"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

CPI DO CARF - EX-MINISTROS DE LULA, ERENICE E RONDEAU SE ENROLAM NA OPERAÇÃO ZELOTES

ERENICE ERA A PRINCIPAL AUXILIAR DE DILMA NA CASA CIVIL

BORGES ADMITIU NO DEPOIMENTO QUE SACOU OS R$ 4 MILHÕES DE TRÊS CONTAS DAS EMPRESAS DE CONSULTORIA


Apontado na Operação Zelotes como responsável por sacar dinheiro do esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o motorista Hugo Rodrigues Borges afirmou que a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra mantinha vínculo com um dos escritórios suspeitos de pagar propina a conselheiros do órgão, espécie de "tribunal" que julga casos de grandes contribuintes em débito com a Receita Federal.

Por nove anos, Borges foi uma espécie de "faz-tudo" do advogado José Ricardo da Silva - ex-integrante do Carf, acusado de ser um dos chefes da organização investigada. O auxiliar sacou quase R$ 4 milhões em espécie de contas associadas aos escritórios de consultoria de Silva e de um de seus sócios, o lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como "APS", também alvo da Zelotes.

Em depoimento à CPI do Carf, prestado na última quinta-feira, o motorista contou que Erenice frequentava semanalmente a sede das empresas de Silva, no Lago Sul, em Brasília, acompanhada do ex-ministro de Minas e Energia Silas Roudeau, ligado ao senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-titular da mesma pasta. Questionado, Borges disse que as idas "eram bem frequentes" até que a "sociedade" se desfez, em 2012.

"Eram ele (Roudeau) e a Erenice que frequentavam o escritório lá. Eram várias salas de reuniões, então fechavam as portas", relatou o depoente, que não soube dar detalhes dos assuntos tratados pelos ex-ministros. "Cruzei várias vezes com ela na sala do escritório... era um poço de arrogância."

À CPI, Borges explicou que quando a imprensa começou a rondar o escritório e publicar reportagens sobre as atividades de Erenice após deixar a Casa Civil o grupo resolveu se afastar. José Ricardo, segundo o motorista, não queria ter sua imagem associada à ex-ministra, envolvida em escândalos. "Eles (Roudeau e Erenice) não se importavam muito (com a associação). Quem se importava era o Zé Ricardo", explicou.

Erenice era a principal auxiliar da então chefe da Casa Civil Dilma Rousseff no governo Lula e a substituiu em 2010, quando a petista se lançou candidata à Presidência de República. Deixou o cargo no mesmo ano, após ser acusada de exercer tráfico de influência na pasta.

Após sair do governo, Erenice passou a atuar formalmente como advogada. Um contrato apreendido na Operação Zelotes indica que a ex-ministra se associou a José Ricardo para defender no Carf os interesses da multinacional de telecomunicações Huawei, que questionava débito de R$ 705 milhões com a Receita. Conforme o documento, revelado pela revista Veja, ela receberia 1,5% do valor que conseguisse abater no Fisco.

Borges admitiu no depoimento que sacou os R$ 4 milhões de três contas das empresas de consultoria. Em ao menos três ocasiões, as retiradas foram de R$ 400 mil. O motorista disse que levava as quantias para a sede das empresas, onde eram distribuídas a várias pessoas. À CPI, contudo, alegou não saber identificá-las.

Apesar do vaivém de altas somas de dinheiro, Borges contou que as consultorias viviam em dificuldades financeiras, não raro com as contas de luz, água e telefone "penduradas". "O dinheiro sumia rápido."

'Bocudo'

Procurada pelo jornal O Estado de S. Paulo, Erenice negou ser sócia das consultorias: "Não procede". Ela não quis dar mais informações a respeito, justificando que não fala com a imprensa: "Não é pessoal. Lembre-se sempre disso, tá? É uma definição minha: realmente não falo". A ex-ministra acrescentou apenas que o motorista é "uma pessoa que não merece crédito". "Você me desculpe, mas ele mesmo diz que ninguém o leva a sério porque fala demais."

Ao explicar porque nem sempre os patrões lhe contavam tudo, Borges declarou: "O problema é que falo demais. Se sei de alguma coisa, poderia (sic) contar para um, para outro, e complicaria a situação. Todos sabem que eu era 'bocudo'".

As defesas de José Ricardo e de APS negam que eles participem de esquema de corrupção no Carf. O Estado não localizou o ex-ministro Silas Rondeau ou seus representantes.(AE)



8 de setembro de 2015
diário do poder

Nenhum comentário:

Postar um comentário