Quem quiser que se iluda. O mandato-tampão de Temer já acabou e ele ainda não sabe. Aliás, finge que não sabe, porque faz tempo que não mais governa, apenas tenta se defender. Com isso, o Brasil vive hoje a mesma situação da Bélgica, que recentemente ficou quase dois anos sem governante e ninguém notou. Quem segura Temer no poder, em termos administrativos, é o superministro Henrique Meirelles, que nomeou toda a equipe econômica e comanda o circo com mão de ferro. Em termos políticos, é o PSDB que garante a governabilidade de Temer, quer dizer, vinha garantindo até agora, mas acaba de chutar o balde, com as declarações de Tasso Jereissati, presidente do partido, do líder na Câmara, deputado Ricardo Trípoli, e do senador Cássio Cunha Lima.
O mais incisivo foi Cunha Lima, ao afirmar que Temer não dura mais 15 dias no poder. Tripoli disse que já não há condições de o PSDB continuar apoiando o governo e Tasso defendeu que Temer seja logo afastado, para ser substituído pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com a manutenção da equipe econômica.
DECISÃO DO “MERCADO” – O fato concreto é que não importa se o presidente é fulano ou beltrano, aqui na Tropicália quem governa é o sistema de controle do poder conhecido como “Mercado”, que passou a reinar após a gestão do presidente Itamar Franco. Desde que Fernando Henrique Cardoso assumiu e avisou “esqueçam tudo o que escrevi”, quem manda é o “Mercado”, que funciona sob comando dos banqueiros e das grandes corporações nacionais e estrangeiras.
Durante os 21 nos do regime militar, dizia-se que o Brasil era governado pelo “Sistema”. Depois da redemocratização, esse “Sistema” civil-militar foi sendo progressivamente substituído pelo “Mercado”, que é altamente danoso para os interesses nacionais, sobretudo porque desde a Era FHC o esse sistema informal de poder funciona sob comando dos banqueiros, chega a cobrar juros de 500%, apesar de a inflação anual nem chegar a 10%. No mês de junho houve até deflação, mas isso não importa para o “Mercado”.
MAIA APROVADO – No governo Temer, o “Mercado” chegou à perfeição como sistema de controle do poder, ao emplacar Henrique Meirelles no comando da equipe econômica. Foi a primeira vez que um banqueiro de verdade assumiu o poder no Brasil, e não vale citar o exemplo de Moreira Salles, porque quando ele foi ministro da Fazenda em 1962, durante três meses, seu banco ainda era apenas um tamborete, digamos assim.
E agora, com a derrocada de Temer, o “Mercado” continuará no comando do governo. No Correio Braziliense, o experiente analista econômico Vicente Nunes publicou nesta sexta-feira, dia 7, que “assessores do presidente Michel Temer saíram a campo para ouvir integrantes do mercado financeiro sobre uma possível substituição do peemedebista pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. De todos os interlocutores, ouviram que Maia será muito bem recebido pelo capital, desde, é claro, que mantenha a equipe econômica e o compromisso com as reformas”.
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PS – Confirmam-se, portanto, as informações que vêm sendo publicadas aqui na “Tribuna da Internet” sobre o controle do governo brasileiro pelos banqueiros, que evidentemente continuarão a defender os próprios interesses, deixando de lado os verdadeiros interesses da nação, até porque todos sabem capital não tem pátria e só reza na cartilha do falso deus Dinheiro. Quanto ao deputado Rodrigo Maia, já tínhamos anunciado que ele havia chamado o alfaiate para fazer o terno novo que usará no dia da posse. (C.N.)
08 de julho de 2017
Carlos Newton
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