Paul Krugman (Prêmio Nobel de Economia 2008) publicou, em janeiro de 1996, artigo com o título acima, na “Harvard Business Review”. Concluía que executivos e empresários não deveriam aconselhar políticas econômicas, pois nada entendiam da complexidade da economia, com seus balanços e preços agregados e seu sofisticado equilíbrio geral. Empresários teriam um viés cognitivo de pedir incentivos ao governo e aconselhar em causa própria. A tarefa era para outros conselheiros, os economistas. Krugman chamava o testemunho de Keynes, para o qual, “economia é assunto técnico e difícil”. Keynes achava que a qualidade dos conselheiros era condição necessária ao sucesso dos governos e que o fracasso dos Stuarts era um grande exemplo de maus conselheiros.
Krugman pressupunha a ausência de um governo empresário e sua argumentação é música para empresários que não gostam das antessalas de Brasília e gostam de competição. Segundo Krugman, o papel dos governos (não entendido pelos empresários) era estabelecer regras do jogo econômico claras e iguais para todos, sair da frente e deixar os mercados funcionarem. Zombava de políticas protecionistas, incentivadoras com subsídios ou que “escolhiam ganhadores”. Parecia escrever sobre o Brasil de hoje.
Mas um país é diferente de uma empresa por motivos muito mais bicudos. Um país não precisa de gerência, como uma empresa, mas de governança política. Um grande gerente (Abilio Diniz) tocou neste ponto recentemente, ao mencionar que “o Brasil não é ingovernável, mas ingerenciável".
O marketing da presidente Dilma pintou-a como boa gerente, motivo de chacota hoje, sendo alguém que se embrulha no próprio discurso. Mas serve à presidente o consolo que nem mesmo Abilio Diniz seria um bom gerente para o Brasil. Por isso, criticar a Marina por falta de experiência gerencial é bobagem. Se os brasileiros correm atrás de um bom gerente para presidente, a frustração vai continuar. A dúvida é se Marina vai poder escolher bons conselheiros e querer ou poder usar seus conselhos.
Quando não em franca desconfiança e confronto, o que governos buscam com empresários é ajuda sobre como tocar a máquina pública com maior eficiência. Apesar de louváveis esforços de empresários, os resultados são frustrantes.
A principal busca dos governos por mais eficiência é na arrecadação, que, junto com custos de transação imbecilizantes, são as principais fontes de conflito com empresários. Mas a mais intratável questão é a do erro gerencial. Empresários sabem e entendem que o erro com o qual mais convivem é o erro de julgamento, que vem da necessidade de inovar e da ausência do conhecimento perfeito. O erro de julgamento não existe na administração pública, que só reconhece o erro por ineficiência ou má-fé.
Por isso, quando o governo desestatiza alguma de suas atividades gerenciais, criando competição ao vender empresas ou fazer concessões, resolve sérios problemas políticos. Além de tirar o foco de si, retira a pressão por subsídios, por arrecadação e pode baixar a carga fiscal e os custos de transação, concentrando-se no seu papel, que é governar. Existe uma lista longa de atividades que os governos podem deixar de gerenciar e o setor privado poderá então entrar, inovar e gerar progresso, sem medo do erro de julgamento.
Krugman pressupunha a ausência de um governo empresário e sua argumentação é música para empresários que não gostam das antessalas de Brasília e gostam de competição. Segundo Krugman, o papel dos governos (não entendido pelos empresários) era estabelecer regras do jogo econômico claras e iguais para todos, sair da frente e deixar os mercados funcionarem. Zombava de políticas protecionistas, incentivadoras com subsídios ou que “escolhiam ganhadores”. Parecia escrever sobre o Brasil de hoje.
Mas um país é diferente de uma empresa por motivos muito mais bicudos. Um país não precisa de gerência, como uma empresa, mas de governança política. Um grande gerente (Abilio Diniz) tocou neste ponto recentemente, ao mencionar que “o Brasil não é ingovernável, mas ingerenciável".
O marketing da presidente Dilma pintou-a como boa gerente, motivo de chacota hoje, sendo alguém que se embrulha no próprio discurso. Mas serve à presidente o consolo que nem mesmo Abilio Diniz seria um bom gerente para o Brasil. Por isso, criticar a Marina por falta de experiência gerencial é bobagem. Se os brasileiros correm atrás de um bom gerente para presidente, a frustração vai continuar. A dúvida é se Marina vai poder escolher bons conselheiros e querer ou poder usar seus conselhos.
Quando não em franca desconfiança e confronto, o que governos buscam com empresários é ajuda sobre como tocar a máquina pública com maior eficiência. Apesar de louváveis esforços de empresários, os resultados são frustrantes.
A principal busca dos governos por mais eficiência é na arrecadação, que, junto com custos de transação imbecilizantes, são as principais fontes de conflito com empresários. Mas a mais intratável questão é a do erro gerencial. Empresários sabem e entendem que o erro com o qual mais convivem é o erro de julgamento, que vem da necessidade de inovar e da ausência do conhecimento perfeito. O erro de julgamento não existe na administração pública, que só reconhece o erro por ineficiência ou má-fé.
Por isso, quando o governo desestatiza alguma de suas atividades gerenciais, criando competição ao vender empresas ou fazer concessões, resolve sérios problemas políticos. Além de tirar o foco de si, retira a pressão por subsídios, por arrecadação e pode baixar a carga fiscal e os custos de transação, concentrando-se no seu papel, que é governar. Existe uma lista longa de atividades que os governos podem deixar de gerenciar e o setor privado poderá então entrar, inovar e gerar progresso, sem medo do erro de julgamento.
11 de setembro de 2014
Odemiro Fonseca, O Globo
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