"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 5 de junho de 2016

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

LAVA JATO DE OLHO NA CULTURA DA CORRUPÇÃO



Excetuando as velhinhas de Taubaté, que acreditam até na revogação da lei da gravidade por ordem do Supremo Tribunal Federal, qualquer cidadão que não raciocine com o intestino sabe que o Brasil paga um altíssimo preço e, função da cultura da corrupção. Agora, o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim, tem um pepino para descascar: terá de escancarar, de forma transparente, como funciona o submundo do financiamento de iniciativas culturais por meio da Lei Rouanet.

A pedido da Força Tarefa da Operação Lava Jato, no último dia 30 de maio, o delegado da Polícia Federal Eduardo Mauat mandou um ofício ao Ministério da Transparência pedindo detalhes sobre os 100 maiores recebedores e captadores, via lei de incentivo cultural, nos últimos dez anos. O pedido da PF inclui até os nomes dos pareceristas que aprovaram projetos por meio de incentivos fiscais para pessoas físicas e jurídicas. A turma da "República de Curitiba" quer dar uma olhada na prestação de contas dos projetos. Também quer saber a origem do dinheiro que financiou projetos em troca do abatimento de pagamentos de impostos.

Além de cobrar detalhes da turma chefiada agora por Torquato Jardim - que enxerga com ceticismo resultados que a Lava Jato possa produzir -, seria fundamental fazer a mesma cobrança ao Tribunal de Contas da União. Todos os processos da famosa Lei Rouanet (criado no governo de Fernando Collor, em 1991) são obrigados a passar pelo crivo posterior do TCU. É fundamental, em nome da transparência, uma devassa na aplicação dos recursos do Fundo Nacional de Cultura e dos diferentes fundos de Investimento Cultural e Artístico. Não importa se isso vai causar caganeira nos empresários e nos melhores e mais famosos artistas do Brasil.

Enquanto Torquato e sua equipe "se viram nos 30" para responder à turma da Lava Jato, nada custa chamar a atenção para uma boa polêmica. No dia 18 de maio, talvez sem nem cogitar que ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim deu uma interessantíssima entrevista ao jornal "Diário do Povo do Piauí", na qual chama atenção, de forma sincera e transparente, para aspectos da cultura da corrupção no Brasil. As reflexões do Torquato merecem ficar anotadas como temas para debates:

"Nada aqui é relevante para a história da humanidade. Estamos sempre imitando o modelo de alguém a todo tempo, e não chegamos a lugar nenhum. Nunca paramos para pensar quem nós somos".

"Vivemos num país em crise. Não sei qual a esperança que temos. O Brasil vive da ração e não da razão. O estado de São Paulo reelegeu todos que eram réus no Mensalão, menos um deputado federal. Qualquer programinha social onde se distribua bônus disso, bônus daquilo, se ganha a eleição".

"O que mudou com o impeachment de Collor? O que mudou no Brasil depois da CPI do Orçamento quando os sete anões foram cassados? O que mudou com o mensalão? O que vai mudar com a Lava-Jato? Enquanto o mensalão estava sendo condenado, a Lava-Jato estava sendo operada. Eles aconteceram ao mesmo tempo".

"Partido político hoje é uma central de negócios, todos com o mesmo programa, todos querem a mesma coisa. Você tem 35 partidos políticos no TSE, 28 no parlamento, 28 fazendo manobra para ganhar dinheiro, ganhar cargo público. Já se formou um novo centrão, com quase 20 partidos, 350 deputados para fazer pressão no presidente Michel Temer para conseguir mais cargos. É isso que é o partido político hoje no Brasil, um balcão de negócios. Isso não é governabilidade, é em nome da corrupção e da safadeza".

Torquato Jardim mandou bem... No cargo que já começou criando problemas para a imagem do governo provisório de Temer - já que o ex-ministro Fabiano Silveira acabou vitimado pela participação especial nas conversinhas indiscretas gravadas pelo delator premiado Sérgio Machado -, Torquato Jardim tem o desafio complexo de tentar promover a transparência em meio ao mesmo "balcão de negócios" que criticou antes de ser nomeado.

O primeiro grande pepino será divulgar para a Lava Jato como funciona o nada transparente e refinado processo de corrupção na área cultural - o que pode arrasar com a imagem de muitos artistas campeões de audiência. Se tal transparência em excesso prejudicar contratados a peso de ouro pela Rede Globo corre o risco de não ganhar uma divulgação tão transparente em nossa mídia de mérdia...

Recado inteligente

Vale alertar por 13 x 13: Tornou-se um consenso de que não dá mais para o Brasil ficar refém da desgovernança do crime organizado. As mudanças profundas virão. O processo é irreversível. Tem apoio de fora para dentro. A inteligência do mercado financeiro norte-americano anda trabalhando pesadamente por aqui. Tudo se vê e tudo se sabe sobre os submundos de nosso Capimunismo.

As instâncias do judiciário comprometidas com as coisas corretas nunca receberam tanto apoio e incentivo para cumprirem seu dever institucional, como nos últimos tempos pós-Lava Jato. Nesta guerra do fim dos imundos, de todos contra todos, é preciso ficar atento ao movimento de depuração entre a turma do judiciário e a do "judasciário"...

As esfinges de capa preta, com apoio estratégico e operacional inteligente, estão prontas para devorar muitos corruptos. 
Se Michel Temer der apoio efetivo e concreto ao movimento pode se dar bem. Do contrário, pode planejar a aposentadoria forçada para breve...

Benefícios do Casamento




Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!



05 de junho de 2016
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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