"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 18 de agosto de 2013

"AOS LEÕES!

 
Com o grave atrito entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, perde força a hipótese de o STF acatar os embargos infringentes, que significam recomeçar o julgamento praticamente do zero e a possibilidade de reduzir penas e de trocar o regime fechado por semiaberto em alguns casos, como o de José Dirceu, estrela do processo.
 
Lewandowski errou no conteúdo e Barbosa errou na forma. Um por forçar a barra para reabrir uma questão já decidida e que, reaberta, poderia favorecer Dirceu. O outro por extrapolar na reação.
 
Extrapolou tanto --falando até em "chicana", termo gravíssimo no mundo jurídico-- que deixou uma dúvida: seria estratégia premeditada para mostrar o que pode acontecer no Supremo caso o julgamento não acabe logo e com os culpados na prisão?
 
Se, no segundo dia e analisando embargos declaratórios (que são quase burocráticos), o clima já foi de guerra e de imprudência, imagine-se se o julgamento durar meses e invadir o ano eleitoral analisando embargos infringentes (que podem mudar tudo). O grande derrotado poderia ser a instituição, exposta, dividida e sob a ameaça de os protestos se voltarem contra ela.
 
Há, porém, um novo equilíbrio no plenário e tudo pode acontecer. Na primeira fase do julgamento, Barbosa puxava a maioria, e Lewandowski e Dias Toffoli pareciam isolados. Agora, eles têm reforço dos novatos Teori Zavascki e Luís Barroso.
 
Num balanço informal, três ministros são decididamente contra acatar os infringentes, a começar de Barbosa; quatro são a favor, inclusive Zavascki e Barroso; e quatro não deram pistas sobre seu voto, apesar da sensação de que Cármen Lúcia não apoia começar tudo de novo.
 
São 11 juízes numa arena, diante de decisões dificílimas e acossados por milhões de pessoas que veem o julgamento como um divisor de águas entre o Brasil de antes e de depois do mensalão.

18 de agosto de 2013
Eliane Cantanhede, Folha de São Paulo

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