"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O QUE SERÁ QUE SERÁ

 


 
 

Como será o Brasil a partir de 2015? Quais serão as políticas implementadas por este país para vencer os enormes desafios, como a crise econômica, sem promover inflação, desemprego e redução de benefícios sociais? Pode parecer que essa questão esteja intimamente ligada a quem será eleito em 5 de outubro. E, certamente, está mesmo. Porém, é inegável que há fatores que diminuem muito o peso do próximo presidente, seja ele quem for, sobre as políticas públicas que serão adotadas no país.

Ao contrário do Poder Legislativo, o Executivo tem muita liberdade de ação. E é bom lembrar que, quando não tem, ele mesmo dá um jeito de criá-la. O sistema presidencialista brasileiro é extremamente permissivo. O presidente do país pode quase tudo. Desse ponto de visa, fica difícil entender os motivos pelos quais o próximo dirigente do país não terá tanta importância na definição das futuras políticas públicas. Mas um dos motivos que contribuem para essa baixa influência presidencial diz respeito à aceitação da sociedade em relação a boa parte das políticas públicas.

Dificilmente o próximo presidente, seja ele quem for, terá condições de alterar programas como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida, e o Prouni. Eles foram abraçados pela sociedade brasileira e se consolidaram como política pública pelas mãos de seus beneficiários.

NA ECONOMIA

Se na política social será difícil promover modificações, na economia a situação não é diferente. Entretanto, a pouca margem de mobilidade do presidente está mais associada às limitações do mercado internacional, como o preço das commodities, à necessidade de manter a inflação controlada, à obrigação de reduzir a dívida pública interna. Em outras palavras, não será possível fazer mudanças muito significativas.

É claro que esse quadro não elimina o fato de cada candidato ter propostas próprias, as quais deverá se esforçar para cumprir. Pelo lado do PSDB, por exemplo, está claro que há uma preocupação muito grande com a redução e qualificação da máquina pública. Do outro lado, há uma diretriz clara quanto a manutenção e ampliação dos programas sociais. Já na plataforma de Marina Silva, é perceptível uma intencionalidade de investir em políticas voltadas para setores muito específicos, como o ambiental.

Na junção de tudo isso, o Brasil de 2015 não deverá ser muito diferente do de 2014. Assim, a mudança tão desejada pelos brasileiros e manifesta em junho do ano passado nas ruas não deverá ser vista a olho nu. Talvez seja necessária uma lupa para enxergar o pouco ou muito que será feito pelo próximo presidente.

Talvez essa situação de imobilidade justifique um pouco a falta de interesse dos próprios candidatos em divulgar seus programas de governo. Afinal, planejamento existe para ser desrespeitado.

(transcrito de O Tempo)

01 de outubro de 2014
Carla Kreefft

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