A obra foi executada pelo Consórcio CNCC, controlado pela Camargo Corrêa, no valor de R$ 3,4 bilhões. Segundo o documento, o superfaturamento alcançou 16% do valor final do contrato.”Diante da possibilidade de um superfaturamento dessa monta, não se pode cogitar que toda a rentabilidade do CNCC se restringe ao lucro de 9,96% explicitados na proposta comercial”, observa o parecer em referência à estimativa de lucro apresentada pela CNCC durante a licitação.
Coqueamento retardado é um processo térmico utilizado em refinarias de petróleo. O processo é importante especialmente para óleos pesados. As obras da Abreu e Lima são alvo cental da Lava Jato, que desvendou grande esquema de lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobrás.
“A relação entre a receita e os custos (rentabilidade) pode alcançar um patamar de quase 26%, dos quais 16% de forma irregular”, assinala o engenheiro Rafael Martins, assistente técnico do Ministério Público Federal.
PERÍCIA CRIMINAL
Martins emitiu parecer técnico sobre laudo de perícia criminal da Polícia Federal. O documento faz parte dos autos da Operação Lava Jato.
“Valendo-se de metodologias consolidadas da engenharia de custos e de atuações técnicas do Tribunal de Contas da União (TCU), vislumbrou-se um superfaturamento de até R$ 613,25 milhões, 16% do valor final do contrato”, cravou o engenheiro do MPF.
O assistente técnico anota que “o valor estimado de superfaturamento nessa obra específica era inferior e já fazia menção ao pagamento não justificado de R$ 38 milhões para a Sanko-Sider e Sanko Serviços”.
As empresas do Grupo Sanko são fornecedoras de tubos e serviços para o consórcio, que, segundo o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, serviu para alimentar as propinas pagas a políticos do PT, PMDB e PP.
A ACUSAÇÃO
Na quarta-feira, 8, em depoimento a Justiça Federal, em Curitiba, o ex-diretor da Petrobrás e o doleiro confessaram que operavam um esquema de superfaturamento de contratos, pagamento de propina por empresas que em cartel dividiam os pagamentos e serviços da estatal, lavagem de dinheiro e caixa 2 nas obras da Refinaria Abreu e Lima.
Segundo eles, no caso do Consórcio CNCC, o contrato de R$ 3,4 bilhões rendia R$ 34 milhões em propina ao PP, segundo contou Youssef em detalhes. As propinas eram pagas também nos contratos de outras diretorias. Ao todo, a lavanderia alvo da Lava Jato movimentou mais de R$ 10 bilhões em recursos.
14 de outubro de 2014
Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Mateus Coutinho
Estadão
Estadão
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