"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 8 de julho de 2017

CUNHA ACELERA DELAÇÃO, EM MEIO À POSSIBILIDADE DA QUEDA DE TEMER


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Charge do Chico Caruso (O Globo)
A possibilidade de Michel Temer ser afastado da Presidência da República também pesou para que Eduardo Cunha decidisse acelerar a negociação para fazer colaboração premiada. Delatar supostos crimes do presidente e de seus ministros teria hoje valor muito maior do que depois de uma eventual saída deles do governo.
Caso seja fechado nos próximos dias, o acordo de delação de Cunha terá sido feito em tempo praticamente recorde. Até meados de junho ele ainda não tinha contratado um advogado específico para tocar a negociação. O ex-ministro Antonio Palocci, por exemplo, fez isso em abril e até esta quinta-feira (dia 6) não tinha formalizado acordo com a Operação Lava Jato.
MAL CONHEÇO – A prisão de Geddel Vieira Lima gerou uma disputa na Bahia para saber quem já foi mais “amigo” do ex-ministro. O PCdoB, por exemplo, fez uma compilação de frases dele nos protestos contra Dilma Rousseff, como a afirmação de que os atos seriam o “grito de quem está saturado dos problemas envolvendo corrupção”. “Geddel estava sempre ao lado do ex-governador Paulo Souto”, do DEM, lembram os comunistas.
Já um filme que começou a rodar em grupos de WhatsApp mostra Geddel num palanque com outro ex-governador, Jaques Wagner, do PT, que diz: “Quero cumprimentar meu irmão, meu companheiro de caminhada, aquele que vem ajudando o presidente Lula a governar o Brasil, meu querido companheiro Geddel Vieira Lima”.
O mesmo vídeo mostra o então presidente Lula elogiando Geddel, que ocupou o Ministério da Integração Nacional entre 2007 e 2010. “Eu quero dizer que eu sou grato pelo seu trabalho”, diz o petista a Geddel.
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CUNHA PÕE, CUNHA TIRA?
Bernardo Mello Franco (Folha)
“Alguém tem dúvida que, se não fosse minha atuação, [não] teria processo de impeachment?”. A pergunta foi feita por Eduardo Cunha na sessão em que a Câmara cassaria seu mandato. A resposta era óbvia. Sem a ajuda do correntista suíço, Michel Temer nunca teria chegado à Presidência da República.
Cunha acionou a máquina que instalou o “vice decorativo” no comando do país. Pouco mais de um ano depois, ele pode virar peça-chave em outra derrubada de presidente. Preso em Curitiba, o ex-presidente da Câmara negocia um acordo de delação.
A promessa, informou a colunista Mônica Bergamo, é detonar os velhos parceiros do PMDB da Câmara. No centro da mira, está o presidente Temer. Ao lado dele, os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.
CONDENADO – O correntista suíço está na cadeia há quase nove meses. Ele já se queixava de abandono, mas resistia a entregar os comparsas. Começou a mudar de ideia em março, ao receber a primeira condenação. Pegou 15 anos pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Sem um habeas corpus do Supremo, a paciência do ex-deputado foi acabando. O copo transbordou com a notícia de que o doleiro Lúcio Funaro decidiu falar. Cunha percebeu que o bonde da delação estava passando e agora corre para garantir seu lugar.
Apesar da negativa do advogado presidencial, o governo entrou na UTI com a prisão de Geddel Vieira Lima. Uma delação do correntista suíço equivaleria a desligar os aparelhos e encomendar a alma do paciente.
DERRUBADOR – No século passado, Carlos Lacerda (1914-77) ganhou a alcunha de “derrubador de presidentes”. Cunha se candidata a herdar o título, mesmo sem as qualidades do udenista.
A negociação deve fermentar o debate sobre as delações. Um personagem com a folha corrida do ex-deputado, envolvido em escândalos desde o governo Collor, merece ter a pena reduzida em troca de informações à Justiça? Se a lógica for chegar ao topo da quadrilha, é possível que sim

08 de julho de 2017
Mônica Bergamo
Folha

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