Memória
Nacional
Às vésperas da proclamação da
república,
lamentando o fato de Pedro II estar divorciado das coisas militares,
Eduardo Prado, político e historiador, um monarquista convicto,
admitiu que existia no Brasil
"um exército esquecido, mal organizado, mal instruído, e mal pago".
lamentando o fato de Pedro II estar divorciado das coisas militares,
Eduardo Prado, político e historiador, um monarquista convicto,
admitiu que existia no Brasil
"um exército esquecido, mal organizado, mal instruído, e mal pago".
E o que fizeram
os Militares?
Palavras de
Benjamim Constant em reunião
do Clube Militar, em 9 de novembro de 1889,
após criticar o governo imperial pelas
hostilidades contra os militares:
do Clube Militar, em 9 de novembro de 1889,
após criticar o governo imperial pelas
hostilidades contra os militares:
“Mais do que nunca preciso que me sejam
dados plenos poderes
para tirar a classe militar de um estado de coisas
incomparável com a honra e a dignidade.
Comprometo-me, sob palavra,
se não encontrar dentro de oito dias
uma solução honrosa para o Exército e a Pátria,
resignar aos empregos públicos e quebrar minha espada”.
para tirar a classe militar de um estado de coisas
incomparável com a honra e a dignidade.
Comprometo-me, sob palavra,
se não encontrar dentro de oito dias
uma solução honrosa para o Exército e a Pátria,
resignar aos empregos públicos e quebrar minha espada”.
Em
15 de novembro ombreava
com o Marechal Deodoro da Fonseca
na Proclamação da República.
...Em consequência desses governos mal intencionados, temos hoje, novamente, Forças Armadas esquecidas, mal equipadas, mal instruídas, mal pagas e divididas?com o Marechal Deodoro da Fonseca
na Proclamação da República.
E o que fazem
os Militares?
Estarão sepultadas
as memórias de
Benjamim Constant
e de
Castelo Branco?
Onde andará
o autêntico
Espírito Militar
Brasileiro?
X.X
O Clube Militar – A Casa da República
As Forças
Armadas constituem a única categoria que não possui sindicatos ou entidades que
tratem de seus salários e defendam os seus direitos trabalhistas.
De igual
modo, não possuem agremiações que se pronunciem a seu favor ou contra os
ataques que sofram de outras entidades, inclusive as governamentais.
A
Constituição não permite. É uma pretensa salvaguarda do poder civil, quanto à
predominância do poder militar.
Nada a
reclamar. A democracia é a nossa meta, de civis e de militares.
Nas
últimas décadas, assustados pelo que os militares podem fazer para chegar ao
poder, ou coibir a chegada ao poder de um bando de canalhas, foram criados
inúmeros mecanismos para desprestigiar as autoridades militares.
Com o
Ministro da Defesa e a figura do Chefe do
Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), foram
estabelecidas duas barreiras entre os Comandantes Militares e o chefe da Nação.
Assim,
qualquer assunto de interesse dos militares antes deverá ser tratado pelo
Ministro da Defesa e o seu Assessor, que a seu critério levará as suas decisões
ou da presidência para os Comandantes das Forças.
Sabemos o
desprestígio que tem ocorrido, pois nem nos desfiles oficiais, os Comandantes
Militares têm a honra de ocupar a sua posição de destaque no palanque das
autoridades.
O Clube
Militar do Rio de Janeiro, fundado em 26 de
junho de 1887, para muitos, deve ser apenas uma agremiação
esportiva e social.
Lá, se
podem disputar torneios de xadrez, jogos de “pingue – pongue”, natação,
promover bailes, encontros literários, e outras amenidades para manter os
sócios, em geral da reserva, numa redoma telúrica.
É um
similar dos jardins dos duendes e das sílfides.
Mas nem
sempre foi assim. Lá germinaram e foram difundidos sonhos e aspirações,
indignações e posições.
O Clube
foi criado como ambiente de eventos sociais, não políticos, porém na falta de
locais destinados ao trato dos interesses militares, nada mais natural que os
seus sócios, entre uma partidinha de damas ou de palitinhos,
abordem seus espantos e incredulidades.
No
próximo ano, teremos a eleição do novo Presidente. Temos quatro candidatos,
todos de excelentes predicados, alguns com experiência anterior na diretoria do
Clube.
É uma boa
notícia, pois todos eles percebem que esperamos do Clube algo mais do que
tertúlias quiméricas e desfiles de moda, e que repitam as retumbantes posições
do Clube em situações que se caracterizavam pela perda da soberania e ameaça à
democracia nacional.
Isto em “priscas
eras”, quando os Comandantes despachavam, pessoalmente, com o Chefe da
Nação
No seu histórico,
encontramos memoráveis e vibrantes assembleias
que marcaram fatos de grande significado para a vida nacional, como as
Campanhas Abolicionista e Republicana, a instituição do Serviço Militar
Obrigatório e as homenagens à FEB em seu regresso.
Portanto, o Clube é bem mais do que gostariam os puros de espírito, mas
ingênuos de coração. O Clube é uma postura de dignidade, de uma grandeza que
precisa ser preservada e respeitada.
Os candidatos se propõem em prosseguir, como no passado, a sua
trajetória; contudo, um por ter elaborado em 09 de março de 2012, o Manifesto
dos Militares, conduta que estremeceu algumas autoridades que pretenderam
sancionar disciplinarmente os infratores, merece destaque na situação de porcos
selvagens encurralados em que vivemos.
Esperamos que o futuro presidente, qualquer deles, seja desassombrado,
que haja com firmeza, respeitando e sendo respeitado, e cumprindo as
determinações superiores, se dignas, e, do contrário, que se danem, pois o
Clube, ao contrário das Instituições Militares, não é subordinado às tiranias e
às injustiças de um desgoverno revanchista.
Brasília, DF, 05 de novembro de 2013
Sarides Freitas
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