O debate ainda não chegou à superfície, mas dirigentes (e militantes) estão pelas tampas com o partido.
O aborrecimento não é somente com aqueles que se renderam às más práticas. A cara está amarrada também com quem não impediu que o antipetismo chegasse às camadas mais pobres do eleitorado.
A imagem da legenda ficou turva em São Paulo. Nem no ABC, berço histórico do Lulismo, houve desempenho satisfatório. Dilma Rousseff ficou atrás de Aécio Neves em cidades como São Bernardo do Campo, onde mora e se forjou o ex-presidente da República Lula.
São Paulo virou um “case” a ser estudado. O problema é que não há tempo para isso. Melhor definir a ofensiva para vencer o segundo turno agora e deixar o “case” para depois. Em SP, pesquisas internas mostram razões objetivas para o desempenho sofrível da sigla: situação da economia, corrupção e a impopularidade do prefeito Fernando Haddad.
GRANDE SURPRESA
No comitê de Dilma, a surpresa foi grande com o placar do primeiro turno. Tanto que, desde domingo passado, em todo tempo livre a presidente e a equipe estão literalmente enfurnados no Palácio da Alvorada tentando decidir o que fazer, onde atacar.
Em 2006, quando o tucano Geraldo Alckmin chegou ao segundo turno com uma pequena diferença para Lula (assim como ocorreu agora entre Aécio e Dilma), o então candidato à reeleição reuniu uma verdadeira tropa de apoiadores menos de 24 horas depois da divulgação do resultado do primeiro turno. Em seguida, após uma foto simbólica, todos foram para as ruas atrás de votos.
A campanha de Dilma também quebra cabeça para entender como uma mandatária que procurou se mostrar intolerante ao malfeito foi tão castigada com a agenda ética no maior colégio eleitoral do país. Talvez a resposta esteja no funcionamento de sua própria administração.
Alguns aliados descartados na faxina de 2011 voltaram, por exemplo, aos gabinetes da Esplanada em nome da governabilidade.
NO ANDAR DE BAIXO
Mas ninguém pode alegar que os desafios do PT só se tornaram conhecidos agora. É bom lembrar que o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) foi malhado meses atrás pelos companheiros quando afirmou, na Folha, que a imagem de partido corrupto estava chegando ao andar de baixo da sociedade.
Este será o debate pós-eleição. Se Dilma vencer, o processo de depuração e resgate do PT profundo será mais suave. Se perder, haverá uma verdadeira sessão de descarrego, com estrelinhas voando por todos os lados.
14 de outubro de 2014
Natuza Nery
Folha
O aborrecimento não é somente com aqueles que se renderam às más práticas. A cara está amarrada também com quem não impediu que o antipetismo chegasse às camadas mais pobres do eleitorado.
A imagem da legenda ficou turva em São Paulo. Nem no ABC, berço histórico do Lulismo, houve desempenho satisfatório. Dilma Rousseff ficou atrás de Aécio Neves em cidades como São Bernardo do Campo, onde mora e se forjou o ex-presidente da República Lula.
São Paulo virou um “case” a ser estudado. O problema é que não há tempo para isso. Melhor definir a ofensiva para vencer o segundo turno agora e deixar o “case” para depois. Em SP, pesquisas internas mostram razões objetivas para o desempenho sofrível da sigla: situação da economia, corrupção e a impopularidade do prefeito Fernando Haddad.
GRANDE SURPRESA
No comitê de Dilma, a surpresa foi grande com o placar do primeiro turno. Tanto que, desde domingo passado, em todo tempo livre a presidente e a equipe estão literalmente enfurnados no Palácio da Alvorada tentando decidir o que fazer, onde atacar.
Em 2006, quando o tucano Geraldo Alckmin chegou ao segundo turno com uma pequena diferença para Lula (assim como ocorreu agora entre Aécio e Dilma), o então candidato à reeleição reuniu uma verdadeira tropa de apoiadores menos de 24 horas depois da divulgação do resultado do primeiro turno. Em seguida, após uma foto simbólica, todos foram para as ruas atrás de votos.
A campanha de Dilma também quebra cabeça para entender como uma mandatária que procurou se mostrar intolerante ao malfeito foi tão castigada com a agenda ética no maior colégio eleitoral do país. Talvez a resposta esteja no funcionamento de sua própria administração.
Alguns aliados descartados na faxina de 2011 voltaram, por exemplo, aos gabinetes da Esplanada em nome da governabilidade.
NO ANDAR DE BAIXO
Mas ninguém pode alegar que os desafios do PT só se tornaram conhecidos agora. É bom lembrar que o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) foi malhado meses atrás pelos companheiros quando afirmou, na Folha, que a imagem de partido corrupto estava chegando ao andar de baixo da sociedade.
Este será o debate pós-eleição. Se Dilma vencer, o processo de depuração e resgate do PT profundo será mais suave. Se perder, haverá uma verdadeira sessão de descarrego, com estrelinhas voando por todos os lados.
14 de outubro de 2014
Natuza Nery
Folha
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