"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

BRAZILIANISTA INGLÊS DIZ QUE APOIO DO MERCADO PREJUDICA AÉCIO

         
Professor Kenneth Maxwell, que participa do Festival de História em Diamantina
O professor Maxwell, de Harvard, estuda e adora o Brasil

Os mercados já se decidiram quanto ao segundo turno. A Bolsa de Valores de São Paulo sobe quando Dilma cai, e cai quando Dilma sobe. Há algum tempo “os mercados” querem “qualquer um que não Dilma”.
Queixam-se das políticas “intervencionistas”. E o Brasil sob Dilma tem um relacionamento agitado com o mundo, envenenado pelas revelações de Edward Snowden de que a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA grampeava o celular da presidente – o que a levou a cancelar uma visita “de Estado”.

A política externa de Dilma cabe em larga medida ao professor Marco Aurélio Garcia. Oponente radical do regime militar, foi um dos fundadores do PT, coordenou as campanhas de Lula (1994, 1998, 2006) e foi um dos organizadores do “Fórum de São Paulo”, uma reunião de movimentos esquerdistas da América Latina e Caribe.

O governo Dilma não criticou a incursão russa na Ucrânia e a anexação da Crimeia. A busca de acordos com os países do grupo BRICS também veio à custa do silêncio quanto a questões essenciais de política externa.

Aécio, por outro lado, é encarado como “favorável ao livre mercado”. Seu assessor econômico é Armínio Fraga, que deve se tornar ministro da Fazenda caso Aécio seja eleito. Fraga tem doutorado pela Universidade de Princeton e trabalhou em Nova York como administrador de fundos para George Soros.

CÂMBIO E INFLAÇÃO 

À frente do Banco Central, Fraga receberia crédito por adotar uma taxa de câmbio flutuante e o modelo de metas inflacionárias. Ele fundou a Gávea Investimentos, companhia de administração de ativos adquirida em 2010 pela Highbridge Capital Management, de Nova York, subsidiária do banco JP Morgan.

Seu plano de política econômica ficou claro em entrevista ao “Wall Street Journal”, em 2013, em que criticou a manipulação dos preços da energia e dos combustíveis, advogou retorno à ortodoxia econômica, liberalização do investimento em infraestrutura, reforma da Petrobras e a redução do papel dos bancos do governo.

O coordenador para assuntos internacionais é Rubens Barbosa, antigo embaixador brasileiro em Washington (1999-2004) e Londres (1994-1999). Caso Aécio seja eleito, ele deve virar ministro do Exterior. Suas opiniões refletem as de muita gente nos altos escalões da política externa, que se preocupam com a falta de críticas à Venezuela, Cuba e Argentina. Barbosa é diretor do Albright Stonebridge Group e do conselho de comércio externo da Fiesp.

A divisão entre Dilma (e Marco Aurélio Garcia) e Aécio (e Fraga e Barbosa) não poderia ser mais aguçada.
Fica claro que EUA e Europa gostariam de vê-lo vitorioso –assim como Rússia, Venezuela, Argentina e Cuba prefeririam Dilma. Não se sabe se isso influenciará os eleitores.
A considerar as lições da história, quanto mais os mercados torcerem por Aécio, mais automática será a vitória de Dilma.
 
14 de outubro de 2014
Kenneth Maxwell
Folha

Nenhum comentário:

Postar um comentário