Rodrigo Bethlem era um político jovem que tinha tudo para dar certo, mas hoje é uma caricatura de si mesmo, com uma biografia atirada no lixo e um encontro marcado com o fracasso e o ostracismo.
O jovem deputado já está com os bens bloqueados desde segunda-feira, por determinação judicial, acusado de desvio de recursos públicos na época em que esteve à frente da Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura do Rio de Janeiro. Quem podia prever que fosse acabar assim?
Neto de general e cheio de banca, ele costumava convocar a imprensa e circulava pelas ruas do Rio de Janeiro de peito entufado e usando um espalhafatoso colete, empenhado numa implacável perseguição a pequenos comerciantes e camelôs. Demonstrava prazer nessa incansável e desumana tarefa, alegando que era preciso implantar no Rio de Janeiro a política do “Choque de Ordem”, e com isso ganhava as páginas da imprensa e os preciosos espaços nos telejornais. Mas tudo era apenas um factóide, seu interesse na política era bem outro.
A sociedade brasileira agora deveria agradecer à ex-mulher do parlamentar, Vanessa Felipe, que arrancou a máscara do ex-marido e mostrou que na realidade ele é um farsante, apenas mais um criminoso que usa a política para enriquecer ilicitamente. Mas Vanessa é considerada cúmplice e também está com os bens bloqueados judicialmente, vejam que situação estranha.
IGUAL AOS OUTROS
É preciso ficar claro que Bethlem não é nenhuma avis rara. Pelo contrário, assemelha-se à imensa maioria dos governantes, parlamentares e autoridades do Brasil, que usam a política apenas como um instrumento, pouco se importando com o interesse público.
Vamos falar francamente: nosso país é assim mesmo, os políticos são parecidos com o Hércules Quasímodo imortalizado por Euclides da Cunha, mas apenas no mau sentido. Antes de tudo, são seres disformes moralmente e se tornam fortes apenas pela força dos recursos desviados e dos ganhos com a corrupção.
Aqui no Rio de Janeiro, sabe-se que Bethlem é como o ex-governador Sergio Cabral e o ainda prefeito Eduardo Paes. Há abundantes provas de corrupção envolvendo os três, e o que não existe é vontade política de se fazer justiça. A única diferença entre eles é que Bethlem agiu de forma infantil e se deixou ser apanhado, enquanto Cabral e Paes seguirão impunes até o final dos tempos. Este é o retrato da política brasileira, temos de admitir. Uma espécie de circo dos horrores, em que as pessoas de bem precisam escolher o candidato menos pior, na hora de votar.
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