Lembrando Malcolm X Cinquenta Anos Depois
Faz exatamente cinquenta anos que o homem mais conhecido como Malcolm X foi assassinado por um esquadrão da morte da Nation of Islam (Nação do Islã NoI em inglês), quando proferia um discurso na região norte do Harlem, em Nova Iorque.
Originalmente registrado como Malcolm Little em Omaha em 19 de maio de 1925, pai pastor da Igreja Batista, mãe das Antilhas, ambos politicamente engajados, viveu nas ruas de diversas cidades na região oriental dos Estados Unidos até ser preso em fevereiro de 1946, e um ano depois iniciou seu programa de auto-educação.
Ele tomou conhecimento do NoI através de seu irmão por volta de abril de 1948 juntando-se ao grupo no final daquele ano. Três semanas após ser solto da prisão em 1952, ele se encontrou com Elijah Muhammad, líder do NoI e celebrou sua nova identidade livrando-se de seu "nome de escravo" em favor de Malcolm X.
A partir de 1953 ele se dedicou, em tempo integral, a construir a Nação do Islã. Em uma experiência reveladora, ele viajou para o Oriente Médio em 1959, começando a partir daí a praticar o islamismo tradicional se tornando mais avesso à NoI, culminando na mudança de seu nome para El-Hajj Malik El-Shabazz, rompendo com a NoI em março de 1964 quando iniciou um novo movimento, a Muslim Mosque, Inc. participou da peregrinação à cidade de Meca um mês depois, seguida por outras viagens pelo Oriente Médio e África. Indignado pelo que ele entendia ser uma traição de Malcolm X, Elijah Muhammad mandou matá-lo em 21 de fevereiro de 1965, ao que tudo indica sob a supervisão de Louis Farrakhan. Se ainda estivesse vivo, Malcolm X estaria perto dos 90 anos de idade.
Como avaliar o legado de Malcolm X nesse 50º aniversário? Aplicado nos estudos, político inato e excelente orador, bem como uma personalidade política única, ele desempenhou um papel importantíssimo tanto na conversão em larga escala de afro-americanos ao islamismo nas variantes tanto da NoI como nas tradicionais (sua Autobiografia continua a ser citada como inspiração, de suma importância, para se tornar muçulmano) e para a evolução do nacionalismo negro, uma forma mais moderada da sua solução preferida dos negros deixarem os Estados Unidos e construírem seu próprio país.
Sua memória permanece viva, e graças ao filme de Spike Lee sobre ele, a emissão de um selo postal em sua homenagem e outros símbolos de ampla aceitação, ele se tornou uma figura anódina.
A seguir, como a NBC News o retrata hoje, dia do aniversário: "quando da sua morte o líder muçulmano já tinha moderado sua mensagem militante de separatismo e orgulho negro, mas ainda assim era um defensor apaixonado da unidade negra, amor próprio e autoconfiança".
Malcolm X porém era tudo, menos alguém inserido na corrente predominante e o passar de meio século não deverá amainar as atitudes em relação a ele. Até o fim ele continuou sendo radical, polarizado, preconceituoso, duble perverso de Martin Luther King. Para respaldar essa descrição, é bom lembrar de duas declarações notórias.
A primeira é de 1º de dezembro de 1963, logo após o assassinato de John F. Kennedy, quando Malcolm X reagiu com o seguinte comentário: "sendo eu um menino da fazenda, como se diz, aqui se faz, aqui se paga, nunca me deixou triste, sempre me deixou contente".
A segunda ocorreu durante uma reunião com a Ku Klux Klan (por si só revelador quanto ao seu extremismo) que tinha como objetivo conquistar o apoio para o projeto separatista negro da NoI. De acordo com um relatório do FBI, Malcolm X assegurou aos homens da Ku-Klux-Klan que os judeus estavam por trás do movimento de integração que ambos detestavam.
Joshua Muravchik conclui com base nesse incidente que Malcolm X "era um grande antissemita tanto na vida pública quanto na vida privada".
Malcolm X deveria ser lembrado, com mais precisão, como o extremista que era. (21 de fevereiro de 2015)
Adendo de 21 de fevereiro de 2015: Há outro membro da Nação do Islã cujo apogeu também se deu há cinquenta anos, que se deleita na adulação da corrente predominante nos dias de hoje, alguém com um nível pessoal bem mais chocante do que o de Malcolm X.
