Eles não estão organizados num movimento. É cada um por si, e o diabo por todos. Não têm ideologia política nem religião específica. Não usam máscaras. Ou melhor, suas máscaras são invisíveis - por isso, mais perigosas. Se existe algo em comum entre os White Blocs no Brasil, é a quase certeza da impunidade ou da punição suave.
Eles ocupam uma posição de poder e autoridade. Esses vândalos de terno, farda ou roupa de grife têm objetivos semelhantes: roubar e desviar dinheiro nosso e, em alguns casos, matar inocentes e arquivos ambulantes. Sua ação insidiosa, dentro dos governos e das instituições, ameaça a democracia e destrói valores. Provoca a descrença geral e é munição incendiária para jovens extremistas - que também sabotam a democracia.
Os White Blocs (WB) não são maioria no Brasil e não podem ser encarados como representantes do caráter nacional. Os WB tampouco pertencem a um partido político apenas. A corrupção é transversal. Ou suprapartidária. É assim também com os Black Blocs. Eles não são partidários nem representam a maioria dos jovens, dos universitários, da nova classe média, da periferia ou da favela.
O Brasil pacífico e honesto detesta os Black Blocs, como comprovam as pesquisas. Odiamos quebra-quebra, por princípio e fim. O Brasil honesto e trabalhador também detesta os White Blocs. E não precisa de pesquisa para detectar o sentimento diante dos escândalos bilionários que empobrecem o país e deseducam o povo. É indignação, igual àquela que nos invade quando vemos ônibus incendiados e postos de saúde e universidades depredados. Os White Blocs são vândalos de nossa alma. Promovem o quebra-quebra da esperança num país melhor.
Se condenamos os Black Blocs, radicais pela violência que deturpa os protestos legítimos, o que fazer com os White Blocs, em gabinetes pelo Brasil afora e jamais encontrados em passeatas? A primeira sugestão é que a sociedade entenda como os WB são semelhantes entre si - em método e objetivo. A segunda é expurgar e punir esses baderneiros morais para desencorajar desvios e abusos. A terceira - deveria ser a primeira em importância - é educar direito, em quantidade e qualidade, as novas gerações.
Eis alguns exemplos recentes de White Blocs:
1.Os fiscais suspeitos de fraudes nas prefeituras de São Paulo. De Kassab e Haddad. Um descalabro. O meio bilhão de reais pode estar subestimado, porque a cada dia surgem mais personagens na máfia do ISS. A lama subirá mais, porque os braços direito e esquerdo já caíram. Se um assessor de confiança na maior cidade do país recebe uma mesada de R$ 20 mil, como dizer aos filhos o que é certo e errado?
2.As empresas que pagaram propina aos fiscais das prefeituras de São Paulo para ganhar contratos. Não seriam elas corruptoras? Por que, de repente, parecem apenas vítimas da ganância dos fiscais?
3. 0 Congresso, que continua contrário à cassação automática de condenados pelo Supremo Tribunal Federal. Ignora a instância máxima da Justiça no país e a Lei da Ficha Limpa, incitando à desordem e à anarquia.
4. A Câmara e o Senado também agridem nossa inteligência, ao empurrar com a barriga a aprovação do voto aberto. Tirem as máscaras, assumam suas posições! Acabem com o voto secreto no Legislativo!
5. Os mensaleiros de qualquer partido e qualquer cargo. Eles transformam o que deveria ser uma atividade respeitável num reles balcão de dinheiro e venda de favores.
6. Os governadores que multiplicam seu patrimônio privado, com relações impróprias e negócios escusos. Rio de Janeiro e São Paulo ficaram na mira implacável dos eleitores em 2013. A última denúncia é sobre o cartel dos trens em São Paulo, cujas empresas são acusadas de pagar propina.
7. Deputados, senadores e ex que ganham supersalários, em desrespeito ao Tribunal de Contas da União (TCU). O campeão é o White Bloc imortal José Sarney, com R$ 61.700 mensais. O teto constitucional é de R$ 28.059,29. O Congresso se recusa a liberar as folhas salariais. Viola a Lei de Acesso à Informação. Incita, portanto, à desobediência civil.
8. Os desmatadores da Amazônia, que nos envergonham.
9. O pastor Marcos Pereira, condenado a 15 anos de prisão por estupro no Rio. Quem se vale da autoridade espiritual para cometer crimes é White Bloc ao cubo.
10. Os PMs que desonram sua farda. Entre eles, os que torturaram até a morte o pedreiro Amarildo, na UPP da Rocinha, no Rio. E o que matou com um tiro no peito Douglas Rodrigues, de 17 anos, num bar em São Paulo. Ele foi solto e disse que o tiro foi “acidental”, uma “infelicidade”.
