FHC e Merval Pereira, no painel de debates de O Globo |
No painel promovido pelo Globo, com o apoio da Confederação Nacional do Comércio, conduzido por Miriam Leitão e Merval Pereira, edição de terça-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso desenvolveu suas opiniões, sempre brilhantes e inteligentes sobre a reforma política do Brasil, mas sem se distanciar da eterna duplicidade de que se reveste a política, nos seus lances táticos e estratégicos.
Além de FHC, Miriam Leitão e Merval Pereira, acrescentaram contribuição importante os jornalistas Aluizio Maranhão, Alan Gripp, Flávia Barbosa, Agnaldo Novo e Sérgio Fadul.
Fernando Henrique defendeu a redução do número de partidos, são 35 no momento, o retorno das doações de empresas às campanhas políticas, o voto distrital. Abordou as acusações do Ministério Público Federal ao ex-presidente Lula, mas acentuou não desejar vê-lo preso.
Fernando Henrique defendeu a redução do número de partidos, são 35 no momento, o retorno das doações de empresas às campanhas políticas, o voto distrital. Abordou as acusações do Ministério Público Federal ao ex-presidente Lula, mas acentuou não desejar vê-lo preso.
Aí a primeira dualidade. Pois se as acusações forem comprovadas, como estão sendo, o que poderá fazer a Justiça? Absolvê-lo? Inocentá-lo? Ou simplesmente não fazer nada?
A segunda dualidade foi cometida quando FHC, buscando reduzir a dimensão do processo crítico que o país atravessa, sustentou a existência de um “pouquinho de corrupção” no governo de quem o sucedeu no Planalto.
A segunda dualidade foi cometida quando FHC, buscando reduzir a dimensão do processo crítico que o país atravessa, sustentou a existência de um “pouquinho de corrupção” no governo de quem o sucedeu no Planalto.
“Um pouquinho?” Os governos Lula e Dilma bateram o recorde brasileiro nesse campo de atividade ilegal. Seja por ação, seja por omissão. O exemplo do que ocorreu na Petrobrás está aí aos olhos e pensamentos de todos.
NÃO HÁ DÚVIDAS – Se por acaso houvesse dúvida, para esclarecê-la bastaria o recente pronunciamento do presidente da Petrobrás, Pedro Parente, que inclusive integrou a administração tucana e falou seus rodeios sobre os prejuízos da corrupção.
Com inteligência, que ninguém lhe pode negar, ao lado de sua elegância e cultura, Fernando Henrique manteve-se na estrada de mão dupla ao defender a volta das doações de empresas (e de empresários) às campanhas políticas.
NÃO HÁ DÚVIDAS – Se por acaso houvesse dúvida, para esclarecê-la bastaria o recente pronunciamento do presidente da Petrobrás, Pedro Parente, que inclusive integrou a administração tucana e falou seus rodeios sobre os prejuízos da corrupção.
Com inteligência, que ninguém lhe pode negar, ao lado de sua elegância e cultura, Fernando Henrique manteve-se na estrada de mão dupla ao defender a volta das doações de empresas (e de empresários) às campanhas políticas.
Mas fez ressalvas. Para ele, diz o Globo, a empresa não poderia fazer doações a mais de um partido e, mesmo assim, até determinado limite. Não mencionou qual seria, mas apoiou o tema.
Melhor seria, creio eu, que no caso de as doações serem permitidas, elas se tornassem dedutíveis do Imposto de Renda. Neste caso, portanto, seriam de domínio público e refletiriam a verdade dos repasses.
QUAIS DOAÇÕES? – Pois enquanto existiu, a lei permitia que doações fossem registradas na Justiça Eleitoral. Mas quais delas? As doações que se destinaram efetivamente a campanhas ou aquelas que, sob o manto da ilegalidade, foram voltadas para o pesado superfaturamento de contratos, como os da Petrobrás, que alimentaram o sistema desenfreado da corrupção.
Os bens dos corruptos no país, bem como os saldos das contas no exterior, são a melhor prova da torrente que abalou o país e a economia brasileira, além de fomentar as acumulações de capital, às margens do desemprego que leva a população nacional ao desespero, à falta de esperança, a uma ansiedade crescente.
ASSALTO ORGANIZADO – Um pouquinho de corrupção não teria causado esses efeitos, diria FHC. Mas devemos lembrar que desta vez não se trata.............................................. de defeitos da democracia, são reflexos do assalto organizado aos cofres públicos.
De toda forma, é sempre um prazer ler e ouvir FHC, testemunha essencial e capaz de traduzir a realidade brasileira. Até mesmo quando estende a mão a Lula, para, penso eu, que o PSDB tenha mais alternativas para a sucessão de 2018 e não fique apenas com o PMDB de Michel Temer. A dualidade política é o nosso sistema. Que fazer?
19 de outubro de 2016
Pedro do Coutto
Melhor seria, creio eu, que no caso de as doações serem permitidas, elas se tornassem dedutíveis do Imposto de Renda. Neste caso, portanto, seriam de domínio público e refletiriam a verdade dos repasses.
QUAIS DOAÇÕES? – Pois enquanto existiu, a lei permitia que doações fossem registradas na Justiça Eleitoral. Mas quais delas? As doações que se destinaram efetivamente a campanhas ou aquelas que, sob o manto da ilegalidade, foram voltadas para o pesado superfaturamento de contratos, como os da Petrobrás, que alimentaram o sistema desenfreado da corrupção.
Os bens dos corruptos no país, bem como os saldos das contas no exterior, são a melhor prova da torrente que abalou o país e a economia brasileira, além de fomentar as acumulações de capital, às margens do desemprego que leva a população nacional ao desespero, à falta de esperança, a uma ansiedade crescente.
ASSALTO ORGANIZADO – Um pouquinho de corrupção não teria causado esses efeitos, diria FHC. Mas devemos lembrar que desta vez não se trata.............................................. de defeitos da democracia, são reflexos do assalto organizado aos cofres públicos.
De toda forma, é sempre um prazer ler e ouvir FHC, testemunha essencial e capaz de traduzir a realidade brasileira. Até mesmo quando estende a mão a Lula, para, penso eu, que o PSDB tenha mais alternativas para a sucessão de 2018 e não fique apenas com o PMDB de Michel Temer. A dualidade política é o nosso sistema. Que fazer?
19 de outubro de 2016
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário