Para a presidente Dilma Rousseff, que decididamente não foi contemplada com o dom da oratória, dar entrevistas à imprensa e participar de debate são atividades que exigem um sacrifício realmente enorme. Tem de prestar atenção em tudo, pensar no que vai dizer, não pode falar nenhuma bobagem, é um inferno.
Nessa reta final de campanha, a situação não está nada fácil. Em busca da recuperação dos votos perdidos, Dilma Rousseff se vê obrigada a dar seguidas entrevistas, que acabam complicando sua vida. Na semana passada, por exemplo, numa entrevista em Fortaleza, Dilma foi questionada especificamente sobre o futuro do ministro Guido Mantega, titular da Fazenda, caso vença as eleições. “Eleição nova, governo novo, equipe nova”, disse a presidente e logo tentou remendar:
“Quero dizer o seguinte. Só faço uma coisa. Não nomeio ministro em segundo mandato. Eu não fui eleita. Como é que eu saio por aí nomeando ministro? Não sei se vocês lembram quando sentaram na cadeira antes da eleição”, completou a presidente, numa referência a Fernando Henrique Cardoso, que sentou na cadeira de prefeito de São Paulo às vésperas das eleições de 1985 e acabou derrotado em seguida por Jânio Quadros.
A repercussão foi a pior possível. Mantega ficou completamente desprestigiado. Só não pede demissão porque é um homem sem fibra, que se agarra ao poder como uma ostra. chega a ser patético. Hoje, é um ex-ministro, uma espécie de morto-vivo no Planalto, onde ninguém lhe dá mais a menor confiança.
REPETINDO A DOSE…
No domingo, em entrevista coletiva de imprensa no Palácio do Alvorada, a presidente Dilma Rousseff voltou a ser abordada a respeito de Mantega e confirmou que, se reeleita, contará com uma nova equipe no governo. Mas ressalvou que não vai anunciar os nomes dos novos ministros durante o atual mandato. E contou novamente o caso de FHC, que sentou na cadeira antes da eleição.
“Um governo novo fará uma equipe nova. As pessoas que vão compor essa equipe podem vir do governo anterior, mas é uma nova equipe. Meu querido (em referência ao jornalista que fez a pergunta), eu não vou discutir minha equipe de governo e nem escalar nessa altura do campeonato. Eu não vou indicar ministro antecipadamente. Acho que isso é sentar na cadeira antes. Eu não vou fazer isso, porque dá azar. Vou conversar sobre o meu ministério em 1º de janeiro de 2015, caso eu seja eleita. Alguns poderão ficar, outros eu irei trocar”, disse Dilma, visivelmente atrapalhada.
E assim ela deixou Guido Mantega com um encontro marcado com o fracasso. Hoje ele é um ministro sem pasta, uma espécie de zumbi sem palmares, que ao anoitecer se esgueira pelos jardins da Esplanada dos Ministérios, a cantar “Ninguém me ama”. Um cena verdadeiramente triste. Mas cadê coragem para pedir demissão?
11 de setembro de 2014
Carlos Newton
11 de setembro de 2014
Carlos Newton
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