"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

ADVOGADO DE SENADOR ASILADO NO BRASIL É RETIDO EM AEROPORTO NA BOLÍCIA

 
O advogado do senador Roger Pinto Molina na Bolívia, ex-senador Luís Vásquez Villamor, foi retido durante seis horas no aeroporto Viru-Viru, de Santa Cruz de La Sierra.
 
Ele tentava embarcar para o Brasil carregando documentos que ajudariam Molina no pedido de refúgio que tramita no Conare (Comitê Nacional para Refugiados), órgão vinculado ao Ministério da Justiça.
 
Villamor, que ficou retido das 9h às 15h (10h às 16h em Brasília) de quarta (4) no aeroporto, acabou perdendo o voo da Gol que o traria para São Paulo, onde pegaria uma conexão para Brasília.
 
O advogado de Molina em Brasília, Fernando Tibúrcio, disse que os funcionários do aeroporto de Viru-Viru fotografaram os documentos em poder de Villamor, rasgaram uma das malas, atrás de fundos falsos, e usaram cães farejadores para inspecionar a bagagem.
 
"Há uma tentativa de cerceamento da defesa do meu cliente, inadmissível. Villamor está sendo impedido de embarcar para o Brasil", disse Tibúrcio. O advogado afirmou que os documentos que Villamor carregava são apenas cópias de processos judiciais a que Roger Molina responde na Bolívia.
 
"Esses documentos mostram a persecução que estão fazendo com meu cliente, são importantes para o Conare entender a perseguição sofrida por ele", disse Tibúrcio.
 
O advogado também protestou contra a vinda para o Brasil, anunciada ontem, de uma equipe de funcionários do governo da Bolívia que pretendem se reunir com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com o objetivo de apresentar "provas" que constariam dos processos a que Molina responde em seu país de origem.
 
La Paz quer a extradição de Molina. "Isso é uma interferência indevida. O Conare é soberano para julgar o processo. Essa delegação demonstra que o governo da Bolívia trata o tema de forma política. O governo brasileiro não pode aceitar esse tipo de interferência em assuntos internos do país", disse Tibúrcio.
 
A vinda da comitiva boliviana ao Brasil, segundo a imprensa de La Paz, foi "acordada" na reunião ocorrida na semana passada entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente Evo Morales.
 
O advogado Villamor disse, em entrevista ao jornal "El Deber", que sua detenção no aeroporto foi "um abuso sem sentido". "Eu fui detido claramente porque sou advogado do senador Roger Pinto, esta foi a razão", disse o advogado. Ele afirmou que a polícia encontrou apenas "roupas usadas".
 
Villamor disse ainda que decidiu suspender sua viagem ao Brasil pois não existiriam "garantias para continuar a viagem".
 
Em entrevista ao jornal boliviano "La Razón", o vice-ministro de Governo, Jorge Pérez, afirmou que a razão do bloqueio de Villamor foi verificar se ele detinha "malas diplomáticas", o que seria irregular, pois ele não é diplomata.
 
"Na lista de passageiro não havia nenhuma pessoa credita como diplomata. Deve-se investigar para determinar se o advogado tem responsabilidade", teria dito Pérez, segundo o "La Razón". Não ficou claro se o controle aduaneiro encontrou ou não as supostas "malas diplomáticas".
 
O advogado Fernando Tibúrcio disse que a alegação sobre as malas diplomáticas surgiu horas depois de a polícia no aeroporto ter concluído que não havia nada que incriminasse Villamor. Ele negou que o defensor boliviano carregasse malas diplomáticas.

05 de setembro de 2013
RUBENS VALENTE e FILIPE COUTINHO -Folha de São Paulo

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