"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

EM 2005, NEGOCIATAS DA FRIBOI JÁ ERAM NOTÓRIAS, MAS NÃO HOUVE PUNIÇÃO


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Os irmãos Metralha criaram o cartel da cartel
Há 12 anos, Joesley Batista sofreu na carne uma ação semelhante à que protagonizou no Palácio do Jaburu, vinda a público na semana passada. Desta vez, foi ele quem levou o gravador a uma reunião com o presidente Michel Temer; em 2005, o aparelho estava em outras mãos. Na ocasião, ao lado do irmão José Batista Junior, então um dos proprietários do frigorífico Friboi, foi alvo de uma gravação clandestina.
Era o início da ampliação do grupo, que, com dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), adquiria unidades frigoríficas em dificuldades financeiras. Ao comprar, assumia as dívidas das empresas, mas pedia ao banco dinheiro extra como capital de giro para gerir os negócios do frigorífico em dificuldades.
CARTEL DA CARNE – Uma série de reportagens publicadas na Folha em 2005 revelou que, em gravação, os donos da Friboi admitiam formação de cartel no setor de carne e ilegalidades nos contratos com o BNDES.
José Batista Junior dizia, no registro gravado, que o seu frigorífico e outros três determinavam os preços de mercado do boi gordo.
Seu irmão Joesley Mendonça Batista, por sua vez, reconheceu ter contrato de gaveta com o BNDES. A informação apareceu em gravação de conversa feita por executivos do frigorífico Araputanga, à qual a Folha teve acesso.
AVANÇO RÁPIDO – Foram muitos os percalços enfrentados pelo Friboi, mas nada que comprometesse o avanço rápido da empresa. De um lado, Batista Junior, com pretensões de ser governador de Goiás pelo PSDB, viu o sonho se desmilinguir.
De outro, a empresa foi acusada de fazer exportações para a União Europeia e para Rússia por meio de um expediente: a fim de enviar carnes não autorizadas para essas regiões, usava um número de SIF (Sistema de Inspeção Federal) de um frigorífico de uma área liberada.
À época, tanto o BNDES como o Friboi e os demais frigoríficos envolvidos no escândalo refutaram as acusações.
NÃO HOUVE NADA – A grita de pecuaristas e varejistas fez que a Câmara de Agricultura exigisse a suspensão de novos empréstimos do BNDES —até então em R$ 568 milhões— para o Friboi, o que, todavia, não surtiu efeito.
Além disso, Câmara e Senado resolveram criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, que, porém, não foi adiante. Parlamentares disseram que as irregularidades existiam, mas as discussões prejudicariam a imagem do Brasil no exterior. Nascia ali a escalada exponencial do Friboi no mercado interno e externo. A ausência de discussões sérias naquele momento deu asas ao surgimento da maior empresa de carnes do mundo.
Embora a fita tenha sido periciada por Ricardo Molina, da Unicamp, Wesley Mendonça Batista, outro sócio do Friboi, disse, à época, que era uma montagem.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Os três agiam como se fossem os irmãos Metralha. O mais velho, João Batista Júnior, que criou o cartel da carne, vendeu sua parte para Joesley e Wesley e deixou a bronca estourar em cima dos irmãos mais novos. Recordar é viver. (C.N.)

25 de maio de 2017
Mauro Zafalon
Folha

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