"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

VERDADE CHOCANTE DOS NÚMEROS DA QUEDA DE DILMA


O Palácio do Planalto está se dizendo “chocado” com a pesquisa Datafolha que mostrou forte tombo na popularidade da presidente Dilma Rousseff. O impacto dos números — apenas 23% da população consideram o atual governo bom ou ótimo, contra 42% de dezembro — levou a chefe do Executivo a fazer ontem uma reunião de emergência com seus conselheiros para definir uma estratégia de reação. É possível que a petista faça um pronunciamento em cadeia de rádio e tevê logo depois do carnaval.
O governo não deveria, porém, mostrar tanta surpresa diante da mais rápida e profunda deterioração política desde a administração Collor de Mello. Basta ver a situação em que o país se encontra para perceber que a resposta dos eleitores é a mais natural possível. Os quatro anos do primeiro mandato de Dilma foram desastrosos, acumulando uma herança maldita que custará caro ao Brasil. Com exceção do mercado de trabalho, cujos dados são influenciados pelo grande número de pessoas que deixaram de procurar emprego, todos os demais indicadores da economia mostram um país de joelhos.
A perspectiva é de que o Produto Interno Bruto (PIB) encerre 2015 com queda entre 0,5% e 2% — nas últimas duas décadas, em apenas duas ocasiões, a economia registrou retração, em 1992, ano da derrocada do governo Collor, e em 2009, quando o país foi solapado pela crise mundial. A inflação está no maior nível desde 2003, o primeiro ano de mandato de Lula. Todas as projeções mostram que o custo de vida ficará entre 7% e 8% em 2015, muito acima do teto da meta, de 6,5%.
FALSA GERENTONA
A presidente que foi apresentada ao país como excelente gerente na campanha de 2010 — uma propaganda enganosa — conseguiu a proeza de acumular, no ano passado, rombos nas contas públicas e nas contas externas que chegam, juntos, a 11% do PIB. O país, que construiu importante reputação no mercado internacional, recebendo a chancela de grau de investimento das três principais agências de classificação de risco, está a um passo de ser rebaixado para nível especulativo. Os empresários se assustaram tanto com as maluquices de Dilma na economia, que suspenderam os investimentos, ajudando a empurrar a atividade produtiva para o buraco.
Tudo isso já seria motivo de sobra para 44% da população rejeitar o governo Dilma. Mas os eleitores foram apresentados a um processo sem precedentes de corrupção na Petrobras, a maior empresa do país, um símbolo nacional. Estima-se que o superfaturamento de obras tenha comido R$ 88,6 bilhões do patrimônio da empresa. O esquema para sugar o caixa da petroleira foi criado para bancar o projeto de poder do PT, aliciando partidos da base aliada, conforme foi revelado pela Operação Lava-Jato.
UM BRASIL DE FANTASIA
Nada do que espanta os eleitores que agora rejeitam o governo é novidade. Todos os fatos — a má administração da economia, os desmandos e a corrupção — foram apresentados claramente durante a disputa eleitoral de outubro passado, da qual Dilma saiu reeleita. A maioria dos votantes, no entanto, deixou-se inebriar pela bela campanha conduzida pelo marqueteiro João Santana. Ele criou um Brasil da fantasia e não se intimidou, com o aval da presidente, em mentir para destruir os concorrentes.
Agora, com a realidade se impondo, a inflação corroendo a renda, o desemprego batendo à porta e as denúncias diárias de que a Petrobras foi tomada por uma facção criminosa, seis em cada 10 entrevistados pelo Datafolha dizem que Dilma mentiu durante a campanha eleitoral. Para 77% dos entrevistados, a presidente sabia da corrupção que sangrou a Petrobras. Diante desse quadro de total desconfiança, todos se perguntam: o que a petista dirá no pronunciamento de rádio e tevê? Continuará mentido sem constrangimento? Dirá que tudo o que está acontecendo no país é culpa dos pessimistas? Se for para dizer tantas bobagens, é melhor continuar no silêncio em que se encontra.

12 de fevereiro de 2015
Vicente Nunes
Correio Braziliense

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