Em evento que a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu nessa quarta-feira com os três presidenciáveis mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PSDB, Aécio Neves, foi o que mais agradou aos empresários e dirigentes de entidades do agronegócio entre as fontes ouvidas pelo Valor PRO, serviço de notícia em tempo real do Valor.
Quando o assunto é segurança jurídica no campo, crise do etanol e seguro rural, questões que mais preocupam o setor atualmente, Aécio se posicionou mais claramente, segundo interlocutores do segmento agropecuário. Eduardo Campos (PSB) pouco apresentou e a presidente Dilma Rousseff (PT) apenas defendeu ações de seu governo com relação a esses temas, avaliadas como fracas por alguns representantes do setor.
"O Aécio é disparado o candidato do agronegócio, pode perguntar para vários empresários aqui", disse o vice-presidente da Federação da Agricultura Pecuária do Estado do Mato Grosso (Famato). Para ele, apesar de Campos ser o candidato que melhor se comunica, Aécio tem consultores de currículo e especializados na área agropecuária. "O senador [Aécio] é o que está mais bem assessorado e tem dois ex-ministros da Agricultura em sua equipe, o Roberto Rodrigues e o Alysson Paulinelli", avaliou.
Um produtor rural da Bahia, que preferiu falar em condição de anonimato, considerou que o candidato mineiro foi quem mais se propôs a dizer o que vai fazer, e não só reconhecer os problemas do setor. "Mas o discurso do Eduardo chama muita atenção na parte de pesquisa agropecuárias, de dar prioridade à inovação."
Já a presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar, Elizabeth Farina, destacou as falas de Aécio e Eduardo de apoio ao setor de etanol, que vive dificuldades financeiras, fechamento de fábricas e baixo faturamento. "Saio do evento com satisfação de ver o etanol e a agroenergia fazendo parte dos discursos do Aécio e do Eduardo", avaliou. "E fico decepcionada de que esses assuntos não tenham sido mencionados pela presidente Dilma."Segundo a presidente da Unica, cerca de 60 usinas de etanol fecharam as portas nos últimos anos, 40 delas localizadas apenas na região Centro-Sul.
O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, Luis Cláudio Paranhos, também elogiou a postura de ambos os candidatos de oposição ao governo de terem incluído na pauta o fortalecimento político do Ministério da Agricultura. "A sensação que ficou é de que as apresentações do Aécio e do Eduardo falaram em valorizar a gestão do Mapa [Ministério da Agricultura], que tem sido muito enfraquecido nos últimos governos", comentou.
Parte de representantes do setor ouvidos, porém, apoia o governo da presidente Dilma, por causa da política de crédito. Algumas fontes do agronegócio, que participaram do evento de sabatina aos candidatos, chegaram a mencionar o carisma e o perfil moderno de gestão presentes nas falas de Eduardo Campos
Conforme declarou uma fonte representante de uma das principais entidades do setor pecuário, "tem muita gente no nosso meio que gostaria de votar no Eduardo, mas o posicionamento ideológico da Marina Silva ainda assusta". Segundo ele, o bom desempenho de Eduardo na sabatina, se comprometendo em dar atenção para a área de defesa sanitária, não foi suficiente para melhorar a imagem de sua chapa presidencial.
No geral, representantes do setor elogiaram e aplaudiram a iniciativa dos três presidenciáveis de aceitar dialogar sobre propostas para a agropecuária. "Na eleição de 2010 só o [José] Serra compareceu ao evento da CNA", disse Eduardo Riedel, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul).
(Valor Econômico)
09 de agosto de 2014
in coroneLeaks
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