"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PRECIPITANDO O IMPREVIS[IVEL


Vale relacionar as derrotas sofridas na Câmara dos Deputados, este mês, pela presidente Dilma: eleição de Eduardo Cunha, aprovação do orçamento impositivo, constituição da CPI da Petrobrás, formação de maioria favorável à PEC da Bengala, derrota certa das MPs do ajuste fiscal e da supressão de direitos trabalhistas, divulgação no plenário da nota em que o PT se insurge contra as medidas econômicas do governo e decisão do presidente da casa de convocar os 39 ministros para explicar o que andam fazendo.
São sete derrotas e significativamente apenas uma vitória, no caso, a disposição da presidente de receber e dialogar com as bancadas dos partidos de sua base parlamentar.
Sete a um lembram uma das grandes tragédias acontecidas no pais, há menos de um ano. E com o agravante de estarmos nos minutos iniciais do primeiro tempo. Seguindo as coisas como vão, a goleada será infinitamente maior.
Para quem entrou vitoriosa no campeonato, tendo sido reeleita, o saldo é tenebroso, em especial por conta das novas partidas que virão. Quem veste a camisa do selecionado alemão é o deputado Eduardo Cunha, ao tempo em que a presidente usa a jaqueta do Felipão. Breve não haverá o que fazer senão dissolver o elenco e convocar o Dunga, de olho em certames futuros. Quer dizer, tirar o Lula do banco e imediatamente colocá-lo em campo.
NINGUÉM AGUENTA MAIS
Essa alegoria começa a ser admitida no próprio PT, ou seja, os companheiros não se encontram tão fechados assim na rejeição ao impeachment de Dilma. E com a determinação de não conservar o Parreira ao lado do Felipão, isto é, Michel Temer também não escaparia.
Devaneios à parte, no Congresso e fora dele, parece óbvio que o afastamento da presidente Dilma não deve ser levado a sério. Mas quando esse tipo de brincadeira ganha os corredores legislativos, melhor pensar duas vezes. O país não merece tamanha convulsão, mas o eleitorado mereceria a metamorfose de Dilma? Da campanha vitoriosa ao início do segundo mandato, a presidente é outra. Ou já era assim, apenas tendo escondido sua face verdadeira? Os ajustes praticamente derrotados com a ajuda do PT levarão a chefe do governo a algum lugar, qualquer que seja. A sucessão de erros e contradições por ela conduzidas vem despertando a indignação nacional. Se insistir nas exigências elitistas ao invés de fugir para a frente em busca de reformas sociais, precipitará o imprevisível.

12 de fevereiro de 2015
Carlos Chagas

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