"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

NO FUNDO, AS VIÚVAS DO LULA

  


 
Houve tempo em que um dos esportes preferidos da juventude, para assistir, é claro, não para participar, eram as corridas de stock-car, geralmente realizadas em algum campo de futebol ou espaço ainda maior, cercado de arquibancadas. As viaturas, não menos do que vinte ou trinta, lançavam-se em desenfreada carreira circular, com a peculiaridade de se atropelarem de propósito.

Batidas monumentais eram aplaudidas pela assistência, com ênfase para a destruição do maior número possível de automóveis em disputa. Volta e meia os pilotos se arrebentavam, com pernas ou braços quebrados, rostos sangrando, mas faziam-se de heróis, tanto mais aplaudidos quanto mais contundidos.
 
Esse horror saiu de moda, parece que ainda existe de forma bissexta nos Estados Unidos ou nos países para onde as caravanas viajam, com certeza cobrando entradas capazes de financiar os espetáculos.
 
Com todo o respeito, é o que se verifica hoje no processo sucessório, em especial depois de divulgadas as denúncias não comprovadas de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, em sua tentativa de obter benefícios através da delação premiada. A relação parcial de políticos supostamente envolvidos na corrupção praticada na empresa leva candidatos e partidos a se agredirem de forma cada vez mais violenta, cada um tentando tirar proveito de acusações contra os adversários.
 
Acontece de tudo, nessa temporada que lembra o choque de viaturas nos espetáculos de stock-car. Acusam-se todos imaginando prejudicar os concorrentes, numa batalha virulenta e sem limites.
Esta semana, o troféu de vencedor do mais novo capítulo da corrida vai para Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência da República, para quem as denúncias contra parlamentares, governadores e ministros da base do governo visam tumultuar e alterar o processo eleitoral. O diligente auxiliar palaciano sustenta que tudo acontece para colarem em Dilma a imagem de responsável pela transformação da Petrobras num covil de ladrões.
 
Ora, com todo o respeito, o processo eleitoral já está definido: a briga será entre Dilma e Marina, a menos que sobrevenham inusitados capazes de beneficiar Aécio Neves, hipótese inviável de acontecer, conforme as pesquisas. Sendo assim, seria Marina a responsável pelo vazamento das denúncias e da relação de políticos integrantes da corrupção na Petrobras? Nem que a vaca tussa, ainda que a ex-senadora surja como beneficiária maior das acusações contra o PT, o PMDB, o PP, o PTB, o PR e penduricalhos.
 
Deveria Gilberto Carvalho procurar em sua própria aldeia os artífices de mais essa paulada na moleira da Dilma, já que Aécio Neves, nos seus encontros com o travesseiro, sabe muito bem estar fora da corrida.
Se alguém pretende prejudicar a presidente, aliás, prejudicada por ela mesma, são as viúvas do Lula, que ainda alimentam o sonho de substituir a sucessora pelo antecessor. Será que ainda dá tempo?
Só se o sargento Garcia prender o Zorro, mas a gente fica pensando: as acusações de Gilberto Carvalho não fariam parte dessa missão impossível?
Afinal, ele está muito mais para o Lula do que para Dilma, em sua longa trajetória na sede do Executivo. No desespero de não perder o poder, que companheiros imaginam tumultuar o processo sucessório?

11 de setembro de 2014
Carlos Chagas

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