"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 9 de agosto de 2014

ISRAEL E HAMAS APROXIMAM-SE DO LIMITE DA DESTRUIÇÃO TOTAL DE GAZA

O Globo e a Folha de São Paulo, nas edições de ontem, primeira página, divulgam novo ataque de Israel a outra escola da ONU, na faixa de Gaza, classificado como ato criminoso por Bam Ki-Moon, secretário geral das Nações Unidas.
E acrescentou, com objetividade, que o conflito é uma loucura. Isso mesmo, colocou bem a questão essencial. Sobretudo porque verifica-se pelo noticiário internacional, as fotos publicadas e pelos telejornais, que Israel e Hamas aproximam-se do limite que ainda separa hoje a sobrevivência, por pequena que seja, de uma região ameaçada de destruição total.

Os bombardeios são incessantes, acarretando grande número de mortes e mutilações. Mas a tragédia não se esgota com as explosões. Gera outras consequências gravíssimas.
Entre elas, a dificuldade de enterrar os mortos, tarefa que passa a demandar dias seguidos, talvez semanas. Impossibilita e pronto atendimento médico aos feridos, o que eleva o número de falecimentos. Não há energia, cirurgias tornam-se impossíveis.

Com esse quadro extremamente crítico, as condições sanitárias desabam na proporção da fúria destruidora de prédios públicos e particulares. Como fica a rede de abastecimento de água? Como fica a rede de esgoto?
A simples colocação destas perguntas amplia o panorama do conflito armado, de fato uma loucura dos dois lados, como acentuou Bam Ki-Moon. Sobretudo porque não prevê qualquer desfecho lógico em momento algum.

RISCO DE EPIDEMIA

Destruir por destruir, expressão que se aplica aos dois lados, não leva a nada. Em primeiro lugar abre fortes perspectivas de uma epidemia na região. Epidemia múltipla em série, levando as populações a um plano francamente imprevisível. O Hamas é um movimento terrorista entre os palestinos. Mas Israel é um Estado organizado. Assim encontra-se investido de uma capacidade maior de previsão dos acontecimentos e suas consequências a curto e médio prazos.

Se chegou a uma tecnologia que permite a interceptação de mísseis no ar, evidentemente tem capacidade para antever todo o elenco de situações decorrentes da guerra. Quanto mais ela durar, mais se aprofundarão as consequências, maior número de habitantes tanto do próprio Israel (em muito menos número) quanto da Palestina, serão atingidos e tragados pelos efeitos concretos de loucuras.

EXPERIÊNCIAS

Como as guerras do Oriente Médio começaram em 1948, e atravessaram portanto seis décadas, não é por falta de experiência que se repetem. Impõe-se uma negociação que leve efetivamente ao cessar fogo. E, a meu ver, tal desfecho depende dos Estados Unidos. É o único país que apoia as ações de Israel, embora se empenhe nos bastidores para a concretização de um acordo. O Secretário de Estado John Kerry tem se empenhado a fundo nesse propósito. Porém seus esforços não têm superado o campo sempre flexível e ilusório da retórica.

A retórica não resolve o impasse, principalmente em toda sua profundidade. Semana passada, para citar um exemplo, numa entrevista coletiva na Casa Branca, o presidente Barack Obama dirigiu um apelo aos palestinos para que libertassem, sem condições, um soldado israelense aprisionado em combate. Dois dias depois revelou-se que o soldado em questão já estava morto. Morto em combate. Vítima da loucura da guerra e também de um processo de desinformação.

09 de agosto de 2014
Pedro do Coutto

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