Quase 80 anos depois, pela primeira vez surgem escândalos de mordomias, nepotismos e favorecimentos atingindo o SESI (Serviço Social da Indústria), em denúncia publicada no final de semana pela revista “Época”, envolvendo o ex-presidente Lula e integrantes da alta cúpula do PT, como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e os ex-deputados Jair Meneguelli e João Paulo Cunha.
Agora, é preciso investigar os demais órgãos do chamado Sistema S, pois tudo indica que também estejam enfrentando o mesmo problema de aparelhamento político/pessoal/familiar. Mas certamente não se chegará ao impressionante estágio de putrefação que se registra no SESI.
E o motivo é simples: há diferenças nos decretos que criaram as entidades do Sistema S, fazendo com que a exploração por predadores políticos seja bem mais facilitada no SESI e no SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), porque seus principais dirigentes são nomeados diretamente pelo presidente da República.
Duas fantasmas: Marlene, nora de Lula, e Márcia, mulher de João Paulo Cunha
SUCURSAL PESSOAL
Nomeado pelo então presidente Lula, Jair Meneguelli abandonou a carreira política e se sentiu à vontade para fazer um verdadeiro festival de favorecimentos no SESI, chegando ao ponto de criar uma sucursal do SESI em São Bernardo do Campo, com a única e exclusiva finalidade de facilitar a vida de duas funcionárias fantasmas (uma das noras de Lula e a mulher de João Paulo Cunha), num ato administrativo de extrema audácia e total despudor.
A nora de Lula, que alegou ter ganhado a sinecura no SESI por ser “formada em Eventos”, e a mulher do ex-deputado mensaleiro João Paulo Cunha, que se diz especialista em “Marketing”, são exemplo de uma realidade revoltante, que mostra até onde o PT pode descer na vala da corrupção.
SESC E SEST
É preciso ficar claro também que em outros serviços sociais (como o SESC, do Comércio, e o SEST, do Transporte), o nepotismo e o favorecimento ficam respectivamente por conta da apropriação indébita da Confederação Nacional do Comércio pelo empresário Antonio Oliveira Santos, que há mais de 30 anos está à frente da entidade e nomeia os dirigentes do SESC, e por conta da ditadura imposta na Confederação Nacional do Transporte por seu eterno presidente, o empresário Clésio Andrade, que chegou a ser senador da República e renunciou recentemente ao mandato, para não ser julgado por corrupção pelo Supremo.
Com a renúncia, o processo vai baixar para a Justiça Federal em Minas e o presidente da CNT acabará beneficiado pela prescrição dos crimes.
Por fim, que fique claro: mesmo nos serviços sociais em que o presidente da República não nomeia dirigentes, sempre há um jeito de ajudar os amigos, através das múltiplas vagas no Conselho de Administração que ficam reservadas para os Ministérios.
09 agosto de 2014
Carlos Newton
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