"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

TEMER INSISTE COM AS REFORMAS, DEPUTADOS SE REBELAM E BRIGAM NO PLENÁRIO



Plenário entrou em clima de temperatura máxima
A Câmara viveu na tarde desta quarta-feira momentos de briga física entre os deputados, empurra-empurra e xingamentos. O tumulto ocorreu no meio do plenário, com vários deputados trocando empurrões e socos no ar. Os mais exaltados eram o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que cobrava o encerramento da sessão. De um lado, oposicionistas como o líder do PSOL, Glauber Braga (RJ), Reginaldo Lopes (PT-MG), e outros começaram a gritar para a sessão ser encerrada e acabaram se enfrentando com deputados como Major Olímpio (SD-SP). O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) também ficou no meio da confusão.
Os ânimos estavam acirrados desde o início da tarde, quando deputados do PSOL, PT e PCdoB ocuparam a Mesa dos trabalhos e cercaram os presidentes que comandavam a sessão na ocasião, gritando “Fora Temer”, criticando a ação policial na Esplanada dos Ministérios e cobrando o encerramento da sessão. Os parlamentares do governo insistiam em tentar votar algo. A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) era uma das mais exaltadas e se recusava a descer da Mesa.
RENÚNCIA COLETIVA – O clima esquentou mesmo quando os discursos passaram a falar em “renúncia coletiva”. O embrolgio envolveu ainda os deputados Alessandro Molon (Rede-RJ), Valmir Prascidelli (PT-SP), Paulo Pimenta (PT-RS), Marco Maia (PT-RS) e outros.
— Encerra! Encerra! — gritavam deputados da oposição, começando a se engalfinhar com os governistas. O deputado André Fucuca (PP-MA), que comandava a sessão, pedia: — Calma! Calma!
— Não façam isso! — complementou outro parlamentar.
Enquanto os colegas se engalfinhava, Molon atravessava o bolo e olhava para Fucuca, gritando, aflito. — Encerra (a sessão)! — pedia Molon, desesperado.
— A sessão está suspensa por dez minutos porque não há a menor condição — disse Fucuca, assustado e recebendo conselhos do experiente Nelson Marquezelli (PTB-SP).
MAIA TINHA SAÍDO – A confusão começou enquanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), havia se ausentado da sessão para ir ao seu gabinete, acompanhado do líder do governo, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). A convocação das Forças Armadas tinha sido atribuída a Maia pelo ministro Raul Jungmann, da Defesa, mas o presidente da Câmara desmentiu e disse que ia interpelar Jungmann. Quando voltou ao plenário e a confusão recomeçou.
— Diz que foi tu (Rodrigo Maia) — gritava Paulo Pimenta.
— Eu já disse! — respondeu Maia.
— Mas ninguém acredita! Está no documento do Palácio — rebateu Pimenta.
— Calma! Calma! — pedia Maia e outros parlamentares.
Foi neste momento que Maia suspendeu a sessão de forma definitiva.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Clima de guerra dentro e fora do Congresso. A insistência de Temer continuar comandando um governo que não tem mais a menor legitimidade propicia esse acirramento dos ânimos. Mas Temer insiste em pedir a aprovação das reformas e os áulicos Rodrigo Maia e Eunício Oliveira tentam atendê-lo, provocando esse clima que ameaça a democracia. As reformas podem e devem esperar um momento mais propício.  (C.N.)

25 de maio de 2017
Cristiane Jungblut e Catarina Alencastro
O Globo

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