"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

AUMENTA A SUSPEITA DE A CGU TER MESMO ABAFADO O CASO SBM




A contribuição do executivo britânico Jonathan Taylor para as investigações sobre os negócios da empresa holandesa SBM Offshore com a Petrobras no Brasil foi mais decisiva do que as autoridades brasileiras reconheceram nos últimos dias.

Como a Folha revelou na terça-feira (14), Taylor, um ex-diretor da SBM, entregou a três funcionários da CGU (Controladoria-Geral da União) um dossiê completo sobre a relação entre as duas empresas durante a campanha eleitoral do ano passado.

O órgão de controle interno do governo só abriu processo contra a SBM em novembro, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Ao justificar a demora, a Controladoria afirmou que precisava de tempo para analisar todas as informações e minimizou a contribuição de Taylor.

Mas uma gravação que registra o encontro do executivo com a CGU, obtida pela Folha, mostra que a Controladoria teve dificuldade para obter ajuda na Holanda e ainda não tinha nenhuma prova de corrupção vinda da Europa quando foi procurada por Taylor.

NADA RECEBEU DA HOLANDA…

Na sexta (17), a Controladoria admitiu à Folha que até hoje não recebeu da SBM ou das autoridades da Holanda nenhuma informação oficial sobre o assunto, e reconheceu que o dossiê fornecido por Taylor foi a única coisa que conseguiu da Europa.

Em entrevista à Folha, o executivo britânico acusou o governo brasileiro de esperar a reeleição da presidente Dilma para abrir processo contra a SBM, evitando danos políticos que novas revelações sobre corrupção na Petrobras poderiam causar a Dilma.

Taylor trabalhou por mais de oito anos para a SBM na Europa e é apontado pela empresa como responsável pelo vazamento de informações sobre o caso publicadas na Wikipedia em outubro de 2013.

O vazamento lançou suspeitas sobre a atuação da SBM no Brasil e na África. Os documentos indicam que a empresa pagou US$ 139 milhões ao lobista brasileiro Julio Faerman para que ele a ajudasse a obter contratos na Petrobras.

CONTRATOS E E-MAILS

O dossiê entregue por Taylor às autoridades brasileiras inclui contratos e mensagens eletrônicas do lobista, apontado como o operador que distribuiu a propina a políticos e funcionários da estatal.

Em 12 de novembro, o Ministério Público da Holanda confirmou que encontrara provas de corrupção nos negócios da SBM no Brasil e anunciou um acordo com a empresa, pelo qual ela aceitou pagar multa de US$ 240 milhões para encerrar o caso.

Horas depois, a CGU anunciou que decidira abrir processo contra a empresa. No encontro em que tomaram o depoimento de Taylor, em outubro, os funcionários brasileiros disseram ao executivo que levariam mais três ou quatro meses para fazer isso.

A CGU afirmou na semana passada que Taylor pediu uma recompensa financeira em troca de sua colaboração. A gravação do encontro mostra que, antes de perguntar se isso seria possível, o executivo disse que continuaria colaborando “inteiramente”, independentemente da resposta.

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 NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A lerdeza da CGU é impressionante. Abriu a investigação sobre a SBM em abril. Taylor ofereceu seu dossiê em agosto, mas só recebeu os funcionários brasileiros em 3 de outubro, véspera do primeiro turno da eleição no Brasil. O pior é acreditar que a Holanda ainda não tenha entregue nenhum documento, se concluiu o caso em 12 de novembro. É tudo muito estranho. Será que esses documentos foram solicitados oficialmente à Holanda pelo governo brasileiro? (C.N.)

22 de abril de 2015
Leandro Colon
Folha

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