Objetivo é ajudar país vizinho a enfrentar situação de desabastecimento
O governo brasileiro tenta convencer empresários brasileiros e empresas de trading a aumentar seus negócios com a Venezuela. A tarefa está sendo executada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, que esteve há cerca de duas semanas em Caracas, com o presidente Nicolás Maduro, acompanhado do assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.
Não se cogita ajuda direta do governo brasileiro aos venezuelanos, que sofrem com o desabastecimento de bens essenciais, como alimentos, combustíveis e artigos de higiene e limpeza. As autoridades brasileiras falam aos exportadores sobre as oportunidades naquele país e lembram que as vendas de bens e serviços podem ser financiadas pelo Programa de Financiamento às Exportações (Proex).
A Venezuela, que desde o início deste ano é membro pleno do Mercosul, ganhou prioridade para o governo Dilma Rousseff e conta com a ajuda da economia mais forte do bloco sul-americano. Já é um dos principais compradores de produtos brasileiros, mas enfrenta séria crise econômica.
Essa vontade política de pôr a Venezuela em destaque como destino de exportações financiadas pelo Proex foi sinalizada por Marco Aurélio Garcia, na última segunda-feira, em entrevista ao jornal “Valor Econômico”. O assessor presidencial declarou que “o governo venezuelano quer fazer um grande estoque de alimentos e outros bens que permita enfrentar a situação de desabastecimento”. Disse, ainda, que “o que se acertou foi a compra maciça de bens do Brasil”.
Apesar dessa disposição do governo em ajudar o vizinho, o atraso no pagamento de bens comprados de exportadores brasileiros é um fator de irritação e tem sido tema recorrente entre autoridades brasileiras e venezuelanas. A solução, no entanto, está longe de aparecer devido à escassez de divisas na Venezuela. O impasse dura cerca de cinco anos.
Em Caracas, Pimentel e Garcia voltaram a cobrar agilidade no pagamento
O motivo do impasse está no Cadivi, órgão governamental venezuelano que administra as dívidas do país e é acusado de atrasar os pagamentos. Somente em meados deste ano, o valor que deveria ser repassado aos importadores locais estava entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões, sendo US$ 1,5 bilhão desse total relacionados a compras de produtos brasileiros.
De janeiro a agosto deste ano, o Brasil exportou US$ 2,7 bilhões para a Venezuela, uma queda de 16,5% em relação a 2012. Os principais produtos vendidos para aquele país foram carnes em geral, bebidas, açúcar, aviões e pneus.
06 de novembro de 2013
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