O que está acontecendo, em nível nacional, é uma briga de agentes econômicos importantes pelos recursos do orçamento público. Identifico quatro agentes principais:
1) os rentistas, que vivem do rendimento dos títulos da dívida pública mobiliária federal, entre os quais se situam os bancos e as instituições do mercado financeiro, que defendem a taxa de juros Selic elevada e um robusto superávit primário;
2) o setor produtivo brasileiro, receptor dos financiamentos do BNDES, única instituição financeira brasileira que fornece financiamento de médio e longo prazo para as empresas no Brasil a 5,5% ao ano (os bancos privados nacionais não financiam porcaria nenhuma, só auferem os lucros financeiros de aplicar em títulos da dívida pública federal remunerados pela taxa Selic);
3) os beneficiários das políticas sociais do governo, que recebem o Bolsa Família, são beneficiário do “Minha Casa Minha Vida”, da Caixa Econômica Federal, do FIES (crédito educativo do Banco do Brasil), do “Mais Médicos” etc.
4) a burocracia pública brasileira, valorizada pelos governos do PT de 2003 a 2014.
DESCONTENTAMENTO
A principal razão do descontentamento da elite financeira e midiática que promove a campanha política de desestabilização do governo é o fato de que os recursos que antes eram destinados ao pagamento do serviço da dívida pública, juros e amortizações, proporcionados por altas taxas de juros, deixaram de ser utilizados na remuneração do sistema financeiro e da alta classe média, e passou a ser usado para financiar o investimento do setor empresarial produtivo nacional, por intermédio do BNDES, para custear as políticas sociais de redistribuição da renda, além de estarem sendo usados para valorização da burocracia pública federal.
Devido a isso, a direita neoliberal derrotada nas urnas quer desestabilizar o governo e vencer o pleito no espúrio terceiro turno, além de tutelar a política econômica do partido vencedor da reeleição.
A matriz econômica do primeiro governo Dilma, de juros baixos, câmbio desvalorizado, superávit primário menor e redução do custo da energia, além da desoneração tributária seletiva, não deu os resultados esperados.
Mas é só o governo federal voltar a fazer um robusto superávit primário, com juros altíssimos para restabelecer o rendimento dos setores sociais cujos interesses foram contrariados, e este mesmo governo voltará a ser elogiado pela grande imprensa nacional e internacional.
Os setores que vão sair perdendo, infelizmente, são o empresariado produtivo brasileiro, o povo pobre, beneficiário das políticas sociais, e a burocracia pública federal.
24 de dezembro de 2014
Carlos Frederico Alverga
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