Estamos em setembro de 2013 e os ecos da Revolução – revolução verdadeira, como dizia a Veja – de Junho deste mesmo 2013 já parecem ter-se perdido no tempo. As velhas práticas corruptas continuam a pleno vapor e a ousadia dos deputados nunca foi tão longe: mantiveram o mandato de um cúmplice condenado e cumprindo prisão. O caminho foi aplanado por essa corte de vestais, o STJ, que delegou aos cúmplices do criminoso a tarefa de proteger seu mandato.
Espera-se, para o próximo sábado, uma segunda edição da revolução. Pelas primeiras declarações dos revolucionários, o alvo desta vez será os mensaleiros. Alvo um tanto tardio. Os mensaleiros já foram inclusive condenados. Se cumprirão suas penas é outra questão, já que ser condenado à prisão, no Brasil, não é sinônimo de ir para a prisão. (Pode-se, inclusive, ir para o Congresso). Curiosamente, os revolucionários de junho de 2013 sequer lembraram dos mensaleiros em junho passado.
Ocorre que o Brasil é de um dinamismo ímpar. Os escândalos já são outros. Mensaleiros pertencem à pré-história. Agora temos o governo financiando a mais antiga ditadura do Ocidente, que envia ao estrangeiro para captar divisas uma nova categoria profissional, os médicos-escravos. E a ministra da Cultura financia desfiles de modas em Paris, com o dinheiro de contribuintes que talvez jamais tenham chance de ir a Paris.
Quem dá explicação já perdeu a discussão, dizia eu há pouco. Quanto mais se explicam, mais se enrolam os senhores ministros. Sobre os médicos cubanos, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha:
- Validando o diploma deles, esses médicos poderão pleitear fazer concurso para ir trabalhar no Miguel Couto, onde não precisamos deles, ou abrir consultórios e competir com os brasileiros, e isso também não queremos.
Ou seja, os cubanos não terão os mesmos direitos de um médico brasileiro. Oficialmente, são proibidos de fazer concursos, abrir consultórios e competir com brasileiros. Onde se viu escravo ter mesmos direitos que cidadão livre? Ao ser perguntado sobre o desconto que o governo cubano faz no contra-cheque de seus médicos, Gilberto Carvalho, ministro da Secretária Geral da Presidência da República, afirmou que não compete ao Brasil fazer comentários sobre o assunto.
— Não nos cabe entrar nesse debate. Cuba investiu muito nesses médicos. Fez uma prioridade para a questão da saúde, investiu nesses médicos. Nós entendemos que é justo que o povo cubano, que se sacrificou pela formação desses médicos, tenha também a possibilidade de auferir dos rendimentos que esses médicos têm no país. Mas é uma discussão entre os médicos e o seu país, não nos cabe entrar nesse detalhe. Estamos pagando para eles o que pagamos para outros médicos.
Esqueceu o ministro que o governo cubano, ao tungar parte do salário de seus funcionários, está fazendo o mesmo que fazem deputados que embolsam parte do salário de seus auxiliares. O fato não é raro entre nós. Com o precedente dos médicos cubanos, poderia muito bem ser legalizado.
A desfaçatez maior coube à dona Marta Teresa Smith de Vasconcelos Suplicy, ministra da Cultura, que em artigo para a Folha de São Paulo justifica o injustificável. Dona Marta Teresa considera perfeitamente nornal que o contribuinte brasileiro financie desfiles de moda em Paris, através da lei Rouanet:
- A moda também gera símbolos. Marcas que, de tão importantes, se tornam até sinônimo da cultura do país. Atraem turistas, agregam valor a outros produtos e se, combinadas com gastronomia, música, monumentos, potencializam uma imagem positiva e contribuem para o "soft power" do país.
Mais um pouco, estaremos financiando a divulgação da feijoada e do funk, do Cristo Redentor e do futebol, do samba e do carnaval. A ministra é franca:
- A porta está aberta. Muitos passarão, sem tanto estardalhaço, para ampliar a marca Brasil, aumentar investimentos, exportar nossos produtos, gerar emprego e renda para brasileiros.
