"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

ERA UMA VEZ...

Era uma vez…

Assim começam as histórias da Carochinha. Jamais o professor Marco Antonio Villa começaria um livro assim. Como não sou historiador nem jornalista, não só começo dessa maneira como emendo: “em um reino distante da civilização…”.

Pronto: falamos do Brasil. Nesta estranha terra, havia um advogado que não advogava. Que era consultor econômico sem nunca ter lido um manual de contabilidade. Que se dizia especialista em política e jamais citou um autor de sociologia política. Como a terra era única em suas idiossincrasias, era o consultor de maior sucesso na história desta terra.

Também não se conheciam os clientes do consultor. Nem mesmo o que era ofertado como serviço. Mas era caro. Muito caro.

Quis o destino que o consultor-mor fosse parar no xilindró. Não estava preso pelas consultorias, mas pelos serviços prestados (e ele mesmo e alguns amigos) antes da fase empresarial.

Vendo o sol nascer quadrado, usou da lei para se candidatar a trabalhar fora dos muros da prisão.
Os advogados do consultor-fantasma já estavam preparados para o pedido do benefício. O reino da mediocridade imperial se perguntava: saberemos enfim o que faz o consultor? De que vive? Que tipo de trabalho presta?

E veio a surpresa. O fim do mundo não é fim, o limite é ilimitado e o poço nunca tem fundo, só início para outro poço.

O consultor trabalhava em hotel! Era tão claro e nunca percebemos. Os escritórios e gabinetes quando o consultor-de-qualquer-coisa trabalhava foram transferidos para quartos de hotel. Nada mais justo que o retorno ao habitat natural.
Seria maître, recepcionista, mensageiro ou camareiro? Certamente não. As profissões honestas nunca ganharam o que o consultor fake ganhou.

O consultor-condenado vai trabalhar NO HOTEL e não PARA o hotel. Localização privilegiada: ao lado do Congresso, da Esplanada dos Ministros e do Palácio do Planalto.

O consultor-bolivariano não sente vergonha. Nunca sentiu. A seu (dele) favor é preciso que se diga: age às claras. Sem nunca se importar com miudezas como honestidade, decência e um mínimo de vergonha na cara!

O consultor-de-era-da-mediocridade, bandido condenado, capitão de um time de batedores de carteira, chefe dos trombadinhas, o orgulhoso ladrão que se assume com tal, encontrou a saída da cadeia: um HOTEL.

O pedido é um escárnio. A sentença transformou-se em hospedagem. Fará no hotel o que sempre fez. Continuará cometendo os crimes que o levaram para trás das grades.

No país dos escadinhas ─ o Brasil deles ─ a terra encantada transforma presídio em hotel e bandidos condenados em bandidos em atuação.
Era uma vez…

28 de novembro de 2013
REYNALDO ROCHA

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