Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras |
Giselda Rousie de Lima. As remessas, com valores próximos a R$ 10 mil, somam um quantia total de R$ 322,9 mil. A defesa de Marice rebate e afirma que quem aparece nas imagens é a própria Giselda, irmã dela.
A cunhada do petista ficará detida na Superintendência da Polícia Federal do Paraná por mais cinco dias. De acordo com o despacho de Moro, o novo decreto de prisão permitirá que todas as dúvidas em relação aos depósitos bancários sejam esclarecidas. “A medida oportunizará nova oitiva de Marice Correa de Lima, na qual ela poderá esclarecer ou não sua participação nos depósitos em espécie realizados na conta da esposa de João Vaccari Neto e as circunstâncias que envolveram esses fatos, inclusive a identificação e a localização da fonte de recursos utilizados para os depósitos, propiciando eventual sequestro judicial que eliminaria, em substituição à preventiva, a possibilidade de reiteração delitiva”, salientou o magistrado.
As imagens estão disponíveis no sistema de processos digitais da Justiça Federal do Paraná. Foram anexados quatro vídeos. A mulher em questão aparece na fila de um caixa eletrônico, efetua uma transação bancária e vai embora. De acordo com os investigadores, apenas em 12 de dezembro de 2013, por exemplo, a mulher de Vaccari teria recebido em sua conta R$ 9,5 mil em cinco depósitos diferentes, quatro no valor de R$ 2 mil e outro de R$ 1,5 mil.
NA FILA…
O primeiro depósito flagrado pelo circuito interno do banco foi efetivado em 2 de março deste ano, às 13h06. “É possível verificar Marice esperando na fila da agência Fagundes Filho-SP, número 4836”, atesta a força-tarefa da Lava-Jato. Na decisão, Moro salienta a importância das imagens remetidas pelo MPF. “Ocorre que colheu o Ministério Público Federal prova junto ao Banco Itaú de que ela é a responsável por esses depósitos em espécie na conta de Giselda. Relativamente a depósitos em espécie e em iguais condições havidos em 2 e 6 de março de 2015 na conta da esposa de João Vaccari Neto, a instituição financeira, examinando as gravações das câmeras de filmagem, identificou Marice Correa de Lima como a pessoa responsável pelos depósitos no exato local, hora e minuto de sua realização”, explica o magistrado.
No pedido de nova prisão, o Ministério Público Federal alega que “Giselda recebia uma espécie de ‘mesada’ de fonte ilícita paga pela investigada Marice, sendo que os pagamentos continuaram sendo feitos até março de 2015”. As planilhas do MPF apontam também valores acima de R$ 10 mil depositados em dinheiro na conta da mulher do ex-tesoureiro do PT, no período entre 2008 e 2012, que totalizavam R$ 260,5 mil.
Para o procuradores da República, “tudo indica que Marice funcionava como uma auxiliar de João Vaccari Neto para operacionalizar a propina destinada ao Partido dos Trabalhadores, como também para o recebimento de vantagens indevidas destinadas a João Vaccari Neto”, assegura.
AS ACUSAÇÕES
– Os investigadores da Lava-Jato identificaram inúmeros depósitos, no limite próximo de R$ 10 mil, na conta da mulher do ex-tesoureiro do PT, Giselda Vaccari. Os valores somados chegam a R$ 322,9 mil. Apenas em 12 de dezembro de 2013, por exemplo, Giselda recebeu R$ 9,5 mil em cinco depósitos diferentes.
– Por meio de imagens, repassadas pelas instituições financeiras, o Ministério Público Federal sustenta que a responsável pelos depósitos “picados” é a cunhada de Vaccari, Marice Correa de Lima. Por isso, a prorrogação da prisão temporária dela foi solicitada e concedida pelo juiz federal Sérgio Moro.
– Em depoimento de delação premiada, o doleiro Alberto Youssef mencionou dois repasses de R$ 400 mil para Vaccari. O valor, pago entre 2009 e 2010, teria sido recebido por Marice, no escritório do doleiro em São Paulo. O dinheiro sujo teria sido pago, segundo o delator, pela empresa Toshiba Infraestrutura.
– Os investigadores apontam que Marice comprou um imóvel da empreiteira OAS por R$ 200 mil e vendeu para a própria empresa por R$ 432 mil apenas um ano depois. A força-tarefa da Lava-Jato aponta que a transação imobiliária serviu como uma manobra para mascarar a intenção fraudulenta de lavagem de dinheiro da organização criminosa.
22 de abril de 2015
João Valadares
Correio Braziliense
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