São João Batista, fugindo de Roma e exilado na ilha de Patmos, na Grécia, nos anos 91 a 96 depois de Cristo, vivia numa caverna onde recebeu a revelação divina do “Apocalipse” e hoje é Patrimônio Cultural da Humanidade, segundo a Unesco. No Brasil os irmãos Batista também recebem inspiração, mas de satanás. Na estratégia dos governos Lula e Dilma de criar “campeãs nacionais” do desenvolvimento, o JBS, o maior devedor do sistema previdenciário, começou em pequeno frigorífico de Goiás, na década de 50.
A partir de 2007, com recursos do BNDES, além de expandir-se no mercado interno, começou agressivo plano de inserir-se no mercado internacional: comprou a“Swift Foods” e em 2009 a “Pilgrim’s”, norte-americanas. No mesmo pacote foi comprada a “Smithfield Beef”, consolidando posição no mercado de carne bovina e de aves nos EUA. Tem liderança no setor, inclusive no mercado de carnes na Austrália e outros países. Para esse gigantismo empresarial teve a âncora segura do BNDES e do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, como consultor econômico.
SUBSIDIÁRIA – Através da “BNDESpar” tem 20,4% das suas ações e da Caixa Econômica Federal 6,9%. O restante da sua composição acionária é assim distribuído: 42,4% do acionista controlador; 25,5% dos acionistas minoritários; e, 4,8% de ações na Tesouraria. Não obstante os dois agentes públicos serem subscritores de 27,3% do seu capital, em 2016, o governo foi obrigado a impedir a transferência da sede da empresa para a Irlanda. A organização, através da subsidiária JBS Foods Internacional, pretendia fixar o seu domicílio fiscal no Reino Unido, ficando a parte que opera no Brasil como subsidiária.
A “Operação Bullish” revela uma triste história de fraude, suborno e corrupção, radiografando a apropriação do Estado por grupos corporativos nas relações econômicas espúrias com o poder político. O adultério envolvendo os interesses do setor privado com o público assumiu proporções de escândalo.
MARSHALL TUPINIQUIM – Nos últimos anos o BNDES (2003 a 2014), foi o instrumento para sustentar grupos empresariais que se autointitulavam “campeãs do desenvolvimento”. As empresas adjetivadas de “players”, em condições privilegiadas, receberam de R$ 400 bilhões. O economista Samuel Pessoa, associado à Fundação Getúlio Vargas, traduz o que significa esse volume de dinheiro:
“O Plano Marshall, entre 1948 e 1951, para reconstrução de 16 países da Europa, após a II Guerra Mundial, custou aos EUA US$ 13 bilhões. Atualizado, aos preços atuais, significaria US$ 100 bilhões. Com o dólar cotado a R$ 3,15, representaria R$ 315 bilhões”. No Brasil gastamos mais do que o “Plano Marshall” na concessão de crédito subsidiado aos grupos econômicos com bom relacionamento com o poder.
A “Operação Bullish”, da Polícia Federal enfoca as relações do grupo JBS e o BNDES. Ela é o prosseguimento das operações “Sépsis”, “Greenfield”, “Cui Bono” e “Carne Fraca”, todas envolvendo as empresas controladas pela holding J&L (JBS). “Sépsis” investiga recursos suspeitos para a empresa; Eldorado Celulose (JBS), no fundo de investimento do FGTS; “Greenfield”, recursos irregulares para a Eldorado, dos Fundos de Pensão das estatais; “Cui Bono”, esquema de concessão de crédito pela Caixa Econômica, com propina para políticos; e “Carne Fraca”, corrupção de fiscais do Ministério da Agricultura, responsáveis pela liberação de carnes adulteradas. Todas envolvendo recursos financeiros e interesses assustadores.
25 de maio de 2017
Sebastião Nery
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