A sonda indiana que ingressou na órbita de Marte no mês passado já entrou em operação, com as primeiras análises da atmosfera do planeta em busca de metano, gás ligado à atividade biológica.
A Índia torna-se, assim, o primeiro país asiático a realizar tal feito. Não é pouco. Basta dizer que China e Japão tentaram, sem sucesso, chegar ao planeta vermelho.
Batizada de Mangalyaan (nave marciana, em sânscrito), a missão impressiona também pelo custo: US$ 74 milhões, quantia modesta nos padrões astronáuticos. A missão americana que alcançou Marte recentemente, se bem que mais complexa, custou US$ 671 milhões.
Importante em si, o feito da Índia amplia ainda mais o prestígio do programa espacial do país. Desde 1963, produziu 74 satélites para diversas aplicações, fez 41 lançamentos de três tipos de foguete e pôs duas sondas na órbita da Lua.
Vale comparar com o programa brasileiro. Embora remonte à mesma época, apresenta trajetória bastante diferente: desenvolveu apenas cinco satélites --dois deles em parceria com a China-- e um microssatélite. Além disso, os artefatos só foram enviados ao espaço graças à ajuda de outros países.
São conhecidas as explicações para o fraco desempenho brasileiro. Primeiro, faltam recursos. Consideradas todas as ações do Programa Nacional de Atividades Espaciais, o Brasil investiu US$ 2,7 bilhões de 1980 a 2011; a Índia destina para esse fim mais de US$ 1 bilhão ao ano --quantia decerto exorbitante para uma nação com gravíssimos problemas sociais.
Além do fator financeiro, não há uma gestão na área com foco em metas e resultados e existe baixo grau de integração com a indústria nacional. Este ponto é decisivo.
Do ponto de vista pragmático, o investimento na corrida espacial se justifica pelo que pode resultar em termos de desenvolvimento da indústria de ponta. Inúmeros avanços tecnológicos tomaram impulso nas pesquisas feitas pela Nasa, a agência espacial norte-americana --da palmilha dos calçados à telecomunicação por satélite.
Há, ademais, uma questão acessória: sucessos nessa área proporcionam projeção internacional, relevante para nações que, como a brasileira, ambicionam exercer maior influência global.
Não são poucas as razões para o Brasil melhorar nessa disputa, que inclui mais de 70 nações. Do contrário, corre o risco de, passe o trocadilho, ficar a ver estrelas.
A Índia torna-se, assim, o primeiro país asiático a realizar tal feito. Não é pouco. Basta dizer que China e Japão tentaram, sem sucesso, chegar ao planeta vermelho.
Batizada de Mangalyaan (nave marciana, em sânscrito), a missão impressiona também pelo custo: US$ 74 milhões, quantia modesta nos padrões astronáuticos. A missão americana que alcançou Marte recentemente, se bem que mais complexa, custou US$ 671 milhões.
Importante em si, o feito da Índia amplia ainda mais o prestígio do programa espacial do país. Desde 1963, produziu 74 satélites para diversas aplicações, fez 41 lançamentos de três tipos de foguete e pôs duas sondas na órbita da Lua.
Vale comparar com o programa brasileiro. Embora remonte à mesma época, apresenta trajetória bastante diferente: desenvolveu apenas cinco satélites --dois deles em parceria com a China-- e um microssatélite. Além disso, os artefatos só foram enviados ao espaço graças à ajuda de outros países.
São conhecidas as explicações para o fraco desempenho brasileiro. Primeiro, faltam recursos. Consideradas todas as ações do Programa Nacional de Atividades Espaciais, o Brasil investiu US$ 2,7 bilhões de 1980 a 2011; a Índia destina para esse fim mais de US$ 1 bilhão ao ano --quantia decerto exorbitante para uma nação com gravíssimos problemas sociais.
Além do fator financeiro, não há uma gestão na área com foco em metas e resultados e existe baixo grau de integração com a indústria nacional. Este ponto é decisivo.
Do ponto de vista pragmático, o investimento na corrida espacial se justifica pelo que pode resultar em termos de desenvolvimento da indústria de ponta. Inúmeros avanços tecnológicos tomaram impulso nas pesquisas feitas pela Nasa, a agência espacial norte-americana --da palmilha dos calçados à telecomunicação por satélite.
Há, ademais, uma questão acessória: sucessos nessa área proporcionam projeção internacional, relevante para nações que, como a brasileira, ambicionam exercer maior influência global.
Não são poucas as razões para o Brasil melhorar nessa disputa, que inclui mais de 70 nações. Do contrário, corre o risco de, passe o trocadilho, ficar a ver estrelas.
14 de outubro de 2014
Editorial Folha de SP
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