Trata-se do ex-boxeador Muhammad Ali. Redigi dois textos a seu respeito por ocasião da homenagem na qual recebeu uma prestigiosa condecoração de George W. Bush, aqui e aqui.
http://pt.danielpipes.org/blog/2015/02/malcolm-x-cinquenta-anos
Original em inglês: Remembering Malcolm X Fifty Years Later
Tradução: Joseph Skilnik
Originalmente registrado como Malcolm Little em Omaha em 19 de maio de 1925, pai pastor da Igreja Batista, mãe das Antilhas, ambos politicamente engajados, viveu nas ruas de diversas cidades na região oriental dos Estados Unidos até ser preso em fevereiro de 1946, e um ano depois iniciou seu programa de auto-educação.
Ele tomou conhecimento do NoI através de seu irmão por volta de abril de 1948 juntando-se ao grupo no final daquele ano. Três semanas após ser solto da prisão em 1952, ele se encontrou com Elijah Muhammad, líder do NoI e celebrou sua nova identidade livrando-se de seu "nome de escravo" em favor de Malcolm X.
A partir de 1953 ele se dedicou, em tempo integral, a construir a Nação do Islã. Em uma experiência reveladora, ele viajou para o Oriente Médio em 1959, começando a partir daí a praticar o islamismo tradicional se tornando mais avesso à NoI, culminando na mudança de seu nome para El-Hajj Malik El-Shabazz, rompendo com a NoI em março de 1964 quando iniciou um novo movimento, a Muslim Mosque, Inc. participou da peregrinação à cidade de Meca um mês depois, seguida por outras viagens pelo Oriente Médio e África. Indignado pelo que ele entendia ser uma traição de Malcolm X, Elijah Muhammad mandou matá-lo em 21 de fevereiro de 1965, ao que tudo indica sob a supervisão de Louis Farrakhan. Se ainda estivesse vivo, Malcolm X estaria perto dos 90 anos de idade.
Selos postais de 1999 em sua homenagem simbolizam a aceitação pelo establishment de Malcolm X (1925 - 1965).
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Como avaliar o legado de Malcolm X nesse 50º aniversário? Aplicado nos estudos, político inato e excelente orador, bem como uma personalidade política única, ele desempenhou um papel importantíssimo tanto na conversão em larga escala de afro-americanos ao islamismo nas variantes tanto da NoI como nas tradicionais (sua Autobiografia continua a ser citada como inspiração, de suma importância, para se tornar muçulmano) e para a evolução do nacionalismo negro, uma forma mais moderada da sua solução preferida dos negros deixarem os Estados Unidos e construírem seu próprio país.
Sua memória permanece viva, e graças ao filme de Spike Lee sobre ele, a emissão de um selo postal em sua homenagem e outros símbolos de ampla aceitação, ele se tornou uma figura anódina.
A seguir, como a NBC News o retrata hoje, dia do aniversário: "quando da sua morte o líder muçulmano já tinha moderado sua mensagem militante de separatismo e orgulho negro, mas ainda assim era um defensor apaixonado da unidade negra, amor próprio e autoconfiança".
O filme de Spike Lee construiu o mito Malcolm X.
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Malcolm X porém era tudo, menos alguém inserido na corrente predominante e o passar de meio século não deverá amainar as atitudes em relação a ele. Até o fim ele continuou sendo radical, polarizado, preconceituoso, duble perverso de Martin Luther King. Para respaldar essa descrição, é bom lembrar de duas declarações notórias.
A primeira é de 1º de dezembro de 1963, logo após o assassinato de John F. Kennedy, quando Malcolm X reagiu com o seguinte comentário: "sendo eu um menino da fazenda, como se diz, aqui se faz, aqui se paga, nunca me deixou triste, sempre me deixou contente".
A segunda ocorreu durante uma reunião com a Ku Klux Klan (por si só revelador quanto ao seu extremismo) que tinha como objetivo conquistar o apoio para o projeto separatista negro da NoI. De acordo com um relatório do FBI, Malcolm X assegurou aos homens da Ku-Klux-Klan que os judeus estavam por trás do movimento de integração que ambos detestavam.
Joshua Muravchik conclui com base nesse incidente que Malcolm X "era um grande antissemita tanto na vida pública quanto na vida privada".
Malcolm X deveria ser lembrado, com mais precisão, como o extremista que era. (21 de fevereiro de 2015)
Adendo de 21 de fevereiro de 2015: Há outro membro da Nação do Islã cujo apogeu também se deu há cinquenta anos, que se deleita na adulação da corrente predominante nos dias de hoje, alguém com um nível pessoal bem mais chocante do que o de Malcolm X.
Trata-se do ex-boxeador Muhammad Ali. Redigi dois textos a seu respeito por ocasião da homenagem na qual recebeu uma prestigiosa condecoração de George W. Bush, aqui e aqui.
Original em inglês: Remembering Malcolm X Fifty Years Later
Tradução: Joseph Skilnik
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