Henrique Pizzolato: Petista foragido montou caixa do mensalão. Henrique Pizzolato foi responsável pelo desvio de 77 milhões de reais e recebeu ao menos 326.000 em propina
Criminoso condenado e foragido da Justiça, o petista Henrique Pizzolato – agora na lista de procurados da Interpol - teve papel central no abastecimento do mensalão. Ele permitiu o desvio de mais de 77 milhões de reais para o esquema criminoso, e embolsou ao menos 326.000 reais em propina.
Pizzolato deixou o Brasil semanas antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar sua prisão por seu envolvimento no esquema do mensalão. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil (BB) aproveitou-se de sua cidadania italiana e fugiu para a Europa. Só depois que a prisão foi decretada, entretanto, é que a trapaça veio à tona. O ingresso do foragido na lista da Interpol, que é praxe em casos do tipo, precisa ser pedido pelo Ministério da Justiça.
Agora, Pizzolato deve sustentar a tese lunática de que foi vítima de um julgamento de exceção, sem respeito à ampla defesa. O petista anunciou, em carta, que vai pedir um novo julgamento na Justiça italiana - a mesma que, segundo o próprio PT, agiu de forma persecutória ao condenar o terrorista Cesare Battisti.
O petista também admitiu ter recebido um envelope com 326.000 reais no Banco Rural. Os recursos foram oferecidos por Marcos Valério. Pizzolato diz que apenas transportou o objeto até o PT: "Eu não sabia que era dinheiro. Fui usado", disse ele. O Supremo Tribunal Federal não acreditou na farsa.
Henrique Pizzolato foi considerado culpado dos crimes de peculato, corrupção ativa e formação de quadrilha. Com sua pena de doze anos e sete meses de prisão, o mensaleiro iniciaria o cumprimento da pena em regime fechado. Ficaria pelo menos dois anos e um mês encarcerado.
O mensaleiro, servidor de carreira do Banco do Brasil, trabalhou na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, como arrecadador de fundos. Depois, assumiu a diretoria no BB. Antes mesmo do mensalão, foi acusado de direcionar recursos públicos para grupos vinculados ao PT. Em 2004, por exemplo, autorizou o Banco do Brasil a comprar 70.000 reais em ingressos de um show cuja renda foi revertida para o partido.
O petista, que tem uma predileção especial por gravatas-borboletas, comprou um apartamento no Rio de Janeiro pouco tempo depois de receber os 326.000 reais do esquema. Pagou 400.000 reais pelo imóvel – 300.000 no ato da compra. Após o escândalo, ele pediu aposentadoria do banco e passou a receber vencimentos na casa dos 13.000 reais.
No ano passado, Pizzolato já havia dado sinais de que poderia fugir. Mesmo após a condenação, ele deixou o Brasil sem avisar a Justiça. Todos os mensaleiros tiveram de entregar seus passaportes brasileiros à Polícia Federal. Mas a dupla cidadania de Pizzolato permitiu que ele viajasse à Itália. Ele retornou em outubro, votou nas eleições municipais e deixou o Brasil novamente dias depois. Não deve voltar tão cedo.
18 de novembro de 2013
Gabriel Castro - Veja
Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil
(Rodrigo Paiva/AE)
Criminoso condenado e foragido da Justiça, o petista Henrique Pizzolato – agora na lista de procurados da Interpol - teve papel central no abastecimento do mensalão. Ele permitiu o desvio de mais de 77 milhões de reais para o esquema criminoso, e embolsou ao menos 326.000 reais em propina.
Pizzolato deixou o Brasil semanas antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar sua prisão por seu envolvimento no esquema do mensalão. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil (BB) aproveitou-se de sua cidadania italiana e fugiu para a Europa. Só depois que a prisão foi decretada, entretanto, é que a trapaça veio à tona. O ingresso do foragido na lista da Interpol, que é praxe em casos do tipo, precisa ser pedido pelo Ministério da Justiça.
Agora, Pizzolato deve sustentar a tese lunática de que foi vítima de um julgamento de exceção, sem respeito à ampla defesa. O petista anunciou, em carta, que vai pedir um novo julgamento na Justiça italiana - a mesma que, segundo o próprio PT, agiu de forma persecutória ao condenar o terrorista Cesare Battisti.
Pizzolato teve uma função primordial no esquema do mensalão porque permitiu o abastecimento financeiro do esquema criminoso. As fraudes comandadas por ele no fundo Visanet somam 73,8 milhões de reais - valor que foi desviado para empresas do publicitário Marcos Valério com a utilização de notas frias. Outros 2,9 milhões foram pagos indevidamente, como bônus, a uma das agências de Valério. Do núcleo publicitário, o dinheiro era distribuído a parlamentares da base aliada.
O petista também admitiu ter recebido um envelope com 326.000 reais no Banco Rural. Os recursos foram oferecidos por Marcos Valério. Pizzolato diz que apenas transportou o objeto até o PT: "Eu não sabia que era dinheiro. Fui usado", disse ele. O Supremo Tribunal Federal não acreditou na farsa.
Henrique Pizzolato foi considerado culpado dos crimes de peculato, corrupção ativa e formação de quadrilha. Com sua pena de doze anos e sete meses de prisão, o mensaleiro iniciaria o cumprimento da pena em regime fechado. Ficaria pelo menos dois anos e um mês encarcerado.
O mensaleiro, servidor de carreira do Banco do Brasil, trabalhou na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, como arrecadador de fundos. Depois, assumiu a diretoria no BB. Antes mesmo do mensalão, foi acusado de direcionar recursos públicos para grupos vinculados ao PT. Em 2004, por exemplo, autorizou o Banco do Brasil a comprar 70.000 reais em ingressos de um show cuja renda foi revertida para o partido.
O petista, que tem uma predileção especial por gravatas-borboletas, comprou um apartamento no Rio de Janeiro pouco tempo depois de receber os 326.000 reais do esquema. Pagou 400.000 reais pelo imóvel – 300.000 no ato da compra. Após o escândalo, ele pediu aposentadoria do banco e passou a receber vencimentos na casa dos 13.000 reais.
No ano passado, Pizzolato já havia dado sinais de que poderia fugir. Mesmo após a condenação, ele deixou o Brasil sem avisar a Justiça. Todos os mensaleiros tiveram de entregar seus passaportes brasileiros à Polícia Federal. Mas a dupla cidadania de Pizzolato permitiu que ele viajasse à Itália. Ele retornou em outubro, votou nas eleições municipais e deixou o Brasil novamente dias depois. Não deve voltar tão cedo.
18 de novembro de 2013
Gabriel Castro - Veja
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