"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

UMA OLHADELA POR DENTRO DO ACORDO SECRETO EUA/ARÁBIA SAUDITA (QUE GEROU O ATAQUE CONTRA A SÍRIA.

 



Para aqueles a cujos olhos o recente ataque dos EUA à Síria parece cena déjà vue da tentativa de criar “próxima guerra” do verão passado para derrubar o presidente Bashar al-Assad, e que foi impedida no último segundo graças a muito bem-vinda intervenção dos russos e um quase início de guerra no Mediterrâneo entre navios russos e norte-americanos, o seguinte: parece déjà vu, porque é déjà vu.

Lembro também que, como no ano passado, o coringa-agente na intervenção contra o estado sírio soberano, ou, como alguns já dizem, invasão ou mesmo guerra, não são (só) os EUA, mas a Arábia Saudita – relembrem agosto de 2013, “Conheçam Bandar Bin Sultan da Arábia Saudita: é quem movimenta os fantoches por trás da Guerra à Síria”.

Bin Sultan foi oficialmente demitido pouco depois que falhou a campanha de 2013 para derrubar o governo sírio e substituído alguém mais “maleável”, mas as ambições sauditas para a Síria continuaram.

É o que noticiou dia 25/08 o Wall Street Journal, em artigo no qual revela as negociações secretas entre EUA e Arábia Saudita para que os EUA obtivessem “luz verde” para iniciar os ataques contra partes de Iraque e Síria, ditos ‘ataques contra o ISIL’. E, como não surpreende ninguém, mais uma vez o principal item da barganha para pôr os sauditas no mesmo lado que os EUA é o destino do presidente Assad.

MESES DE AÇÃO SECRETA

Verdade é que, para lançar ataque militar contra o território do estado sírio soberano, “foram necessários meses de trabalho secreto entre líderes dos EUA e árabes, que concordavam quanto à necessidade de cooperarem contra o Estado Islâmico, mas não quanto ao quando e ao como. O processo deu força aos sauditas para extrair dos EUA compromisso renovado para aceitarem treinar rebeldes para a luta contra Assad, cuja derrubada é alta prioridade para os sauditas.”

Em outras palavras, John Kerry veio, viu e prometeu tudo e qualquer coisa que tivesse, até, e inclusive, a peça que faltava do quebra-cabeças – a própria Síria numa bandeja de prata –, só para fugir de outra humilhação diplomática.

Dito de outro modo: o que a Arábia Saudita exigiu para “abençoar” os bombardeios norte-americanos e dar-lhes a aparência de representar alguma espécie de “coalizão”, é a derrubada do regime Assad. Por quê? Para que o gás dos grandes campos de gás natural do Qatar possa afinal tomar o rumo da Europa, o quê, não por acaso, também é desejo dos EUA. Que melhor modo para castigar Putin por suas ações recentes, que neutralizar o principal poder que o Kremlin tem sobre a Europa? 

BOMBARDEANDO A SÍRIA

Mas voltemos aos sauditas e à montagem do negócio que levou ao bombardeio contra a Síria.
A participação árabe nos ataques aéreos tem valor mais simbólico que militar. Os norte-americanos estão fazendo tudo e já lançaram mais bombas que todos os ‘coligados’ árabes. Mas a mostra de apoio dada por um grande estado sunita para campanha contra grupo sunita militante, dizem funcionários dos EUA, deixou Obama confortável para autorizar ataque contra o qual, antes, ele resistira.

Verdade é que até aqui Obama tem resistido contra bombardear Assad diretamente, mas o início dos bombardeios é só questão de tempo: “A duração da aliança dependerá de como os dois lados
reconciliam suas diferenças fundamentais sobre a Síria e outras questões. Líderes sauditas e membros da oposição síria moderada apostam que os EUA podem vir a ser empurrados na direção de apoiar militarmente rebeldes que ataquem o presidente Assad, não só o Estado Islâmico. Funcionários dos EUA dizem que o governo não tem intenção de atacar forças do governo sírio” – por enquanto. 

POR QUE DERRUBAR ASSAD?

Mas por que a Arábia Saudita tanto quer, tão empenhadamente, derrubar Assad? Eis o que escreve o Wall Street Journal:

Para os sauditas, a Síria tornou-se uma linha de frente crítica na batalha contra o Irã, aliado de Assad, pela influência regional. Com Assad ampliando seu poder doméstico, o rei decidiu fazer o que fosse preciso para derrubar o presidente sírio. É o que dizem diplomatas árabes.

A melhor notícia para Obama é que é só uma questão de tempo e ele poderá novamente empurrar goela abaixo do mundo a falsa bandeira que a aliança EUA-Sauditas já empurrou goela abaixo do mundo no verão de 2013, para justificar o primeiro atentado para derrubar Assad; talvez até obtenha a “simpatia” do mundo, com a ajuda, claro, da imprensa-empresa norte-americana.

(artigo enviado por Sergio Caldieri)

01 de outubro de 2014
Tyler Durden
ZeroHedge

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