Duas belas jornalistas – Cláudia Cruz e Ticiana Villas Boas – que foram apresentadores de jornais da TV Globo (a Cláudia) e da TV Bandeirantes (a Ticiana ), após deixarem a televisão, passaram a despertar o interesse e a curiosidade do povo. Motivo: o que seus maridos aprontaram. E nem é preciso tornar a relembrar o que os maridos fizeram. Todos sabemos. São eles, o ex-deputado Eduardo Cunha, esposo de Cláudia e que está preso; e Joesley Batista, esposo de Ticiana e que deveria estar preso também. A propósito de um texto que começou a circular na internet, escrito por Ticiana Haas Villas Bôas, filha do General Villas Bôas, mostrando não ser ela a Ticiana esposa de Joesley, a mim enviado pelo colega João Amaury Belem e cujo teor vai reproduzido a seguir, me veio à memória fato comigo ocorrido em 2012.
Daí surgiu a ideia deste artigo que visa mostrar que Ticiana, a jornalista, deu provas de ser uma pessoa atenciosa, meiga, carinhosa e humilde e de caráter. Vamos ao que aconteceu.
Primeiro, a reprodução do desabafo de Ticiana, a filha do general e que circula na internet. Com talento, bom humor e sem ofensa, mostra que apesar da confusão causada pela identidade dos nomes, ela não é a Ticiana esposa de Joesley:
“Ticiana Vilas Boas X Ticiana Vilas Boas – Eu tenho cara de louca, ela tem a cara da nobreza. Eu sou mais legal, ela é mais bonita. Eu tenho tiques, ela não. O meu pai é general, o dela advogado. Eu sou pobre, ela não. Eu sei o preço da gasolina, ela não. Eu sou resendense, ela soteropolitana. Meu marido é micro empresário, o dela é mega. Eu ando sossegada, ela não. Eu posso postar essas asneiras aqui, ela teve que sair de todas as rede sociais. O filho dela é Joesley, eu jamais faria isso. Me deixem em paz, e ela tbm. Gratas!”.
TICIANAS – Sim, Ticiana, filha do general, você tem virtudes e valores próprios. Mas a sua homônima, a jornalista, também as tem. E não é porque ela veio a se casar com um mega empresário, tido por corruptor dos políticos e que na surdina da noite, dentro do residência oficial em Brasília, relatou a prática de uma montoeira de crimes ao presidente da República, sem ao menos ter sido admoestado quanto mais recebido voz de prisão, não é por isso que a jornalista perdeu seus pendores de pessoa de bem, de pessoa humilde, sem vaidade e atenciosa com o próximo, até mesmo com o próximo que não conhece, com quem nunca falou e de quem nunca ouviu falar.
Os crimes e pecados do marido, pelo menos até aqui, não a contaminaram. Ela se casou com um homem que já era multimilionário. Trabalhou até perto do filho nascer. Depois deixou a carreira, que era promissora, e não precisou mais trabalhar para se manter. Que erro há nisso?
UM FATO FORTE – No primeiro trimestre de 2012 fui convidado a me apresentar ao piano no Morro do Alemão, num dia de sábado à noite. Mesmo não sendo um pianista virtuoso, aceitei. Preparei quatro peças. E como último número, escolhi a Sonata nº 14, em Dó Sustenido Menor, Opus 27, nº 2, de Beethoven, conhecida por Sonata ao Luar. Acreditava que naquele sábado o Alemão seria mesmo iluminado pela claridade da Lua. Mas na dúvida, obtive o e-mail de Ticiana (tboas@band.com.br) e lhe enviei mensagem. Mesmo sem a conhecer –e nem ela me conhecia e jamais ouviu falar de mim – me apresentei e perguntei se no dia seguinte (sábado) estava prevista chuva para a capital do Rio. E expliquei o motivo da pergunta. No final da mensagem, escrevi meu telefone. À noite, Ticiana anunciou no Jornal da Band que o Rio teria um sábado e domingo nublados durante o dia e chuva forte à noite. Pronto, a informação foi suficiente para cancelar a apresentação que seria a céu aberto. E uma chuva, fina ou forte, seria fatal para o piano Steinway&Sons. Ou para qualquer outro instrumento de difícil deslocamento.
SENTIMENTO E CARÁTER – Mas que nada. O serviço de meteorologia errou. E no sábado durante o dia fez sol e toda a noite de sábado para domingo foi bastante quente. Foi aí que veio o gesto nobre. Na segunda-feira, por volta das 3 da tarde o telefone tocou aqui em casa. Atendi. Era Ticiana. Ela me perguntou “o senhor tocou no Alemão sábado passado?”.
Quando respondi não e disse o motivo, a moça caiu em prantos, ao mesmo tempo em que me pedia perdão. Sem ser, sentia-se culpada pela decepção que causou a um estranho por uma previsão que não foi ela quem fez, mas apenas leu. Foi difícil consolá-la. Mas consegui. Qual outro famoso televisivo faria o que Ticiana fez?
VIRTUDES E MAIS VIRTUDES – Foi ou não foi um gesto de nobreza de Ticiana? Eu lhe era estranho. E Ticiana não tinha nenhuma obrigação de me ligar. Menos ainda para pedir desculpas. E jamais chorar por isso. Seu gesto a revelou por inteiro. Nela, há sentimento, respeito ao próximo, ética, dignidade, pudor, responsabilidade, comoção, simplicidade, humildade. Ela é jornalista. Trabalha com a notícia. E não faz representação nem interpretação. Ela é autêntica. Ela não é atriz. A senti pura e cândida. Bem diferente desse pessoal de televisão, que são vaidosos, que depois da fama colocam óculos escuros e disfarces para não serem reconhecidos. Que, por conveniência e vergonha, talvez, se esquecem das origens que tiveram.
E quando passam a ser famosos, se tornam soberbos e ásperos justamente com aqueles que os aplaudem. Ou seja, são ingratos com a sorte que a vida lhes deu e com aqueles que as conheceram desde a tenra idade.
UM BRASIL MELHOR – Digo a Ticiana (filha do general) que a Ticiana (jornalista) é nobre mesmo. Que tem as mesmas virtudes que as suas. Que teve ela tão bom berço quanto o seu. Que ela chora com facilidade. Que tem o sentimento à flor da pele. Gostei muito ao ler que na mensagem Ticiana pede paz para as duas: “Me deixem em paz, e ela tbm. Gratas”.
Joesley Batista, passe a contar tudo à sua esposa, mãe de seu filho. Ouça-a. Siga-a. Ela tem bagagem intelectual e espiritual para limpar e dar um banho de descarrego em você, que anda imundo e carregado. Ore com ela. E deixe seu amigo Temer prá lá. Pague pelos seus crimes. Renuncie à corrupção. Enfrente os políticos e os partidos. E ajude a construir um Brasil limpo para seus filhos, para os filhos e netos de todos nós.
25 de maio de 2017
Jorge Béja
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