No dia 13 de agosto uma tragédia alteraria por completo a disputa para a presidência da República. O acidente do avião que conduzia Eduardo Campos à cidade de Santos interrompia uma das mais promissoras figuras da política brasileira.
Marina Silva, que até aquele momento era a vice, assume a candidatura no lugar do ex-governador pernambucano e se transforma na principal protagonista da corrida eleitoral.
Aécio que pontuava em segundo lugar nas pesquisas de opinião e com boas chances de chegar ao segundo turno, via sua candidatura derreter e observava sua concorrente do PSB encostar em Dilma Rousseff.
O senador passou a conviver com o seu setembro negro, onde a cada pesquisa descia ladeira abaixo o interesse dos eleitores por sua candidatura.
Aécio resistia, quase que solitariamente. Companheiros de partido não escondiam o desprezo político pela candidatura do tucano.
Aliados do PSDB e candidatos a deputado, a senador e aos governos dos Estados, escondiam o nome de Aécio nas suas propagandas.
Apoiadores espertalhões chegaram a sugerir a desistência de Aécio em benefício da candidata Marina Silva.
O argumento fajuto era de que para derrotar o PT valia tudo, até humilhar o senador mineiro com a sua desistência da corrida presidencial.
Aécio resistia, sem perder a classe.
Mantinha o equilíbrio e a compostura. Jamais se ouviu uma palavra mal colocada do candidato contra seus companheiros de partido ou algum lamento. Servidores comissionados da administração direta e indireta, aqueles tipinhos espevitados e obsequiosos, de competência duvidosa, que vivem às custas das benesses do erário do Estado mineiro ameaçavam abandonar o barco das candidaturas do PSDB e sequer citavam os nomes de Aécio Neves e Pimenta da Veiga em público.
A maioria deles é aquela gente que circula no entorno do poder e que a ele costuma fazer a corte, a se desmanchar em elogios e a se agachar por interesses menores. Na frouxidão dos seus atos passaram a se auto-intitular simples técnicos e neutros politicamente.
Poucos foram os que permaneceram ao lado do candidato do PSDB: a família de Aécio, os amigos de todas as horas, alguns correligionários do partido e dos aliados, servidores leais, blogueiros compromissados com a democracia, a turma firme e fiel das redes sociais e uma grande parcela da militância que acreditava na superação dessa fase desfavorável.
Solitário, mas sempre mantendo a dignidade, Aécio Neves dizia que seu telefone havia parado de tocar. “Sem problema”, enfatizava Aécio. “Eles não me ligam mas eu continuo ligando”. Passado o luto pela morte de Eduardo Campos, concorrendo com os ataques de Dilma Rousseff contra Marina Silva e as inconsistências do seu programa de governo, tudo isso apontava para a fragilidade eleitoral da candidata.
Aécio, que nunca deixou de acreditar na sua candidatura continuava firme, solitário, correndo o país como se a sua candidatura voasse em céu de brigadeiro. Aos poucos o eleitor foi conhecendo as ideias do senador mineiro, o seu compromisso com a mudança e com a segurança institucional e principalmente com o seu apego à consolidação democrática.
As pesquisas começaram a informar que Aécio estava crescendo, com consistência, em todas as faixas do eleitorado. Contra tudo e contra quase todos, Aécio desmoraliza os institutos de pesquisa, supera os ataques maldosos do lulopetismo raivoso e chega ao segundo turno, apenas 8 pontos de diferença da candidata oficial.
Hoje, suas chances de se eleger presidente da República nunca estiveram tão próximas de acontecer. E, se for o caso, o mérito é de Aécio Neves. E que ninguém se atreva a tirar esse mérito do neto de Tancredo Neves, porque nessa hora não faltarão pais para a criança.
14 de outubro de 2014
Nilson Borges Filho,é mestre, doutor e pós-doutor em direito
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