Parei no 10 porque a página acabou.
Eles ocupam uma posição de poder e autoridade. Esses vândalos de terno, farda ou roupa de grife têm objetivos semelhantes: roubar e desviar dinheiro nosso e, em alguns casos, matar inocentes e arquivos ambulantes. Sua ação insidiosa, dentro dos governos e das instituições, ameaça a democracia e destrói valores. Provoca a descrença geral e é munição incendiária para jovens extremistas - que também sabotam a democracia.
Os White Blocs (WB) não são maioria no Brasil e não podem ser encarados como representantes do caráter nacional. Os WB tampouco pertencem a um partido político apenas. A corrupção é transversal. Ou suprapartidária. É assim também com os Black Blocs. Eles não são partidários nem representam a maioria dos jovens, dos universitários, da nova classe média, da periferia ou da favela.
O Brasil pacífico e honesto detesta os Black Blocs, como comprovam as pesquisas. Odiamos quebra-quebra, por princípio e fim. O Brasil honesto e trabalhador também detesta os White Blocs. E não precisa de pesquisa para detectar o sentimento diante dos escândalos bilionários que empobrecem o país e deseducam o povo. É indignação, igual àquela que nos invade quando vemos ônibus incendiados e postos de saúde e universidades depredados. Os White Blocs são vândalos de nossa alma. Promovem o quebra-quebra da esperança num país melhor.
Se condenamos os Black Blocs, radicais pela violência que deturpa os protestos legítimos, o que fazer com os White Blocs, em gabinetes pelo Brasil afora e jamais encontrados em passeatas? A primeira sugestão é que a sociedade entenda como os WB são semelhantes entre si - em método e objetivo. A segunda é expurgar e punir esses baderneiros morais para desencorajar desvios e abusos. A terceira - deveria ser a primeira em importância - é educar direito, em quantidade e qualidade, as novas gerações.
Eis alguns exemplos recentes de White Blocs:
1.Os fiscais suspeitos de fraudes nas prefeituras de São Paulo. De Kassab e Haddad. Um descalabro. O meio bilhão de reais pode estar subestimado, porque a cada dia surgem mais personagens na máfia do ISS. A lama subirá mais, porque os braços direito e esquerdo já caíram. Se um assessor de confiança na maior cidade do país recebe uma mesada de R$ 20 mil, como dizer aos filhos o que é certo e errado?
2.As empresas que pagaram propina aos fiscais das prefeituras de São Paulo para ganhar contratos. Não seriam elas corruptoras? Por que, de repente, parecem apenas vítimas da ganância dos fiscais?
3. 0 Congresso, que continua contrário à cassação automática de condenados pelo Supremo Tribunal Federal. Ignora a instância máxima da Justiça no país e a Lei da Ficha Limpa, incitando à desordem e à anarquia.
4. A Câmara e o Senado também agridem nossa inteligência, ao empurrar com a barriga a aprovação do voto aberto. Tirem as máscaras, assumam suas posições! Acabem com o voto secreto no Legislativo!
5. Os mensaleiros de qualquer partido e qualquer cargo. Eles transformam o que deveria ser uma atividade respeitável num reles balcão de dinheiro e venda de favores.
6. Os governadores que multiplicam seu patrimônio privado, com relações impróprias e negócios escusos. Rio de Janeiro e São Paulo ficaram na mira implacável dos eleitores em 2013. A última denúncia é sobre o cartel dos trens em São Paulo, cujas empresas são acusadas de pagar propina.
7. Deputados, senadores e ex que ganham supersalários, em desrespeito ao Tribunal de Contas da União (TCU). O campeão é o White Bloc imortal José Sarney, com R$ 61.700 mensais. O teto constitucional é de R$ 28.059,29. O Congresso se recusa a liberar as folhas salariais. Viola a Lei de Acesso à Informação. Incita, portanto, à desobediência civil.
8. Os desmatadores da Amazônia, que nos envergonham.
9. O pastor Marcos Pereira, condenado a 15 anos de prisão por estupro no Rio. Quem se vale da autoridade espiritual para cometer crimes é White Bloc ao cubo.
10. Os PMs que desonram sua farda. Entre eles, os que torturaram até a morte o pedreiro Amarildo, na UPP da Rocinha, no Rio. E o que matou com um tiro no peito Douglas Rodrigues, de 17 anos, num bar em São Paulo. Ele foi solto e disse que o tiro foi “acidental”, uma “infelicidade”.
Parei no 10 porque a página acabou.
18 de novembro de 2013
RUTH DE AQUINO, REVISTA ÉPOCA
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