Ninguém aguenta, menos ainda os mais novos.REUNIÃO COM JOVENS NO INSTITUTO LULA, 2014; FOTO: RICARDO STUCKERT |
Recentemente, tratei das razões que fazem o povo mais pobre odiar o esquerdismo.
Em essência, é porque o esquerdismo os odeia; ou a seus costumes, hábitos e afins. Hoje, porém, falo dos jovens.
Sim, claro que boa parte da juventude ainda se diz esquerdista e ainda se aproxima do esquerdismo. Mas é um número cada vez menor, e a evasão se observa de forma nítida. Em muitos casos, e eles são cada vez mais comuns, há até mesmo repúdio expresso, com direito a demonstrações cada vez mais evidentes e assunção orgulhosa de postura anti-esquerdista (algo simplesmente impensável na minha época de faculdades de humanas, cerca de vinte anos atrás).
Mas por que isso acontece? Simples. Reposta curta: a esquerda é chata demais e a molecada odeia chatice. Mas vamos à explicação mais longa, também.
Dois outros fatores também são importantes, quais sejam: a perda do caráter transgressor e o abuso da trapaça. Isso influi muito, mas o principal ainda é a chatice. Explicarei rapidamente os dois primeiros, mas o foco aqui é o último.
A perda do caráter transgressor consiste no fato de que, atualmente, a esquerda representa o poder. Até o impeachment, que ocorreu há poucos dias, eles estavam no governo, e isso por mais de 10 anos. Os jovens de hoje nem mesmo SABEM o que é um governo federal não-esquerdista.
Já o abuso da trapaça diz respeito ao monte de malandragens que os militantes adotam achando que darão certo pra sempre, mas em médio e longo prazos (sobretudo com os mais novos) o tiro sai fortemente pela culatra. A produção indiscriminada de fanfics, as narrativas flagrantemente falsas, o uso do “amiguismo ideológico” em espaços da grande imprensa, enfim, tudo isso a molecada vê. E condena. E pega raiva.
Ainda assim, mesmo com esses dois pontos importantes, creio que a chatice ainda fala bem mais alto. É ela que afasta de vez a turma mais nova. Porque, sim, a esquerda é chata demais. Muito chata. Insuportavelmente chata. E aí não tem como alguém gostar, especialmente a molecada.
Imagine-se antes dos seus 20 anos, querendo fazer festa, namorar, rir de boas piadas, beber, ouvir música, viajar etc. Ok. Há uma turma que proíbe ou limita algumas dessas farras, enquanto a outra as estimula e reclama com quem põe barreiras. Durante anos, o papel da “direita” foi o de ser esse bedel; hoje, a esquerda que faz isso.
Tudo é problematizado, tudo precisa ter uma justificativa social, tudo oprime, tudo deve ser “desconstruído”, e assim por diante. Claro que ninguém aguenta. A meia dúzia que enche o saco nas redes sociais faz parecer que sejam muitos, mas a GRANDE MAIORIA não tem paciência para chatices engajadas.
E aí vem uma rapaziada totalmente anti-esquerda fazendo aquele monte de piada que o outro lado acha um absurdo, falando que não tem mesmo que problematizar todas as coisas e que está liberado fazer festa e zueira sem medo de cometer algum sacrilégio ideológico. Não é preciso ser um gênio da psicologia para presumir qual lado atrairá os jovens.
O resto é história.
Pode ser que depois a coisa volte e a esquerda novamente se torne a “legal”. Não duvido e até acredito que aconteça em alguns anos; creio que seja mesmo pendular.
Mas, ao menos por ora, o esquerdismo é chato da paróquia. E por isso a juventude, em sua maioria, passa longe.
19 de outubro de 2016
Fernando Gouveia é co-fundador do Implicante, onde publica suas colunas às segundas-feiras.
Sim, claro que boa parte da juventude ainda se diz esquerdista e ainda se aproxima do esquerdismo. Mas é um número cada vez menor, e a evasão se observa de forma nítida. Em muitos casos, e eles são cada vez mais comuns, há até mesmo repúdio expresso, com direito a demonstrações cada vez mais evidentes e assunção orgulhosa de postura anti-esquerdista (algo simplesmente impensável na minha época de faculdades de humanas, cerca de vinte anos atrás).
Mas por que isso acontece? Simples. Reposta curta: a esquerda é chata demais e a molecada odeia chatice. Mas vamos à explicação mais longa, também.
Dois outros fatores também são importantes, quais sejam: a perda do caráter transgressor e o abuso da trapaça. Isso influi muito, mas o principal ainda é a chatice. Explicarei rapidamente os dois primeiros, mas o foco aqui é o último.
A perda do caráter transgressor consiste no fato de que, atualmente, a esquerda representa o poder. Até o impeachment, que ocorreu há poucos dias, eles estavam no governo, e isso por mais de 10 anos. Os jovens de hoje nem mesmo SABEM o que é um governo federal não-esquerdista.
Já o abuso da trapaça diz respeito ao monte de malandragens que os militantes adotam achando que darão certo pra sempre, mas em médio e longo prazos (sobretudo com os mais novos) o tiro sai fortemente pela culatra. A produção indiscriminada de fanfics, as narrativas flagrantemente falsas, o uso do “amiguismo ideológico” em espaços da grande imprensa, enfim, tudo isso a molecada vê. E condena. E pega raiva.
Ainda assim, mesmo com esses dois pontos importantes, creio que a chatice ainda fala bem mais alto. É ela que afasta de vez a turma mais nova. Porque, sim, a esquerda é chata demais. Muito chata. Insuportavelmente chata. E aí não tem como alguém gostar, especialmente a molecada.
Imagine-se antes dos seus 20 anos, querendo fazer festa, namorar, rir de boas piadas, beber, ouvir música, viajar etc. Ok. Há uma turma que proíbe ou limita algumas dessas farras, enquanto a outra as estimula e reclama com quem põe barreiras. Durante anos, o papel da “direita” foi o de ser esse bedel; hoje, a esquerda que faz isso.
Tudo é problematizado, tudo precisa ter uma justificativa social, tudo oprime, tudo deve ser “desconstruído”, e assim por diante. Claro que ninguém aguenta. A meia dúzia que enche o saco nas redes sociais faz parecer que sejam muitos, mas a GRANDE MAIORIA não tem paciência para chatices engajadas.
E aí vem uma rapaziada totalmente anti-esquerda fazendo aquele monte de piada que o outro lado acha um absurdo, falando que não tem mesmo que problematizar todas as coisas e que está liberado fazer festa e zueira sem medo de cometer algum sacrilégio ideológico. Não é preciso ser um gênio da psicologia para presumir qual lado atrairá os jovens.
O resto é história.
Pode ser que depois a coisa volte e a esquerda novamente se torne a “legal”. Não duvido e até acredito que aconteça em alguns anos; creio que seja mesmo pendular.
Mas, ao menos por ora, o esquerdismo é chato da paróquia. E por isso a juventude, em sua maioria, passa longe.
19 de outubro de 2016
Fernando Gouveia é co-fundador do Implicante, onde publica suas colunas às segundas-feiras.
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