No Brasil, o dia seguinte sempre consegue ficar um pouquinho pior do que a véspera. Tome-se as disputas pelos governos estaduais. Em todos os estados, os candidatos até agora apresentados tem ficha ou prontuário pior do que os atuais titulares. Fora os candidatos à reeleição, cujas performances deixam a desejar, ao menos pelos baixos índices de preferência popular nas pesquisas até agora verificadas. Com uma ou outra exceção, é claro.
Vale registrar o que se passa em Brasília. O governador Agnelo Queirós, apesar da intensa propaganda que distribui pelas telinhas e microfones, alcança números sofríveis nas consultas populares, como candidato ao segundo mandato. Também, faz por merecer.
O diabo é quando se olha para seus adversários. Ainda conforme as pesquisas, que nesse caso parecem inexplicáveis, o favorito é o ex-governador José Roberto Arruda, aquele que foi preso no exercício do mandato e cassado.
Antes, como senador, teve de renunciar por haver mentido da tribuna do Senado, envolvido que estava no episódio da violação do painel.
Como governador, chegou a ser filmado recebendo dinheiro em espécie de um aventureiro local. Ficou rico, se já não era antes, está sendo processado, mas, pelo jeito, conseguiu carta de alforria para candidatar-se.
De fato, o companheiro de chapa de Arruda é o também ex-governador Joaquim Roriz, que como senador precisou renunciar para não ser cassado, depois de flagrado recebendo milhões por conta da venda “de uma bezerra” para um empresário local. Fala-se de fato porque, de direito, a candidata é uma de suas filhas, deputada.
Quem celebrou acordo para apoiar a dupla foi o também ex-senador, não renunciante, pois cassado, Luís Estevão, ainda hoje proibido de candidatar-se a qualquer cargo e com ordem de prisão decretada, até agora não cumprida.
Concorrerá ao Senado o antigo suplente de Roriz, atual senador Gim Argelo, líder do PTB, com tanto orgulho de integrar a quadrilha que, na sombra, disputa uma vaga no Tribunal de Contas da União, caso a presidente Dilma ceda aos seus apelos.
Haveria concorrente para Agnelo, de um lado, e Arruda, de outro? Bem que o PSOL, o PSB, o PDT e penduricalhos buscam uma alternativa salutar, mas até agora inviável.
Na periferia do Plano Piloto, maior contingente eleitoral de Brasília, tem-se como certa a vitória de um dos dois candidatos referidos, o atual e o antecessor.
Com todo o respeito ao processo democrático, dá vontade de voltar aos tempos em que o Distrito Federal não tinha governador, nem Câmara Distrital, nem representação no Congresso, mas apenas um prefeito nomeado pelo presidente da República…
12 de março de 2014
Carlos Chagas
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