O documento lido pelo candidato do PSDB Aécio Neves em Pernambuco, onde recebeu o apoio da família Campos e do PSB regional, é um roteiro combinado com o grupo da ex-candidata Marina Silva para abrir caminho para sua adesão à candidatura do tucano.
14 de agosto de 2014
Merval Pereira, O Globo
No texto, foi ressaltado todo um conjunto de ações sociais desencadeadas pelo PSDB quando esteve no governo, desde a universalização do acesso ao ensino fundamental e a criação do Fundef, que financia o ensino, até a adoção da educação em tempo integral para os alunos do fundamental.
O PSDB decidiu responder aos ataques do PT de que é um partido elitista enumerando diversos pontos de sua agenda social, o que facilita a ênfase no espírito da social democracia pedida por Marina.
Um programa eleitoral com essa ação histórica do PSDB está sendo preparado para rebater as críticas dos petistas. Aécio ressaltou que foi no governo tucano que na prática se instalou o SUS, surgiram os genéricos e a entrega gratuita de medicamentos aos mais pobres para a construção de um Estado de bem estar social.
O candidato tucano lembrou que foi a partir de 1994 que se inaugurou uma política de aumento real dos salários mínimos, transformada em lei mais tarde, aumentando os benefícios da Previdência. também foram aumentados.
A certa altura Aécio ressaltou que foi com os governos tucanos que se generalizaram as políticas de transferência direta de renda, as bolsas, assim como o Benefício de Prestação Continuada, que garante renda mínima de um salário mínimo para idosos e pessoas com deficiência.
E reforçou que foram os tucanos que criaram o Ministério da Reforma Agrária, o Programa Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF) e assentaram cerca de 500 mil famílias, afirmando que a reforma agrária precisa ser retomada com seriedade e prioridade.
De todos os pontos destacados pelo grupo de Marina Silva, o fim da maioridade penal foi apenas tangenciado, e mesmo assim com sinalizações de que a política de um futuro governo do PSDB levará em conta que os jovens não devem ser tratados apenas com punições.
Está aberto o caminho para a chegada de Marina Silva.
O desafio dos candidatos.
O professor Cesar Romero Jacob, da PUC do Rio, especialista em análises eleitorais a partir da divisão geográfica dos votos, destaca que a cada década tivemos um desafio, e hoje nenhum dos candidatos está conseguindo decifrar qual o desafio desta década. Quem interpretou corretamente esse desafio levou a eleição nas vezes anteriores, comenta Romero Jacob.
Na década de 1980, o desafio era o político, transitar da ditadura para a democracia. Ali havia uma palavra de ordem fácil de entender: diretas-já. Nos anos 90 o desafio era outro, acabar com a inflação.
Sobretudo depois que o Plano Real consegue acabar com a inflação, ficou fácil compreender o desafio. “Esses são temas que permeiam todos os grupos sociais, e é o elemento de unificação dos diversos segmentos”, destaca o professor da PUC.
No ano 2000, tivemos a questão da inclusão social, que se materializou no Bolsa Família. Em todos esses anos tivemos intérpretes desses momentos que acabaram catalizando os anseios da sociedade, fossem Fernando Henrique Cardoso pelo PSDB e Lula pelo PT.
Hoje, diz Romero Jacob, a divisão é socioeconômica e não geográfica. A divisão de votos por classes mostra Aécio muito bem nas classes A e B, a Dilma muito bem nas classes D e E, e a classe C é a que reproduz essa divisão nacional e pode, segundo ele, decidir a eleição para um lado ou para o outro.
Hoje ainda não há uma palavra de ordem que congregue todos os setores da sociedade, o que há são demandas segmentadas, constata Romero Jacob.
As classes A e B estão preocupadas com a ética na política, uma agenda moral e mais o tema do crescimento da economia.
As classes D e E não têm uma agenda moral, a preocupação delas é a preservação do Bolsa Família. E a classe C “de certo modo será a chave para que o candidato leve uma palavra de ordem comum”.
Das manifestações públicas do ano passado até hoje, a diferença entre o padrão Fifa e o que existe no Brasil nos serviços públicos é o que unifica as classes, diz ele.
