"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O ÚLTIMO ATO

O anúncio atabalhoado do pacote que prevê um corte de R$ 26 bilhões nas despesas do governo e propõe um aumento de cerca de R$ 40 bilhões na arrecadação, com R$ 32 bilhões provenientes de uma nova CPMF, desnudou mais uma vez o quanto Dilma Rousseff e sua equipe econômica estão desnorteadas e não têm capacidade de oferecer alternativas concretas para o país sair da crise. As medidas anunciadas pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, que dependem em sua quase totalidade do Congresso Nacional, revelam que o PT pretende jogar sobre os ombros dos brasileiros a enorme fatura por sua própria incompetência nos últimos 13 anos.

O desmantelo é tão evidente que, há menos de um mês, Dilma enviou ao Congresso uma proposta de Orçamento deficitário em mais de R$ 30 bilhões justamente porque não teve a coragem de assumir o ajuste que agora apresenta como a solução para todos os males do Brasil. Nesta nova investida para recuperar a credibilidade perdida, o governo se dispõe a fazer um corte de gastos insignificante, muito menor que a previsão de receita advinda dos novos impostos. O pacote se ancora, fundamentalmente, no aumento de uma carga tributária já obscena e na recriação da CPMF, amplamente rejeitada pelos brasileiros e que certamente não será aprovada no Parlamento.

É quase um delírio imaginar que um governo inepto, acuado e reprovado pela população conte com o beneplácito do Legislativo em seu intuito de tungar o cidadão e fazê-lo pagar a conta pela inoperância dos que levaram a economia brasileira ao buraco. Talvez só seja possível discutir um pacote de austeridade ou mesmo o aumento da carga tributária em um outro ambiente político, sob novas bases, com uma liderança que tenha o respeito da sociedade. Sob Dilma, o ajuste fiscal tem um sabor amargo de fraude e não passa de uma tentativa de escamotear a irresponsabilidade lulopetista e ludibriar novamente a nação.

O estelionato eleitoral praticado pela presidente da República, que agora se vê obrigada a levar a cabo tudo aquilo que acusou seus adversários de fazerem caso eleitos (cortar gastos, reduzir programas sociais, suspender concursos públicos, adiar o reajuste dos servidores etc.), diminui ainda mais a confiança da população na gestão que aí está. O PT nunca teve um projeto de desenvolvimento para o país, mas sempre contou com uma máquina de propaganda eficiente capaz de “fazer o diabo” para vencer eleições. O conto de fadas chegou ao fim, o país está no chão e os brasileiros não se deixam mais enganar por quem mostra a cada dia que não tem condições políticas e morais de comandar coisa alguma.

O último ato do governo de Dilma Rousseff já começou a ser escrito e, ao que tudo indica, não deve se transformar em um capítulo tão longo. O Brasil exige uma saída rápida e um desfecho democrático para a grave crise que atravessa. O processo constitucional do impeachment já foi deflagrado no Congresso Nacional e hoje se impõe como uma necessidade absoluta para resgatarmos a confiança no futuro e retomarmos o caminho do desenvolvimento. É o que a sociedade deseja, é o que o país precisa.


17 de setembro de 2015
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

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