Uma das “vacas sagradas” da esquerda atua – além da eterna reverência ao velhaco Karl Marx – são os modelos econômicos e sociais dos países nórdicos, notadamente o sueco. Não raro, sempre que tentamos demonstrar as inegáveis vantagens do capitalismo sobre quaisquer modelos socialistas, chovem argumentos baseados no sucesso dos sistemas de bem estar praticados naqueles países.
Já tive a oportunidade de escrever acerca do modelo sueco, explicando que a Suécia é uma economia de mercado, engessada, em boa medida, pelo pesado fardo de um Estado inchado, malgrado bastante eficiente, pelo menos quando comparado com a maioria dos demais Estados. Embora os arautos da esquerda enxerguem na Suécia um exemplo indiscutível de como combinar altos níveis de prosperidade e qualidade de vida com altos índices de redistribuição de renda, a história revela algo bem distinto: o sucesso daquela nação nórdica não decorre das políticas de bem-estar, mas apesar delas.
Independentemente das discussões acerca da sua eficiência econômica, a maior prova de que, mesmo após a introdução do modelo de bem estar, a Suécia – assim como os demais países do norte europeu – continuou respeitando todas as instituições clássicas do modelo capitalista; como lembrou o economista Scott Summer, está no ranking de Liberdade Econômica divulgado pela Heritage Foundation. De acordo com ele Hong Kong e Singapura estão há anos nos primeiro e segundo lugares da publicação. No entanto, se nós restringirmos a análise a 8 das 10 categorias que formam o ranking (deixando de fora os quesitos impostos e gastos do governo), quem apareceria em primeiro lugar seria a Dinamarca, enquanto a Suécia ficaria entre os seis primeiros.
Portanto, apesar de possuírem cargas tributárias e gastos públicos elevados, os países nórdicos apresentam níveis elevadíssimos de liberdade nos negócios, no mercado de trabalho (legislação trabalhista), liberdade de comércio (principalmente com o exterior), liberdade financeira e de investimentos.
Alguns dirão que a Heritage Foundation é uma instituição conservadora e, portanto, não confiável. Ocorre que os países nórdicos também figuram todos no topo do ranking “Doing Business”, divulgado pelo Banco Mundial. De acordo com esse estudo, também anual, a Dinamarca aparece em 5º, a Noruega em 9º e a Suécia em 14º lugar, entre os 189 países analisados. Isso quer dizer que o ambiente de negócios nessas nações, consideradas por muitos da esquerda como exemplo de socialismo moderno, é muito mais atrativo aos investimentos privados do que vários daqueles tachados rotineiramente pela própria esquerda de modelos neoliberais, como o Brasil.
Em resumo, como demonstram os dados acima, altos impostos e gastos públicos elevados, por si sós, não são sinônimos de socialismo.
João Luiz Mauad é Administrador de Empresas e Diretor do Instituto Liber
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