A confluência da "onda de indignação" por Marina com a "onda da razão" por Aécio resultou em uma tsunami de votos oposicionistas
O apoio de Marina Silva à candidatura presidencial de Aécio Neves ocorre em torno de propostas de seus respectivos programas de governo, confirmando sua intenção de inaugurar uma "nova política". Enquanto isso, a ferramenta da delação premiada expõe as vísceras da "velha política". As empreiteiras superfaturavam contratos com a Petrobras, cujos diretores eram indicados por partidos do governo que cobravam propina então repassada aos políticos. Locupletavam-se todos através dessa colossal engrenagem de corrupção.
A confluência da "onda de indignação" em que surfara Marina com a "onda da razão" que se ergueu por Aécio resultou em uma verdadeira tsunami de votos oposicionistas. As pesquisas eleitorais indicam que as intenções de voto em Aécio quase dobraram em apenas uma semana. As simulações indicam, pela primeira vez, sua vitória no segundo turno. Dilma fustiga Aécio por ter se beneficiado do "aparelhamento" da máquina pública ao ser nomeado, aos 25 anos, para uma diretoria da Caixa Econômica Federal. Mas é também fustigada como incompetente ou conivente em sua atuação no Conselho de Administração da Petrobras, diante de toda essa roubalheira. Um observador independente teria mais tolerância com o nepotismo do que com a corrupção sistêmica. Mas registraria que são duas faces de um mesmo fenômeno: a expansão descontrolada de gastos públicos sem qualquer transparência para a sociedade.
O tráfico de influência, o desvio de recursos dos contribuintes e o pagamento de propinas a políticos e partidos configuram o fenômeno da corrupção sistêmica, alimentada por essa ininterrupta escalada dos gastos públicos. O próprio Marx considerava impossível conduzir adequadamente a administração pública sem enfrentar os interesses de grupos empresariais que "governam e legislam por meio da Câmara e que têm no Estado sua principal fonte de enriquecimento".
Essa associação entre o descontrole dos gastos públicos e a corrupção seria um tema incontornável para uma opinião pública esclarecida. Pois "as enormes somas que passavam pelas mãos do Estado davam oportunidade para fraudulentos contratos de fornecimento, corrupção, suborno, malversações e todo tipo de ladroeira entre os órgãos da administração pública e seus contratados", fulminava Marx.
14 de outubro de 2014
Paulo Guedes, O Globo
O apoio de Marina Silva à candidatura presidencial de Aécio Neves ocorre em torno de propostas de seus respectivos programas de governo, confirmando sua intenção de inaugurar uma "nova política". Enquanto isso, a ferramenta da delação premiada expõe as vísceras da "velha política". As empreiteiras superfaturavam contratos com a Petrobras, cujos diretores eram indicados por partidos do governo que cobravam propina então repassada aos políticos. Locupletavam-se todos através dessa colossal engrenagem de corrupção.
A confluência da "onda de indignação" em que surfara Marina com a "onda da razão" que se ergueu por Aécio resultou em uma verdadeira tsunami de votos oposicionistas. As pesquisas eleitorais indicam que as intenções de voto em Aécio quase dobraram em apenas uma semana. As simulações indicam, pela primeira vez, sua vitória no segundo turno. Dilma fustiga Aécio por ter se beneficiado do "aparelhamento" da máquina pública ao ser nomeado, aos 25 anos, para uma diretoria da Caixa Econômica Federal. Mas é também fustigada como incompetente ou conivente em sua atuação no Conselho de Administração da Petrobras, diante de toda essa roubalheira. Um observador independente teria mais tolerância com o nepotismo do que com a corrupção sistêmica. Mas registraria que são duas faces de um mesmo fenômeno: a expansão descontrolada de gastos públicos sem qualquer transparência para a sociedade.
O tráfico de influência, o desvio de recursos dos contribuintes e o pagamento de propinas a políticos e partidos configuram o fenômeno da corrupção sistêmica, alimentada por essa ininterrupta escalada dos gastos públicos. O próprio Marx considerava impossível conduzir adequadamente a administração pública sem enfrentar os interesses de grupos empresariais que "governam e legislam por meio da Câmara e que têm no Estado sua principal fonte de enriquecimento".
Essa associação entre o descontrole dos gastos públicos e a corrupção seria um tema incontornável para uma opinião pública esclarecida. Pois "as enormes somas que passavam pelas mãos do Estado davam oportunidade para fraudulentos contratos de fornecimento, corrupção, suborno, malversações e todo tipo de ladroeira entre os órgãos da administração pública e seus contratados", fulminava Marx.
14 de outubro de 2014
Paulo Guedes, O Globo
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