Há comportamentos que foram abonados em determinada época, mas o tempo se encarregou de deixá-los relegados no passado. É o caso da escravidão. Nos séculos 16, 17, 18 e 19, aceitava-se com naturalidade submeter negros e índios a trabalhos forçados. Até a Igreja abençoava o comércio de seres humanos.
É o caso também do racismo. Discriminar pessoas baseado na cor da pele soa tão anacrônico quanto esconder familiares com alguma deficiência física ou mental, aceitar o trabalho infantil, considerar a mulher ser inferior e, por isso, incapaz de exercer cargos de direção ou indigna de receber salário equivalente ao dos homens quando exercem a mesma função.
A homofobia não fica atrás. Recusar o direito de a pessoa seguir a tendência sexual constitui violência rejeitada pela contemporaneidade. Vale o exemplo da resposta popular à fala homofóbica do então presidenciável Levy Fidélix: "Dois iguais não fazem filhos. Me desculpe, mas o aparelho excretor não reproduz". O candidato do PRTB se tornou símbolo do atraso, da intolerância e da incapacidade de convivência harmoniosa na sociedade.
No século 21, a intolerância tem cada vez menos espaço. Como explicar que alguém se sinta no direito de agredir cidadãos sentados à mesa de um bar pelo simples fato de pertencerem a este ou àquele sexo? Ou atacar pessoas na rua por julgá-las indignas de respirar o mesmo ar que ele? Quem não aceita as diferenças se imagina superior às demais criaturas. Pior: pressupõe que tem direito de exterminar o outro.
A campanha eleitoral mostrou candidatos que ainda vivem na Idade Média. Alguns foram eleitos por hastearem a bandeira da intolerância. É lamentável. Eles, porém, representam parcela da sociedade que se quer ver no parlamento. O caminho escolhido está correto. Não é com agressões físicas ou verbais que se impõem ideias, mas com debates democráticos em que vence a maioria.
Manifestações homofóbicas não são exclusividade desta ou daquela cidade, desta ou daquela unidade da Federação. Homens e mulheres sofrem agressões e, não raro, perdem a vida por intolerância de quem não tem condições de conviver em sociedade plural. A ignorância os impede de enxergar um palmo além do nariz. Se ampliarem o campo de visão, verão que a caminhada da humanidade prossegue - quer eles queiram, quer não.
14 de outubro de 2014
Editorial Correio Braziliense
É o caso também do racismo. Discriminar pessoas baseado na cor da pele soa tão anacrônico quanto esconder familiares com alguma deficiência física ou mental, aceitar o trabalho infantil, considerar a mulher ser inferior e, por isso, incapaz de exercer cargos de direção ou indigna de receber salário equivalente ao dos homens quando exercem a mesma função.
A homofobia não fica atrás. Recusar o direito de a pessoa seguir a tendência sexual constitui violência rejeitada pela contemporaneidade. Vale o exemplo da resposta popular à fala homofóbica do então presidenciável Levy Fidélix: "Dois iguais não fazem filhos. Me desculpe, mas o aparelho excretor não reproduz". O candidato do PRTB se tornou símbolo do atraso, da intolerância e da incapacidade de convivência harmoniosa na sociedade.
No século 21, a intolerância tem cada vez menos espaço. Como explicar que alguém se sinta no direito de agredir cidadãos sentados à mesa de um bar pelo simples fato de pertencerem a este ou àquele sexo? Ou atacar pessoas na rua por julgá-las indignas de respirar o mesmo ar que ele? Quem não aceita as diferenças se imagina superior às demais criaturas. Pior: pressupõe que tem direito de exterminar o outro.
A campanha eleitoral mostrou candidatos que ainda vivem na Idade Média. Alguns foram eleitos por hastearem a bandeira da intolerância. É lamentável. Eles, porém, representam parcela da sociedade que se quer ver no parlamento. O caminho escolhido está correto. Não é com agressões físicas ou verbais que se impõem ideias, mas com debates democráticos em que vence a maioria.
Manifestações homofóbicas não são exclusividade desta ou daquela cidade, desta ou daquela unidade da Federação. Homens e mulheres sofrem agressões e, não raro, perdem a vida por intolerância de quem não tem condições de conviver em sociedade plural. A ignorância os impede de enxergar um palmo além do nariz. Se ampliarem o campo de visão, verão que a caminhada da humanidade prossegue - quer eles queiram, quer não.
14 de outubro de 2014
Editorial Correio Braziliense
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