Enquanto as investigações da Polícia Federal avançam na Operação Lava Jato, inúmeras empresas que tinham a Petrobras como cliente principal vivem o risco iminente de terem de fechar as portas. O escândalo envolvendo a estatal provocou uma abrupta interrupção nos negócios e, em muitos casos onde o empreendimento havia sido aberto especialmente para atender a empresa pública, o negócio tornou-se praticamente inviável.
Para empresários que vivem momento semelhante, entretanto, o reconhecimento da dificuldade não deve representar necessariamente o começo do fim. Ao contrário, pode significar o marco na busca de mudanças para uma efetiva reestruturação financeira empresarial.
Apesar de a constatação da dificuldade na manutenção do negócio poder parecer óbvia, ela é a razão pela qual muitos esforços de recuperação falham. Os gestores tendem a acreditar que o negócio vai melhorar em um breve futuro, embora nada de diferente seja feito, transformando o que é uma situação negativa temporária em condição crônica de incapacidade de gestão.
Nesse sentido, a intervenção precoce, combinada com um plano de recuperação tático e disciplinado é a chave para a busca do reequilíbrio. Algumas medidas podem – e devem – ser tomadas com brevidade.
Na área administrativa e financeira, uma ação fundamental é a revisão de todos os procedimentos, a fim de que se identifique economias potenciais e, em caso de insuficiência de capital, se defina o pagamento apenas dos créditos críticos à operação e que diretamente gerem receitas à companhia, incluindo matérias-primas de fornecedores e valores destinados aos funcionários da empresa.
No que diz respeito à estrutura de capital, também é essencial o empenho na negociação junto aos credores, na tentativa de se conseguir um período de carência ampliado, bem como o aumento de linhas de crédito sem necessariamente que a empresa esteja sujeita a apontamentos. A intermediação de uma consultoria especializada em reestruturação financeira empresarial pode fazer diferença nessa árdua tarefa.
Mesmo empenho deve ser dado nos cuidados à gestão de custos. A empresa deve rever por completo todas as suas despesas, além de criar e executar uma estratégia de cortes significativos, sem afetar nem alterar a qualidade do produto ou serviço final. Alguns mecanismos, como a venda de ativos (desmobilização), a mudança de planta (em casos onde há ociosidade), o enxugamento do quadro de funcionários e a venda de unidades ou linhas de produto (desinvestimento) são comuns para tal fim.
Para as companhias que tinham (ou têm) a estatal como principal cliente, outra medida a ser tomada quanto antes é a busca por nova clientela, com vistas à ampliação das áreas de geração de receita. Por mais desanimador que esteja o atual cenário econômico, com elevada inflação e baixo crescimento, essa busca deve ser permanente e insaciável. Além de trazer mais recursos financeiros, a expansão de clientes dilui riscos como os vividos por quem concentrou seu trabalho no atendimento à Petrobras.
Por fim, a previsão de fluxo de caixa de, pelo menos, seis meses, é mais uma ação primordial. Ela vai auxiliar o empresário na tomada de decisões corretas acerca dos custos e despesas atuais, especialmente diante da redução dos negócios com a Petrobras.
Bem engrenadas e conduzidas de forma correta, as ações devem gerar sinais de recuperação da empresa em um período próximo de três meses. Nesse prazo, é possível o redimensionamento de pessoal, a ampliação de negócios mais produtivos e rentáveis e a diversificação de clientes, trazendo aumento de receita para a empresa e minimizando os efeitos do rolo compressor da Petrobras no universo empresarial.
12 de fevereiro de 2015Benjamin Yung é especialista no segmento de reestruturação financeira e fundador da consultoria Estratégias Empresariais –ee@estrategiasee.com.br
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