Como estamos no plano daquelas corrupções com foros de legalidade, financiar desfile de modas será café pequeno.
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
05 de setembro de 2013
janer cristaldo
Espera-se, para o próximo sábado, uma segunda edição da revolução. Pelas primeiras declarações dos revolucionários, o alvo desta vez será os mensaleiros. Alvo um tanto tardio. Os mensaleiros já foram inclusive condenados. Se cumprirão suas penas é outra questão, já que ser condenado à prisão, no Brasil, não é sinônimo de ir para a prisão. (Pode-se, inclusive, ir para o Congresso). Curiosamente, os revolucionários de junho de 2013 sequer lembraram dos mensaleiros em junho passado.
Ocorre que o Brasil é de um dinamismo ímpar. Os escândalos já são outros. Mensaleiros pertencem à pré-história. Agora temos o governo financiando a mais antiga ditadura do Ocidente, que envia ao estrangeiro para captar divisas uma nova categoria profissional, os médicos-escravos. E a ministra da Cultura financia desfiles de modas em Paris, com o dinheiro de contribuintes que talvez jamais tenham chance de ir a Paris.
Quem dá explicação já perdeu a discussão, dizia eu há pouco. Quanto mais se explicam, mais se enrolam os senhores ministros. Sobre os médicos cubanos, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha:
- Validando o diploma deles, esses médicos poderão pleitear fazer concurso para ir trabalhar no Miguel Couto, onde não precisamos deles, ou abrir consultórios e competir com os brasileiros, e isso também não queremos.
Ou seja, os cubanos não terão os mesmos direitos de um médico brasileiro. Oficialmente, são proibidos de fazer concursos, abrir consultórios e competir com brasileiros. Onde se viu escravo ter mesmos direitos que cidadão livre? Ao ser perguntado sobre o desconto que o governo cubano faz no contra-cheque de seus médicos, Gilberto Carvalho, ministro da Secretária Geral da Presidência da República, afirmou que não compete ao Brasil fazer comentários sobre o assunto.
— Não nos cabe entrar nesse debate. Cuba investiu muito nesses médicos. Fez uma prioridade para a questão da saúde, investiu nesses médicos. Nós entendemos que é justo que o povo cubano, que se sacrificou pela formação desses médicos, tenha também a possibilidade de auferir dos rendimentos que esses médicos têm no país. Mas é uma discussão entre os médicos e o seu país, não nos cabe entrar nesse detalhe. Estamos pagando para eles o que pagamos para outros médicos.
Esqueceu o ministro que o governo cubano, ao tungar parte do salário de seus funcionários, está fazendo o mesmo que fazem deputados que embolsam parte do salário de seus auxiliares. O fato não é raro entre nós. Com o precedente dos médicos cubanos, poderia muito bem ser legalizado.
A desfaçatez maior coube à dona Marta Teresa Smith de Vasconcelos Suplicy, ministra da Cultura, que em artigo para a Folha de São Paulo justifica o injustificável. Dona Marta Teresa considera perfeitamente nornal que o contribuinte brasileiro financie desfiles de moda em Paris, através da lei Rouanet:
- A moda também gera símbolos. Marcas que, de tão importantes, se tornam até sinônimo da cultura do país. Atraem turistas, agregam valor a outros produtos e se, combinadas com gastronomia, música, monumentos, potencializam uma imagem positiva e contribuem para o "soft power" do país.
Mais um pouco, estaremos financiando a divulgação da feijoada e do funk, do Cristo Redentor e do futebol, do samba e do carnaval. A ministra é franca:
- A porta está aberta. Muitos passarão, sem tanto estardalhaço, para ampliar a marca Brasil, aumentar investimentos, exportar nossos produtos, gerar emprego e renda para brasileiros.
Como estamos no plano daquelas corrupções com foros de legalidade, financiar desfile de modas será café pequeno.
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
05 de setembro de 2013
janer cristaldo
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