I
Apesar de estar próximo da presidente Dilma Rousseff, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, tem perdido força dentro do núcleo decisório do poder e não está na linha de frente da tentativa do governo de recuperar terreno em meio à crise.
Logo depois de chegar à Casa Civil, em fevereiro de 2014, Mercadante conquistou ares de superministro. Mas, nestes primeiros quatro meses do segundo mandato de Dilma, foi obrigado a compartilhar poder.
Boa parte das críticas do PT ao modelo de coordenação política adotado por Mercadante parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro é apontado como responsável pela estratégia de criar um novo núcleo governista, dando mais poderes ao ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), e ao então ministro da Educação, Cid Gomes (PROS), como forma de reduzir a dependência da presidente em relação ao PMDB. Diante da ameaça, o aliado reagiu e começou a impor uma série de derrotas ao governo no Congresso Nacional.
A antipatia do PMDB em relação a Mercadante também aumentou depois de ele ter atuado nos bastidores contra a eleição tanto de Renan Calheiros (AL) para a presidência do Senado quanto de Eduardo Cunha (RJ) para a da Câmara.
LULA EM AÇÃO
Com o agravamento da crise, Lula, nome natural do PT para 2018, acabou por convencer Dilma a afastar o ministro da articulação política e entregar essa função exclusivamente ao vice-presidente Michel Temer. Antes, o ex-presidente chegou a sugerir que a presidente tirasse Mercadante da Casa Civil e o substituísse pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner, mas Dilma não quis abrir mão daquele que tem sido um dos seus mais fiéis aliados.
Foi a presidente que alçou Mercadante à condição de ministro, primeiro da Ciência e Tecnologia, depois da Educação e, por fim, da Casa Civil. Apesar de ter ocupado a liderança do PT no Senado, o petista nunca foi visto pelos seus pares como um articulador habilidoso. Essa fama de poucos amigos, de quem raramente dá “bom dia”, não ajudou nas negociações com o Congresso, criando um limbo na relação entre as duas Casas e o Planalto.
A escolha do deputado Pepe Vargas (PT-RS) para a Secretaria de Relações Institucionais também se mostrou equivocada. O resultado foi sua rápida passagem pela pasta, sendo realocado na semana passada para a de Direitos Humanos.
OSTRACISMO
Antes escalado por Dilma para ser a voz do governo em todas as ocasiões, Mercadante agora vem sendo preterido por outros nomes, como o do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a presidente recorreu na sexta-feira para defendê-la da ofensiva da oposição, que tem ameaçado abrir um processo de impeachment contra a petista. Também foi Cardozo que, na primeira grande manifestação deste ano contra o governo, no dia 15 de março, foi à TV dar a avaliação do Planalto sobre os protestos.
No último mês, Mercadante também perdeu o protagonismo para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sobre as questões econômicas, já que ele não conseguiu avançar nas negociações para aprovar o pacote de ajuste fiscal. Levy, por outro lado, tem encontrado as portas abertas para conversar tanto com Renan quanto com Cunha.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula não suporta Mercadante, e a recíproca é verdadeira. Quando Dilma o procurou, quinta-feira antes do Carnaval, para se curvar perante ele e pedir socorro, Lula exigiu que afastasse Mercadante e Vargas. Ela obedeceu, claro. Depois, mandou nomear Eliseu Padilha, ele recusou, Lula então fez Dilma procurar Michel Temer, que passara 1uatro anos desprezado, à margem do Poder. Traduzindo: quem manda é Lula; Dilma não significa mais nada. É apenas um rosto na multidão. (C.N.)
22 de abril de 2015
Isadora Peron
Estadão
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula não suporta Mercadante, e a recíproca é verdadeira. Quando Dilma o procurou, quinta-feira antes do Carnaval, para se curvar perante ele e pedir socorro, Lula exigiu que afastasse Mercadante e Vargas. Ela obedeceu, claro. Depois, mandou nomear Eliseu Padilha, ele recusou, Lula então fez Dilma procurar Michel Temer, que passara 1uatro anos desprezado, à margem do Poder. Traduzindo: quem manda é Lula; Dilma não significa mais nada. É apenas um rosto na multidão. (C.N.)
22 de abril de 2015
Isadora Peron
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário