Agora vamos analisar rapidamente o caso da Dinamarca. O país é o nono lugar no ranking de liberdade econômica do Heritage Foudation. Abaixo, um resumo que justifica essa posição, segundo os analistas da instituição:
A economia dinamarquesa desempenha muito bem em termos de eficiência regulatória, e as políticas de mercado aberto sustentam flexibilidade, competitividade e grandes fluxos de comércio e investimento. O ambiente regulatório e legal transparente e eficiente incentiva a robusta atividade empresarial.
Regulamentos bancários são sensatos e práticas de crédito têm sido relativamente prudentes. As pressões inflacionárias estão sob controle. O sistema judicial oferece forte proteção dos direitos de propriedade, e as medidas anti-corrupção estão firmemente institucionalizadas.
A turbulência da dívida soberana europeia implica riscos elevados para a Dinamarca, especialmente no que diz respeito à solidez do setor financeiro e de sustentabilidade fiscal de longo prazo. O setor bancário tem estado sob pressão crescente, e os gastos públicos continuam a ser mais da metade do tamanho da economia.
O regime fiscal necessário para financiar o grande escopo do governo continua a ser oneroso e complexo, apesar de ativos institucionais, como um alto grau de eficiência das empresas e a flexibilidade regulamentar, terem contrabalançado algumas das deficiências dos pesados gastos sociais.
Proteções para os direitos de propriedade são fortemente aplicadas, com um sistema judicial independente e justo, institucionalizado em toda a economia. Leis comerciais e de falência são aplicadas de forma consistente. Direitos de propriedade intelectual são respeitados, e a aplicação é consistente com os padrões mundiais. Medidas eficazes de combate à corrupção desencorajam o suborno de funcionários públicos e defendem a integridade do governo.
O ambiente regulatório continua sendo um dos mais eficientes do mundo. Requisitos mínimos de capital para as empresas limitadas foram reduzidos, e começar um negócio leva menos procedimentos do que as médias mundiais. Contratação e demissão relativamente flexíveis sustentam um mercado de trabalho eficiente. A estabilidade monetária continua bem estabelecida. O governo tomou pequenos passos em 2012, de cortar benefícios do Estado de bem-estar e custos.
O regime de comércio da Dinamarca, similar ao de outros membros da UE, é bastante competitivo e promove o crescimento dinâmico do comércio na maioria dos setores. Tarifas aplicadas ficam em média no baixo patamar de 1,6%. A economia é uma das mais abertas do mundo no que diz respeito ao investimento estrangeiro, bem como o código de investimento é transparente e administrado de forma eficiente. O setor financeiro diversificado tem experimentado um período de instabilidade, com um número de bancos com um mau desempenho.
Em resumo, a Dinamarca tem uma economia bastante aberta, com forte proteção à propriedade privada, estabilidade monetária, leis trabalhistas bem flexíveis, ambiente regulatório simples e dinâmico, e implacável combate às práticas de corrupção. Parece algo similar ao que o PSOL ou o PT defendem? Parece um país socialista?
A única parte que remete ao socialismo é o tamanho da carga tributária, de fato astronômica. Não é o que faz da Dinamarca um país rico, sem dúvida. É, ao contrário, um fardo que o país carrega por ser rico. Poderia ser muito mais rico sem isso.
Mas é justamente o lado podre que atrai tanta admiração de nossa esquerda, que ignora solenemente todo o lado bom, responsável pelo relativo sucesso, pela riqueza. O lado bastante capitalista, que seria suficiente para que o pequeno país fosse tachado de “ultraliberal” até mesmo pela nossa esquerda mais light, como o PSDB.
E nem vamos mencionar que a Dinamarca, como a Suécia, é uma monarquia constitucional com sistema parlamentar, pois isso poderia produzir forte dissonância cognitiva em nossos queridos colegas da esquerda tupiniquim em busca de um “messias salvador da Pátria” bem populista e demagogo no hiper-presidencialismo latino-americano…
18 de novembro de 2013
Rodrigo Constantino
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