Entre 2000 e 2009, a produtividade do trabalho cresceu 1% ao ano.
Indústria de transformação tem indicador em queda, segundo estudo.
Indústria de transformação tem indicador em queda, segundo estudo.
Entre 2000 e 2009, a produtividade do trabalho cresceu a uma taxa média anual de 1%, segundo estudo sobre a produtividade no Brasil do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O boletim “Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior”, divulgado nesta quinta-feira (5), revela que houve estagnação nos indicadores no período posterior à crise financeira de 2008.
Segundo o estudo, entre 2000 e 2009 a agropecuária apresentou uma taxa média anual de crescimento da produtividade do trabalho de 3,8%, enquanto a indústria extrativa ficou em 2%, índices que evitaram um desempenho negativo da produtividade no período.
O setor de serviços apresentou um crescimento médio anual de apenas 0,6% no período. A queda de 0,8% da produtividade da indústria de transformação mostra as dificuldades do setor no país ao longo da última década, afirma o Ipea.
Os níveis absolutos de produtividade do trabalho na indústria extrativa são muitos superiores aos da indústria de transformação. Mesmo com a crise financeira de 2008, que impactou negativamente os preços das commodities minerais, a taxa média anual de crescimento da produtividade das indústrias extrativas alcançou quase 20% no quadriênio, ao passo que, para as indústrias de transformação, esta taxa não chegou a alcançar 6%.
Produtividade no mundo
Para comparar a produtividade no trabalho no Brasil com outros países, o Ipea usou como indicador a Produtividade Total dos Fatores (PTF), que visa indicar a eficiência com que a economia combina a totalidade de seus recursos para gerar produto.
Para comparar a produtividade no trabalho no Brasil com outros países, o Ipea usou como indicador a Produtividade Total dos Fatores (PTF), que visa indicar a eficiência com que a economia combina a totalidade de seus recursos para gerar produto.
Enquanto a PTF dos Estados Unidos, desde 1960 avançou de forma constante, crescendo 50% ao longo do período, a PTF brasileira cresceu apenas 23% ao longo do período. O processo foi marcado pela subida da PTF mais acelerada que a dos demais países até 1980, seguida de um declínio em 1980 e 1990 e alguma estabilidade em 2000, explica o estudo do instituto.
China e Coreia do Sul apresentam taxas de crescimento da produtividade muito superiores, informa o Ipea. A Coreia do Sul tem expansão relativamente constante, chegando em 2011 com uma PTF 90% maior que em 1960. A China manteve sua PTF estagnada até 1980 e, a partir de então, mostra crescimento extremamente rápido. Ao longo de todo o período, a PTF chinesa cresceu 177%.
“A PTF no Brasil evoluiu muito pouco ao longo dos últimos 50 anos. São fundamentais políticas que ajudem a identificar os entraves ao aumento da produtividade. O desenho destas políticas requer diagnósticos mais aprofundados, incluindo a evolução da produtividade em nível setorial e por firma, diagnósticos de falhas de mercado e aspectos institucionais que impeçam a alocação de fatores para as firmas mais produtivas”, diz o estudo.
PIB per capita
O estudo do Ipea analisa ainda o impacto da baixa produtividade no PIB per capita. Enquanto mais de 90% do crescimento do PIB per capita no período de 1992 a 2001 se deveu ao crescimento da produtividade do trabalho, entre 2001 e 2009 apenas pouco mais da metade do crescimento foi explicado pelos ganhos de produtividade.
O estudo do Ipea analisa ainda o impacto da baixa produtividade no PIB per capita. Enquanto mais de 90% do crescimento do PIB per capita no período de 1992 a 2001 se deveu ao crescimento da produtividade do trabalho, entre 2001 e 2009 apenas pouco mais da metade do crescimento foi explicado pelos ganhos de produtividade.
A entrada de um grande contingente de trabalhadores no mercado de trabalho e o baixo nível de desemprego foram os fatores que explicaram uma parcela significativa do crescimento do PIB per capita no período de 2001 a 2009. Algo entre 30% e 50% do crescimento do PIB per capita pode ser creditado, na última década, ao aumento das taxas de ocupação e de participação no mercado de trabalho, diz o Ipea.
Os pesquisadores do Ipea afirmam que esses resultados sugerem que maiores taxas de crescimento do PIB per capita só serão alcançadas se houver um crescimento da produtividade do trabalho, uma vez que não se esperam contribuições significativas das taxas de ocupação e de participação nos próximos anos.
“Quando se considera que os indicadores do mercado de trabalho revelam que o país praticamente alcançou o pleno emprego e que, por razões demográficas, a taxa de participação tenda a declinar no longo prazo, verifica-se que a sustentabilidade do ciclo de crescimento que marcou a economia brasileira ao longo da década de 2000, requer, a partir de agora, a elevação de seus níveis de produtividade”, diz o estudo.
05 de setembro de 2013
Lilian Quaino - G1
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