As classes A e B já desistiram de uma educação pública de qualidade, vão para as escolas privadas, ou uma saúde de qualidade, vão para os planos de saúde, ou um transporte público de qualidade, andam de carro.
Já a classe C precisa dos serviços públicos de qualidade para poder manter seu padrão de vida, e as classes D e E dependem deles para trabalhar e sobreviver.
O PSDB decidiu responder aos ataques do PT de que é um partido elitista enumerando diversos pontos de sua agenda social, o que facilita a ênfase no espírito da social democracia pedida por Marina.
Um programa eleitoral com essa ação histórica do PSDB está sendo preparado para rebater as críticas dos petistas. Aécio ressaltou que foi no governo tucano que na prática se instalou o SUS, surgiram os genéricos e a entrega gratuita de medicamentos aos mais pobres para a construção de um Estado de bem estar social.
O candidato tucano lembrou que foi a partir de 1994 que se inaugurou uma política de aumento real dos salários mínimos, transformada em lei mais tarde, aumentando os benefícios da Previdência. também foram aumentados.
A certa altura Aécio ressaltou que foi com os governos tucanos que se generalizaram as políticas de transferência direta de renda, as bolsas, assim como o Benefício de Prestação Continuada, que garante renda mínima de um salário mínimo para idosos e pessoas com deficiência.
E reforçou que foram os tucanos que criaram o Ministério da Reforma Agrária, o Programa Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF) e assentaram cerca de 500 mil famílias, afirmando que a reforma agrária precisa ser retomada com seriedade e prioridade.
De todos os pontos destacados pelo grupo de Marina Silva, o fim da maioridade penal foi apenas tangenciado, e mesmo assim com sinalizações de que a política de um futuro governo do PSDB levará em conta que os jovens não devem ser tratados apenas com punições.
Está aberto o caminho para a chegada de Marina Silva.
O desafio dos candidatos.
O professor Cesar Romero Jacob, da PUC do Rio, especialista em análises eleitorais a partir da divisão geográfica dos votos, destaca que a cada década tivemos um desafio, e hoje nenhum dos candidatos está conseguindo decifrar qual o desafio desta década. Quem interpretou corretamente esse desafio levou a eleição nas vezes anteriores, comenta Romero Jacob.
Na década de 1980, o desafio era o político, transitar da ditadura para a democracia. Ali havia uma palavra de ordem fácil de entender: diretas-já. Nos anos 90 o desafio era outro, acabar com a inflação.
Sobretudo depois que o Plano Real consegue acabar com a inflação, ficou fácil compreender o desafio. “Esses são temas que permeiam todos os grupos sociais, e é o elemento de unificação dos diversos segmentos”, destaca o professor da PUC.
No ano 2000, tivemos a questão da inclusão social, que se materializou no Bolsa Família. Em todos esses anos tivemos intérpretes desses momentos que acabaram catalizando os anseios da sociedade, fossem Fernando Henrique Cardoso pelo PSDB e Lula pelo PT.
Hoje, diz Romero Jacob, a divisão é socioeconômica e não geográfica. A divisão de votos por classes mostra Aécio muito bem nas classes A e B, a Dilma muito bem nas classes D e E, e a classe C é a que reproduz essa divisão nacional e pode, segundo ele, decidir a eleição para um lado ou para o outro.
Hoje ainda não há uma palavra de ordem que congregue todos os setores da sociedade, o que há são demandas segmentadas, constata Romero Jacob.
As classes A e B estão preocupadas com a ética na política, uma agenda moral e mais o tema do crescimento da economia.
As classes D e E não têm uma agenda moral, a preocupação delas é a preservação do Bolsa Família. E a classe C “de certo modo será a chave para que o candidato leve uma palavra de ordem comum”.
Das manifestações públicas do ano passado até hoje, a diferença entre o padrão Fifa e o que existe no Brasil nos serviços públicos é o que unifica as classes, diz ele.
As classes A e B já desistiram de uma educação pública de qualidade, vão para as escolas privadas, ou uma saúde de qualidade, vão para os planos de saúde, ou um transporte público de qualidade, andam de carro.
Já a classe C precisa dos serviços públicos de qualidade para poder manter seu padrão de vida, e as classes D e E dependem deles para trabalhar e sobreviver.
14 de agosto de 2014
Merval Pereira, O Globo
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