Investigado por suspeita de corrupção, organização criminosa e obstrução à Justiça, Michel Temer quer convencer os brasileiros de que é vítima de uma conspiração motivada por “interesses subterrâneos”. Ele repetiu a cantilena na entrevista publicada nesta segunda-feira pela Folha.
O presidente disse coisas que fariam corar a Velhinha de Taubaté, a personagem do escritor Luis Fernando Verissimo que acreditava em todas as lorotas dos políticos.
DUBLÊ DE VIDENTE – Temer alegou ter recebido Joesley Batista à noite, sem registro na agenda oficial, para discutir os efeitos da Carne Fraca. Isso só seria possível se o empresário fosse dublê de vidente. O encontro do Jaburu aconteceu dez dias antes da operação da PF.
O presidente disse que “nem sabia” que Joesley era alvo de investigações. Na data da conversa, nenhum leitor de jornais poderia ignorar que o empresário era suspeito de provocar desfalques em fundos de pensão, no FI-FGTS e no BNDES.
MUITO BOA ÍNDOLE – Temer foi questionado sobre Rodrigo Rocha Loures, que foi filmado correndo na rua com uma mala de dinheiro. Respondeu que o deputado é uma pessoa de “muito boa índole”.
Apesar de contestar a integridade do áudio, o presidente confirmou os principais trechos da gravação. “Não é prevaricação se o sr. ouve um empresário na sua casa relatando crimes?”, indagaram os repórteres. “Você sabe que não?”, devolveu.
Diante de tantas negativas, o jornal perguntou a Temer qual seria, afinal, a sua culpa no episódio. “Ingenuidade. Fui ingênuo”, respondeu.
A Velhinha de Taubaté ficou famosa como a última brasileira que confiava no governo. Morreu em 2005, quando assistia ao noticiário do mensalão. Na época, Temer exercia o quinto mandato de deputado.
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PS – Os movimentos que diziam não ter “corrupto de estimação” desistiram de ir às ruas no último domingo. Seus líderes trocaram a camisa amarela pela chapa branca.
PS – Os movimentos que diziam não ter “corrupto de estimação” desistiram de ir às ruas no último domingo. Seus líderes trocaram a camisa amarela pela chapa branca.
25 de maio de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha
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