse porte cabe em qualquer investigação", afirmou o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA). Para o líder tucano, denúncias de corrupção e malversação de recursos públicos devem ser objeto de apuração dos deputados.
O pré-candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, cobrou explicações da presidente afirmando que Dilma "não tem o direito de justificar-se apenas dizendo ter sido mal assessorada". "O Brasil aguarda explicações do governo e da Petrobras sobre quais são os critérios utilizados para tomada de decisões de tamanha importância", afirmou o tucano.
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Na tribuna do Senado, o tucano classificou o caso como "extremamente grave". "As explicações são pouco convincentes e é preciso que essa questão seja investigada a fundo", disse Aécio. Para Aécio, a revelação mostra a "irresponsabilidade" das decisões da Petrobras, que, segundo ele, perdeu mais da metade do seu valor patrimonial nos últimos anos. Ele disse que a questão é "ainda mais grave" por envolver Dilma.
Aliados — Apesar dos problemas entre a base e o governo, o vice-presidente Michel Temer saiu em defesa da presidente Dilma. Para Temer, não existe necessidade de o Congresso fazer esse tipo de investigação, uma vez que o caso já está sendo analisado por outras instâncias, como Polícia Federal e Tribunal de Contas da União.
"Esses órgãos já têm os instrumentos necessários para investigar o que acharem importante nesse caso. Não existe a necessidade de abertura da CPI. Até porque se gastaria mais tempo ainda e, no fim do trabalho, tudo seria enviado para que o Ministério Público iniciasse suas apurações. Então, o mais adequado é deixar a continuidade do trabalho que essas instâncias já estão conduzindo", afirmou.
Para Temer, Dilma "mostrou sua coerência" ao reconhecer a existência do problema na compra da refinaria.
A afirmação de Temer foi, praticamente, reproduzida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, horas antes, na saída de uma cerimônia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A senadora e ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR) também ajudou a entoar o coro em defesa de Dilma. "Lamento que a oposição queira se utilizar desses expedientes para desgastar a presidenta.
Na realidade está fazendo entregas importantes ao povo brasileiro e ela vai ser avaliada a respeito disso, como boa gestora", afirmou.
19 de março de 2014
Veja
(Com Estadão Conteúdo)
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